Bertha Benz desempenhou um papel histórico fundamental junto ao seu marido, Karl Benz, para desenvolver e patentear a primeira carruagem sem cavalos, veículo precursor do automóvel de hoje.

História de Bertha Benz

O seu dote no casamento serviu para financiar as despesas com as pesquisas e construção dos protótipos. Ela vinha de uma família de posses, pôde estudar (algo incomum à época), acompanhou de perto o projeto e as dificuldades de construção com os materiais da época. Bertha tinha gosto pela ciência, a mecânica e apreciava compreender como tudo funcionava.

Sua aventura: a primeira pessoa a pilotar uma carruagem a motor

Até ter uma ideia. Sem comunicar o marido, decidiu fazer uma viagem com o triciclo para comprovar sua viabilidade. Logo ao raiar do sol, em 5 de agosto de 1888 aos 39 anos de idade, vestiu-se a caráter, chamou os dois filhos Eugen, de 15 anos e Richard, de 13 para ajudá-la a empurrar silenciosamente o veículo para fora da garagem. Deixou para Karl (adormecido) apenas um bilhete dizendo que iria visitar sua mãe por alguns dias. A distância que separava as cidades de Mannheim, onde residia, e Pforzheim era de 106 quilômetros.

Como não haviam estradas demarcadas, havia de seguir as marcas no chão deixadas pelas carruagens a cavalo. Os dois filhos saltavam do triciclo e ajudavam a empurrar o veículo em trechos um pouco mais íngremes. O motor rudimentar de um cilindro, de dois tempos, 2 cv de potência, duas marchas, tanque de gasolina de baixíssima octanagem e apenas 4,5 litros podia alcançar até 40 km/h em algumas situações, nas descidas.

Pane mecânica na viagem

É claro que houve pane mecânica, porém Bertha, com sua curiosidade e observando como eram superados os problemas anteriores, teve de intervir.

O modelo da viagem era o terceiro protótipo. Quando o motor parou de funcionar, não contava com nenhuma ferramenta. Mas tirou do seu chapéu um grampo e desentupiu o que podia ser chamado de um simulacro de carburador. Em seguida, usou uma liga de sua meia para isolar um precário cabo de ignição. Assim, o motor voltou à vida já dentro do rústico vilarejo de Wiesloch.

Era necessário reabastecer e na única farmácia do povoado encontrou o solvente ligroína usado para tirar manchas de roupas. Comprou todo o estoque de 10 litros para garantir uma reserva até o destino final.

Ainda nesta aventura ela teve a ideia de forrar com couro a alavanca de madeira que servia de freio para as rodas traseiras. A capacidade de desaceleração melhorou e anos depois um princípio semelhante foi usado nos primeiros freios a tambor.

E, assim, chegou ao destino: depois de 12 horas de superação, pouco antes do anoitecer. Passou um telegrama para Karl sobre o sucesso de sua empreitada. A viagem de volta depois de alguns dias foi feita por uma rota um pouco mais curta e já acompanhada por jornalistas ao longo do percurso que deram publicidade ao fato inédito. No total foram percorridos 180 km.

O engenheiro Karl Friedrich Michael Benz registrou sua patente em 29 de janeiro de 1886 e a fama logo se espalhou pela Europa, onde conseguiu vender as primeiras unidades.

Ao decidir escrever suas memórias, em 1925, destacou: "Apenas uma pessoa permaneceu comigo no pequeno navio da vida quando este parecia destinado a afundar. Essa era minha esposa. Corajosa e resolutamente ela desfraldou as novas velas da esperança”. O casal teve mais três filhas mulheres. Ele faleceu em 1929, mas Cäcilie Bertha Benz viveu até 1944 com 95 anos.

Outros personagens na história do automóvel

Também na Alemanha outro pioneiro, Gotlieb Daimler, focou sua atenção em motores a gasolina. Primeiramente o aplicou numa motocicleta e depois num quadriciclo, ainda em 1886, alguns meses depois de Benz.

Vendeu o que seria considerado seu primeiro automóvel em 1892. Sem que nenhum dos dois pioneiros se conhecessem, suas firmas se fundiram em 28 de junho de 1926 com o nome de Daimler-Benz, depois rebatizada de DaimlerChrysler, Daimler AG (S.A.) e no ano passado Mercedes-Benz Group AG, sediada em Stuttgart.

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