07/08/2015 - Thiago Moreno / Fotos: Hugo Motter e Thiago Moreno / Fonte: iCarros
Quando a Honda apresentou a nova família de 500cc, ainda 2014, surgiram três modelos: a 500F (naked), a 500R (esportiva) e a 500X. A última foi a maior novidade, pois tornou mais acessível um estilo de motocicleta ainda pouco conhecido no Brasil: crossover. Esse tipo de veículo, assim como acontece com os carros, mistura conceitos diferentes na mesma moto. Em tese seria uma moto que faz um pouco de tudo. Com cara de trail e motor e chassis compartilhados com as “irmãs” mais esportivas, a CB 500X tem tudo para comprovar essa teoria e custa hoje R$ 24.624 (R$ 26.198 com freios ABS).
Então não há jeito melhor de colocar toda essa tese em prática do que rodar. O iMotos levou a moto numa jornada de mais de 2.000 km entre as cidades de São Paulo (SP) e Campo Grande (MS). Nesse longo trajeto a CB 500X sem ABS mostrou até onde uma crossover vai e, principalmente, onde ela não vai. Confira!
A moto
O propulsor da Honda tem 471 cm³ de capacidade, dois cilindros paralelos, comando duplo de válvulas no cabeçote e refrigeração a líquido. Conjunto que entrega 50,4 cv e 4,6 kgfm de torque. O câmbio é de seis velocidades. Com um tanque de 17 litros (um a mais que nas 500F e R) e um pequeno para-brisa, a 500X é a que tem a maior vocação para viagens longas. O assento fica 810 mm do solo e é largo, o que pode prejudicar os pilotos mais baixinhos, mas é consequência de sua suspensão de curso maior. A moto tem ainda 2,1 m de comprimento, 1,4 m de entre-eixos e 0,8 m de largura. Seu peso é de 196 kg.
A viagem e o processo de descoberta da CB 500X
Antes de dar a cara a tapa e ir sozinho, o iMotos se juntou ao Alados do Asfalto Moto Grupo de São Paulo (SP) para encarar o longo percurso. Logo de cara a CB 500X se destacou em meio às custom que fizeram companhia. Suzuki Savage 650, Honda Shadow 600 e uma Harley-Davidson Sportster 883 Custom foram as "acompanhantes".
Quem viu a moto gostou do visual e da posição de pilotagem, com braços e pernas levemente dobradas e coluna ereta. As alças de apoio para o garupa têm ganchos para ajudar na fixação da bagagem e foram úteis durante toda a viagem.
Ainda dentro da capital paulista a CB 500X se mostrou ágil nas acelerações e nas mudanças de direção. Teve fôlego não só para acompanhar as demais motos como também para as superar. Arrancando nos semáforos, atenção constante com a embreagem, pois era fácil tirar a roda dianteira do chão.
O trecho inicial se deu pela Rodovia dos Bandeirantes, com boa pavimentação e sinalização. Na sequência, a trupe seguiu pela Rodovia Marechal Rondon, que tem menos faixas de rolagem, mas asfalto impecável. O único porém ficou para as constantes praças de pedágio. No trecho próximo à Guaiçara (SP) passamos três pedágios antes de ver um posto de gasolina.
Nessa primeira parte da viagem, de cerca de 700 km, havia sido programado um pernoite já em Três Lagoas (MS). Pode parece muito, mas o banco e o para-brisas da CB 500X fizeram a diferença e cansaram menos o piloto do que as estradeiras.
Outra vantagem da crossover sobre as custom foi o consumo e a consequente autonomia superior. Nesse primeiro trecho a moto fez entre 25 e 27 km/l, sempre em regime rodoviário, o que lhe dava capacidade para rodar mais de 350 km com um tanque. Mas as demais, principalmente as ainda carburadas, tinham pouco mais de 150 km de autonomia. Então as paradas em postos para abastecimentos também foram constantes.
A última cidade do estado de São Paulo foi Castilho, onde a usina hidrelétrica de Jupiá faz a divisa com Mato Grosso do Sul. Ali, a primeira parada obrigatória para fotos, pois a paisagem formada pela represa era bela demais para passar em branco. E a foto junto à placa de divisa foi mandatória.
Dali até o centro de Três Lagoas (MS) já foi o suficiente para termos uma mostra do que nos esperaria. A estrada, que veio duplicada até então no trecho paulista, se tornou simples, esburacada e mal sinalizada.
E bastou virar uma esquina para fora da principal avenida da cidade sul-matogrossense para encararmos ruas de terra. O que não foi para as estradeiras, longe de suas zonas de conforto. A CB 500X encarou muito bem a mudança, mas os pneus da moto são voltados para o asfalto e têm aderência menor na terra batida. Como descobrimos? Caindo, claro.
Passado o susto, o grupo dormiu, pois ninguém recomendou prosseguir a viagem diretamente a Campo Grande (MS) de noite. De Três Lagoas (MS) até a capital mato-grossense-do-sul eram menos de 300 km e achamos que chegar até lá durante o dia seria tranquilo, já que os 700 km percorridos no dia anterior não desgastaram demasiadamente nenhum dos pilotos.
