Pietro Fittipaldi revela bastidores de sua estreia na F1

Piloto brasileiro contou detalhes de sua trajetória para chegar à F1 e os planos para o futuro em entrevista ao iCarros

23/01/2021 - Luca Machado e Rodrigo França / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros

No final do ano passado, Pietro Fittipaldi se tornou o 32º segundo piloto brasileiro a correr na principal categoria do automobilismo mundial: a Fórmula 1, onde seu avô Emerson fez história com dois títulos mundiais.

Além disso, seu tio avô, Wilson, e seu primo, Christian, também correram na F1 e, agora com Pietro, o clã Fittipaldi é o mais numeroso a ter participado de corridas na categoria, com quatro no total.

Após o tenebroso acidente de Romain Grosjean no Grande Prêmio do Bahrein, no qual o francês teve fortes queimaduras nas mãos e escapou por pouco de um carro flamejante após a batida, Pietro ficou em ‘stand-by’ para correr, já que é piloto de testes da Haas desde 2018.

Sem a garantia, no entanto, de que entraria no lugar de Grosjean, Pietro admitiu um ‘frio na barriga’ quando foi chamado pelo chefe de equipe Guenther Steiner para uma reunião.

“Eu tinha acordado 9h30 porque eu estou acostumado a acordar sempre mais cedo. Eu acordei, estava no quarto (do hotel) e era segunda-feira. Às 10h da manhã eu recebo uma mensagem do Guenther (Steiner), ele me falando para ir pra pista, que daqui meia hora ele ia estar lá e queria fazer uma reunião comigo”, contou Pietro na última quinta-feira (14), em entrevista ao programa Velocidade iCarros.

“Eu fui na expectativa, mas eu não sabia. Eu estava com aquele frio na barriga, eu falei – cara, pode ser agora que ele vai me falar que eu vou pilotar”, revela o brasileiro, que acumula quatro títulos nas ‘categorias de base’ da F1, incluindo World Series e F-Renault.

No encontro com Guenther, Pietro teve que responder a duas perguntas do chefe de equipe italiano. “Estava eu, ele e o Stewart, que é o assessor de imprensa da equipe. Aí eles estavam lá e ele olhou para mim e falou – ‘Pietro, você está preparado?’. Eu falei, ‘é, estou preparado’. Ele falou – ‘não, você precisa falar que você nasceu preparado’. Falei, ‘beleza, Guenther, eu nasci preparado’. E ele falou, ‘bom, é que você estará correndo neste final de semana’”, conta Pietro.

Pietro impressionou a equipe e recebeu elogios de seu engenheiro no rádio após a primeira corrida.

Na prova seguinte, em Abu Dhabi, o brasileiro seguiu evoluindo e fez a oitava melhor volta do grid com a Haas – feito que deve ser comemorado, já que a equipe americana terminou a temporada de 2020 na penúltima colocação entre os construtores, à frente apenas da Williams, que não pontuou.

Com um caminho ‘não-usual’ para chegar à F1 – sem passar por F3 e F2, por exemplo -, Pietro também comentou sobre as dificuldades de patrocínio para os pilotos brasileiros nas categorias de base da F1.

“E de fora parece que é fácil fazer, mas é difícil. E não é que a oportunidade não está lá. Eu tive a oportunidade de correr na F2, mas todo piloto que está na F2, ou quase todos, precisam levar um apoio financeiro. E é muito dinheiro. Todos os pilotos lá levam apoio”, diz Pietro.

“Todos os outros pilotos levam 2, 2,5 milhões de euros por ano para correr lá. E para achar esse apoio financeiro todo ano, sem nenhuma garantia, é muito difícil. Então fomos fazendo nosso melhor com o apoio que a gente teve, que já foi um apoio muito grande, que me ajudou muito e me deu a oportunidade de correr na Europa. Fomos fazendo o melhor e graças a Deus, no final, tivemos a chance de poder chegar na F1 e poder representar o Brasil lá”, afirma.

Para este ano, no entanto, Pietro não sabe qual será seu destino, apesar de admitir que existam negociações para correr na Indy. “Não temos nada fechado, mas estamos falando com algumas equipes da Indy. Tem poucas vagas agora, mas ainda existem algumas vagas boas, que valem a pena correr”, diz Pietro.

“Estamos tentando fechar patrocínio para correr na Indy, que é um negócio importante e que não é fácil. A gente tem os nossos parceiros que estão com a gente há muito tempo, mas claro, precisamos de apoio para poder correr na Indy, então estamos trabalhando nisso”, completou.

O programa Velocidade iCarros acontece semanalmente em conversas ao vivo no Facebook e no YouTube. A entrevista completa pode ser conferida abaixo.