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Sonha em ser piloto de F1 por 1 dia? Na França é possível

Fomos até Paul Ricard, palco do GP da França, para pilotar um carro da categoria mais importante do automobilismo

20/07/2022 - Rodrigo França, em Paul Ricard (França) / Foto: acervo pessoal / Fonte: iCarros

O espaço apertado é apertadíssimo, o carro não para de tremer, tem dez anos de uso e tudo que você terá direito é cinco minutos dentro dele. E, ao final da experiência, ainda vai dizer: foi a melhor experiência que tive ao volante em minha vida!

Afinal, você está realizando o sonho praticamente universal de pilotar um carro da categoria mais rápida do planeta, a F-1. E se você pensa que isso só é possível para os afortunados jornalistas da área de automobilismo, saiba que está enganado.

A experiência é aberta para “mortais” como eu e você no circuito de Paul Ricard, na França, que recebe a F1 neste final de semana. Primeiro, vou te contar como é a experiência.

E você não leu errado: você acelera na mesma pista onde Charles Leclerc, Max Verstappen e Lewis Hamilton brigam pelo pódio. É como ser piloto de F1 por…. um dia!

No meu caso, tive a grata missão de fazer o teste a convite da Renault alguns anos atrás, para o que, segundo descritivo do próprio programa da equipe , “mudaria para sempre a maneira como você vê uma corrida de F-1”.

A primeira grande vantagem de dias de pilotagem como este é democratizar o acesso a um carro no qual um universo muito restrito de pilotos consegue colocar as mãos em seus cobiçados volantes.

“Mesmo tendo feito anos e anos de carreira, do kart às fórmulas de acesso, como GP2 ou F3, há muitos profissionais excelentes que jamais chegaram perto de andar em um carro”, explica Scott Mansell, um dos instrutores da Lotus Renault em Paul Ricard e que foi praticamente meu chefe de equipe durante os meus cinco minutos de fama como piloto de F-1 na França.

Ele mesmo foi um piloto de Indy Lights (sem parentesco com o famoso Nigel, ele esclarece) e que hoje ensina cidadãos comuns como eu e você a como domar um carro de 800 cavalos de potência com apenas um dia de curso.

Parece irresponsável, mas quando chega a minha vez de acelerar noto que, embora a adrenalina esteja a mil (afinal, vou pilotar um F-1!), tudo é feito para que as coisas saiam exatamente como o esperado: você com um sorriso de orelha a orelha – e, claro, o carro de F-1 de volta ao box inteiro.

Ter um chefe de equipe é apenas um dos “mimos” que o piloto por um dia recebe. O dia começa com sessões de fisioterapia, que também te prepara o líquido especial que os pilotos bebem para se hidratar – e, claro, aproveitar para fazer propaganda de energéticos nas transmissões para 200 países. Claro que, no meu caso, fiquei o tempo todo com a garrafinha na mão só para manter o estilo...

Outro detalhe fundamental é que, antes de te lançar em um F-1, o programa inclui duas sessões de cerca de 30 minutos cada em um Fórmula Renault ou F4 – ou seja, um fórmula de categoria de acesso.

Primeiro, você sai atrás de um veloz carro de rua. O instrutor te mostra as linhas de tangência e fica mais fácil de visualizar os cones na pista que ajudam na referência de freadas e pontos de entrada, contorno e saída de curva. Muito parecido com o que acontece em cursos de pilotagem, que havia feito um ano antes.

Aliás, isso é uma dica que faz todo o sentido: fazer um curso no Brasil é um ótimo preparativo para se preparar melhor na hora de chegar em um F-1.

Até mesmo a experiência de corridas de kart me ajudou – e isso ficou claro quando, na segunda sessão com o F-Renault, no qual todos andamos sozinhos, o meu “engenheiro” trouxe a telemetria e disse: “bom trabalho, tenho certeza de que você já tem experiência prévia de pilotagem”.

Mais do que marcar o melhor tempo entre todos os pilotos que estavam andando naquele dia, ele notou que conseguia desenvolver aceleração plena nos trechos rápidos e brecar com eficiência o F-Renault, atingido mais de 200 km/h na mítica reta Mistral, que foi por alguns anos a mais rápida da F-1 (hoje se usa apenas metade de sua extensão original).

