Vale a pena carregar o carro elétrico em estacionamentos?

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O dono de carro elétrico hoje no Brasil ainda desfruta de uma certa áurea de cliente VIP quando o assunto é utilização das vias públicas e estacionamentos no Brasil.  

Assim como um portador daqueles cartões de crédito cheio de benefícios, o motorista de um modelo 100% elétrico tem vantagens práticas no dia a dia que vão desde a isenção do rodízio na cidade de São Paulo até vagas em locais privilegiados em shopping centers, por exemplo. 

Mas será que vale a pena usar o carro elétrico para recarregar em estacionamentos? Para responder esta pergunta, a reportagem de iCarros passou uma semana com o novo Renault Kwid e-Tech, modelo mais popular da marca francesa que é 100% elétrico e é presença constante na classificação de qual é o carro elétrico mais barato do Brasil. 

Em fevereiro de 2023, o valor do Renault Kwid e-Tech é de R$ 146.990, preço que rivaliza com o do Caoa Chery iCar dependendo do mês de pesquisa – podemos considerar que é quase um “empate técnico” neste caso, já que as próprias montadoras se utilizam de promoções momentâneas para conseguir este status de “carro elétrico mais barato do Brasil”. 

É claro que os preços ainda precisam se popularizar em nosso País, mas a grande vantagem do modelo eletrificado no Brasil é que, justamente por ser um ainda mercado pequeno, ele traz ao seu motorista aquele status VIP quando o assunto é estacionar o carro. 

Um bom exemplo acontece no Kartódromo Granja Viana, em Cotia, região metropolitana de São Paulo. No sábado, durante a primeira etapa da Copa São Paulo de Kart, conseguimos a privilegiada vaga logo ao lado da recepção em um estacionamento que estava praticamente lotado – havia fila de espera para o estacionamento principal (o secundário fica a cerca de 200 metros do kartódromo). 

Além da localização, a vantagem foi carregar a autonomia da bateria, que já estava em 49%. Em quatro horas, o carregamento já foi total, saindo de lá com 100% da bateria e sem pagar pela energia, oferecida como cortesia do kartódromo. Ah, sim, o estacionamento custou R$ 12 no período, mas note que este também seria o custo caso o meu carro tivesse com motor a combustão. 

Outro benefício de ter carro elétrico foi na visita ao shopping no domingo. Dia de ir com a esposa e a filha ao teatro: chegamos bem em cima do horário da peça e as vagas de estacionamento já estavam praticamente lotadas em todos os andares.  

Mas eis que as vagas especiais para carro elétrico aparecem como um cantil de água no deserto. E com um detalhe: só restava uma totalmente desocupada. Foi ali mesmo onde estacionei (confesso que imaginava que elas estariam bem menos disputadas) 

No Shopping Villa Lobos, por exemplo, o motorista de carro elétrico também não paga pela recarga. No estacionamento no Kartódromo Granja Viana, eu apenas abri a frente do capô para plugar o cabo de energia e já iniciar a recarga (no caso do Renault Kwid e-Tech, ele te mostra no painel o andamento do carregamento da bateria em porcentagem: 50%, 51%, 52%…). 

Já no caso do shopping, era preciso baixar um aplicativo no celular (App Tupinambá), mas com interface bem amigável e de forma bem simples e didática. Até imaginei que isso poderia gerar um custo, mas eis que ao final da recarga a mensagem vem no celular de quantos kWh você carregou no tempo de permanência (2 horas e 45 minutos no meu caso) a um custo... grátis!  

Música para os ouvidos deste jornalista – e confirmando a nossa teoria que o tratamento VIP ao dono de carro elétrico é uma realidade, até porque achar uma vaga em um shopping center em São Paulo num domingo chuvoso à tarde já seria uma missão complicada, ganhando ainda a recarga como bônus foi melhor ainda. 

É verdade que o pagamento do estacionamento é o mesmo da tabela do carro a combustão, mas, se você considerar o custo do KWH em São Paulo (cerca de R$ 1), você pode até completar a total autonomia da bateria do Kwid com R$ 30. Ou seja, seu estacionamento pode sair até “de graça” considerando a economia de energia. 

Mas é claro que nem tudo são boas notícias. No próprio exemplo do shopping, as vagas para carros elétricos já estavam bem concorridas – eu só consegui pegar a última por estar com um carro compacto, já que ela era bem junto a pilastra e estava apertada pelo vizinho com um grande SUV. 

E outra: quanto mais popular o carro elétrico ficar, mais difícil será este “subsídio” de energia. Afinal, não dá para imaginar um shopping center com 2.000 carregadores dando grátis energia assim tão facilmente, não é mesmo? 

Por isso, o veredicto é que, em 2023, ainda vale a pena usar o estacionamento para carregar o carro elétrico, seja em shoppings, eletropostos, comércios etc. Aproveite agora a sensação de ter tratamento diferenciado no trânsito em São Paulo. Até porque esta sala VIP está com cara de que vai encher em breve. 

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