Depois de um bom tempo no suspense, finalmente apareceu o novo Fiat Uno. Interessante observar os comentários elogiosos de quase todos em um carro que não tem aquela aparência tipicamente moldada para apaixonar, como formato em cunha ou esportivo.
Ele é um carrinho inspirado no estilo caixa que os japoneses já estão acostumados, um city car autêntico. Mas tem um jeitão bem simpático, alto, que cativa realmente.
A Fiat é mestre em apresentar produtos impactantes, como o controverso Multipla, uma minivan com frente baixa, para-brisas saltado e farois logo abaixo dele. Este é um dos segredos de sempre chamar a atenção: ser diferente.
Quando se corre na direção contrária ao fluxo em que todos vão, qualquer coisa que seja diferente chama a atenção e normalmente surpreende positivamente porque nós necessitamos sermos estimulados pelo novo.
E o Uno, com seu jeito bota ortopédica também chama a atenção justamente por aparentar ser quadrado sem, na realidade, ser ao pé da letra. Não há uma única linha reta nele, tudo é levemente curvado e as arestas têm curvas bem acentuadas. Saber trabalhar com linhas retilíneas levemente curvadas e torná-las agradáveis sugere habilidade de quem desenha.
Eu também gostei do carrinho tanto externa, como internamente, mas consciente de que nesta faixa de carro não se pode esperar muita coisa, como tenho visto as pessoas comentando. Na empolgação, os desavisados se esquecem de que é um carrinho pé de boi e cobram um pouco mais de luxo. Evidentemente que essa não é a vocação dele. Mas isto mostra como a Fiat conseguiu êxito em um carro de entrada.
Numa visualização rápida no exterior só tenho duas críticas negativas: a primeira, falsa grade dianteira, com três depressões feitas para parecerem orifícios. Uma pena, porque achei o detalhe assimétrico até interessante visualmente. Acho que nem havia a necessidade de serem falsos, poderiam servir para aumentar um pouco a entrada de ar ou servir para a admissão do filtro de ar, sei lá.
Assim, sem utilidade, fica algo autenticamente kitsch, ou seja, adorno estético absolutamente desnecessário e sem função.
A outra crítica é o friso lateral de uma das versões creio que a Attractive que mais parece uma fita isolante, perdida no centro da enorme depressão lateral. Ficou com um jeito de improviso de última hora. Ao contrário, a versão Way, a mais incrementada com apliques plásticos, ocupa corretamente o vão com um largo aplique plástico no lugar do friso.
A traseira foi claramente feita para lembrar o Punto, com lanternas altas e uma tampa bem parecida.
O painel é simples, mas agradável e bem desenhado no geral. O único problema é a pequena área de mostradores, com tudo misturado, lembrando bastante o primeiro modelo do VW Polo, que foi tão criticado pela dificuldade evidente de leitura. Ainda não posso emitir opinião porque não entrei no carro, mas olhando pelas fotos, parece que não foi uma boa solução. Não é saudável quando o styling se sobressai à funcionalidade.
Enfim, excetuando estas pequenas críticas, um carro feito como deve ser feito, com proporções corretas, boa área envidraçada e um aspecto simpático.