Ledo engano. A BR-262, sempre com pista simples, estava em péssimas condições em alguns trechos. Buracos, desníveis e falta de acostamento eram constantes. Mas placa "Pista com defeitos" estava lá. Outro fato que piorou a experiência foi a falta de respeito dos caminhoneiros, que forçavam ultrapassagens em locais proibidos e raramente respeitavam os limites de velocidade. Não ser pedagiada não era desculpa para o que encontramos no caminho. E o número de postos de abastecimento também caiu.
As consequências vieram em forma de maior tempo perdido. Demorou-se o mesmo do primeiro trecho no segundo, apesar de a distância ser praticamente a metade. Com frenagens e retomadas constantes para desviar de animais na pista, caminhões, buracos e restos de pneu, Honda registrou a sua pior média de consumo de toda a viagem: 23 km/l. Por sorte, os amortecedores de maior curso da CB 500 X conseguiram absorver os impactos sem prejudicar a estabilidade. As estradeiras, mais pesadas e duras, penaram nesse trecho e não era difícil ver uma delas tirando as duas rodas do chão depois de atingir um buraco.
Após um dia visitando a capital do Mato Grosso do Sul para um encontro local de motociclistas, começamos a viagem de retorno. Apesar de termos sido avisados do contrário, iniciamos o trajeto de volta até Três Lagoas (MS) no final da tarde, contando que haveria luz do dia suficiente.
Mas a noite caiu rápidamente e a escuridão da estrada forçou uma diminuição do ritmo. Agora imaginem todos os empecilhos da ida sem visibilidade. Por sorte a CB 500X usa lâmpada de 55W nos faróis, o que ajudou a amenizar a situação.
Mas o retorno ainda teve outro susto. Alguns dos postos que vimos na ida já estavam fechados na volta. Por sorte, o ritmo mais lento ajudou no consumo das motos e todos chegaram bem à última cidade do Mato Grosso do Sul.
Apesar da chuva no dia seguinte, que fez de um simples saco de lixo o melhor amigo das bagagens, o retorno até a capital paulista foi tranquila e, com as pistas em melhores condições, ninguém reclamou mais dos diversos pedágios da Marechal Rondon.
Sabedoria de 2.074 km
Essa foi a quilometragem do total que o iMotos rodou com a Honda CB 500 X. E o que deu pra tirar desse aprendizado? Primeiro: o conforto e a autonomia na estrada qualificam a crossover da marca como uma boa escolha para longas distâncias, desde que elas sejam asfaltadas.
Na terra, a moto sentiu falta de pneus mais voltados para esse uso e de proteções para o radiador e o amortecedor traseiro, que ficaram impregnados com barro. No final da viagem, a moto chegou com o nível do óleo no mínimo recomendado.
Porém, ágil na cidade e boa de estrada, a CB 500 X mostrou que uma crossover pode realmente fazer (quase) tudo.
Dicas para viagens longas de moto
Troque óleo e filtro antes de partir - Dependendo da distância, será necessário efetuar as trocas no meio do caminho. Confira no manual a periodicidade.
Cheque itens de maior desgaste antes de sair - Confira o estado das pastilhas de freio, luzes e pneus. A documentação tem que estar em dia.
Pedágios - Lembre-se que no caminho pode haver pedágios também para motos. Deixe o dinheiro em local de fácil acesso, como nos bolsos da jaqueta. Se você souber exatamente quais serão os pontos de pagamento e o valor de cada, separar o valor em moedas e organizá-las com ajuda de fita adesiva agiliza o processo. Se estiver em grupo, vale deixar o dinheiro com apenas um membro, que efetuará o pagamento para todos.
Peças extras - Quanto maior a distância da viagem, maior a chance de algo quebrar. Itens como lâmpadas, cabos, velas e corrente têm desgaste natural. Para não ficar no meio da estrada vale levar um kit de ferramentas básico e peças sobressalentes.
Viaje em grupo - Quanto maior a distância, maior a importância de se viajar em grupo. Seja para distribuir melhor as bagagens ou apenas para ter mãos extras caso algo dê errado, ter companhia na estrada é a maneira mais segura de se percorrer grandes distâncias.
Autonomia do tanque - Cuidado com os abastecimentos. Quanto mais se afasta dos grandes centros, maior fica a distância entre os postos de abastecimento. Não espere a moto bater reserva para completar o tanque. Nos trechos do Mato Grosso do Sul, por exemplo, era comum a distância entre os postos ser maior que 150 km.
Viagem noturna - Se a viagem for muito longa, planeje paradas no meio do caminho para não ter que rodar a noite, principalmente se você não conhecer a estrada. A iluminação das vias foi inexistente em boa parte do trajeto e a escuridão escondeu diversos perigos como buracos, animais na pista e detritos de pneus de caminhões espalhados na estrada.
Não espere respeito - Além de estradas de pista simples e manutenção pobre, viagens longas para locais afastados exigem cuidado também com os caminhões. Poucos respeitam os limites de velocidade, os locais de ultrapassagem ou até mesmo a sua presença.
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