01/11/2019 - Rodrigo França / Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros
A mudança de regras na F1 não chega a ser novidade, tanto que o regulamento de 2014 trouxe a revolução dos motores híbridos com o domínio da Mercedes encerrando a fase de conquistas da Red Bull.
Mas o novo pacote anunciado para 2021 pelas autoridades do esporte na véspera do GP dos Estados Unidos, que será disputado neste domingo em Austin, mostra que desta vez a briga não é apenas para mexer em partes técnicas do carro. A luta é para salvar a F1 da extinção.
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Isso porque o apelo aos mais jovens e a novos mercados, como o próprio norte-americano, é uma das grandes justificativas para mexer em algo sensível na F1: o bolso. Como a própria categoria explicou em suas redes sociais, é natural a concentração de riqueza neste esporte. Como é muito caro, as equipes investem milhões para desenvolver o carro.
Aquelas que gastam mais tem mais performance. Logo, aparecem mais na mídia e assim ganham mais patrocinadores e também a premiação em dinheiro ao final da temporada. E assim a distância das equipes grandes para as menores fica cada vez maior. Tanto que nos últimos anos o público já se acostumou a ver a F1 A com apenas os seis carros de Mercedes, Red Bull e Ferrari e a outra F1, a B, com as sete outras equipes.
Menos gastos, mais emoção
O teto orçamentário de 175 milhões de dólares não vai influenciar os custos de times como Williams e Haas, por exemplo, citando as duas últimas colocadas no Mundial de Construtores, justamente as duas que tem menor investimento na categoria. Mas coloca um limite nas três maiores, que gastam quase o triplo do teto.
Haverá redução de um dia de atividades oficiais (na quinta, que já não tinha evento na pista) e também o salário de pilotos, grandes dirigentes e os gastos de marketing seguem liberados.
A inspiração vem de esportes norte-americanos: nunca é demais lembrar que os donos da F1 são dos EUA e de um grupo de mídia, o Liberty Media. Por mais capitalista que o País seja, eles sabem que para os negócios esta divisão mais justa de bens traz mais torcedores – e logo, mais lucros para todos os envolvidos. A prática de teto orçamentário é comum na NBA, NFL e outras ligas, que inclusive ajudam os times menores a terem a chance de pegar os talentos da divisão de base nos “drafts”.
Na F1, isso já acontece com os times pequenos revelando grandes estrelas: Michael Schumacher começou na Jordan, Ayrton Senna na Toleman, Sebastian Vettel na Toro Rosso, Charles Leclerc na Sauber… Mas a categoria também quer estimular a presença de jovens talentos garantindo que eles participem de pelo menos duas sessões de treinos livres na sexta-feira.
Novas regras vão manter essência da F1
Na parte desportiva, não houve a aprovação das chamadas ideias “ousadas” como grid invertido, que, segundo especialistas, tiram a essência da F1 – que em seu próprio nome dá a origem da competição com os carros mais velozes (os então chamados “fórmula 1”) e, que por isso mesmo, acabam atraindo os melhores pilotos e melhores equipes. Criar artificialidades contra esta essência pode mesmo ser um problema maior ao invés de uma solução.
Por isso, a novidade veio mesmo na parte técnica, cuja aerodinâmica vai permitir mais disputas. Não houve muita novidade em relação ao que já era especulado, inclusive em reportagem que iCarros adiantou há alguns meses.
Você pode ler o conteúdo sobre os novos carros para 2021 no link a seguir:
O futuro da F1: novos carros estreiam em 2021
A ideia é promover carros que permitam mais ultrapassagens, sejam mais robustos (e assim estimulem a briga na pista, sem ficar quebrando asas ou furando pneus ao menor torque) e iniciar um caminho da F1 para um esporte mais sustentável. O visual dos carros também vai agradar aos fãs mais antigos, já que terá um visual próximo ao dos anos 1980 e 1990, considerado por muitos o auge da disputa do esporte. Os pneus também ajudarão a criar este novo visual:
F1 de 2021 estreia na pista com novos pneus Pirelli
Se o novo pacote de regras vai funcionar, talvez apenas os primeiros GPs da temporada 2021 poderão indicar com precisão. Mas o mais importante foi ver que a F1, com seus dirigentes e equipes, já percebeu que o futuro do esporte precisa passar por uma renovação – mas preservando seu DNA como a mais importante competição do automobilismo mundial.
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