Outra vantagem da experiência prévia é que você pode focar apenas no aprendizado de como guiar um fórmula, que é bastante diferente de um carro de rua ou mesmo de competição.

E os 30 minutos guiando sozinho formam o melhor momento para o dia de piloto em termos de aprendizado, pois o carro é bastante “na mão” (ou seja, você consegue colocá-lo onde quer na pista, sem ser muito arisco) e o deixa mais confortável quando chega-se no F-1 que, embora seja a parte mais curta, obviamente é o auge do seu dia.

O meu foi às 16h de uma tarde ensolarada em Paul Ricard. O momento em que você é chamado a sentar no carro e dão o OK para você ir para a pista faz você sentir a ansiedade de como quem vai largar para decidir o título da F-1 (não ria, isso acontece mesmo!). Eles até preparam o “ritual” como uma largada: promotoras de guarda-chuva pra te proteger do sol, mecânicos ajustando o carro, seu engenheiro ali passando as últimas dicas...

Nos minutos finais antes de acelerar, converso com meu “chefe de equipe”, que me relembra de como sair com o carro. Algo bem difícil e cuja prática a gente faz em um cockpit separado para já chegar treinado no F-1.

Hora de ligar o motor. Faço aquele sinal típico com a mão girando (nem precisava, mas faz parte do show). O barulho é ensurdecedor – no bom sentido.

A embreagem, muito dura e de cursor curto, precisa ser muito bem acionada, com o motor mantendo o mesmo giro. Saio de primeira e sem engasgar, o que em si já é uma grande conquista – até o Nicolas Prost (este sim, filho do tetracampeão Alain), com quem dei uma volta no F-1 de dois lugares, deixou o carro morrer naquela tarde.

Nas primeiras curvas, como quem se aproxima de uma grande fera, vou de mansinho, esperando entender seu comportamento. Havia um detalhe: se eu rodasse, minha experiência de F1 acabaria por aí. As duas voltas completas são só para quem consegue domar a fera. Chego na reta Mistral e consigo engatar a sexta marcha, aceleração plena e adrenalina a 1000 km/h. Em apenas seis segundos, ele faz de 0 a 200 km/h!

Nas curvas seguintes, abuso um pouco mais e já antes da primeira volta confesso que o volante (sem direção hidráulica) já incomoda o braço. Recebo a bandeirada e, com ela, a vontade de acelerar mais. Após a reta do box, frito até os pneus! “isso é bom, sinal de que você está no limite”, me disse Mansell – não esperaria outra reação deste sobrenome.

E, já sem tanto medo do carro, vou ao meu limite na reta Mistral e chego a 270 km/h na reta – fiquei sabendo depois pela telemetria, nem conseguiria enxergar nada no volante, porque a cabeça não para de mexer. Impressionante como cada mini ondulação vira uma montanha russa no carro – nunca mais vou chamar de fresco os pilotos que reclamam dos autódromos.

Trago o carro inteiro para os boxes. Desligo o motor e deixo ele rolar para chegar glorioso de minhas duas – e até aqui únicas – voltas como piloto de F-1. Minha missão está cumprida e comemoro como se aquele título mundial tivesse sendo vencido. Uma fantasia de criança, claro, mas não é disso que em muitos momentos se trata a vida, afinal?

Ah sim, agora vem a parte difícil: o custo. Atualmente, este programa tem preço de 9.900 euros no site oficial da escola de pilotagem de Paul Ricard: winfieldracingschool.com

São cerca de 10 datas por ano: em 2022, há datas disponíveis em setembro e outubro. Com o câmbio de julho de 2022, este sonho custa cerca de R$ 54.000 – se incluirmos os custos de viagem, é quase o preço de um FIAT Mobi 0km.

É, nem por um dia é fácil ser piloto de F1. Mas lembre-se: na humanidade, mais pessoas foram ao espaço do que pilotaram um carro como este. E, para alguns sonhos, certamente o esforço de juntar cada centavo vai te fazer sorrir ao final daquelas voltas em Paul Ricard.

 

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