01/02/2021 - Rodrigo França / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros
Um piloto “comprar” com muito dinheiro sua vaga na maior categoria do mundo, a F1, é algo que existe desde o primeiro campeonato mundial, em 1950.
E ficou mais célebre sobretudo com o maior alcance global da categoria, nos anos 1970, com a exposição publicitária permitindo que as equipes pudessem cobrar cada vez mais caro por seus assentos.
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Até aí, nenhum problema: grandes campeões do mundo chegaram assim na F1. Niki Lauda, por exemplo, pegou dinheiro de um banco austríaco para garantir sua estreia. Até Michael Schumacher teve a Mercedes desembolsando cerca de US$ 300 mil para a Jordan o colocar no GP da Bélgica de 1991 – o resto foi história.
Mas a situação chegou num patamar tão absurdo que agora os pilotos não apenas compram suas vagas: compra o time inteiro!
Em 2021, nada menos que 30% das equipes terá em seu grid como dono ou sócio um pai bilionário que colocou seu filho no cockpit: Lance Stroll na Aston Martin, Nicholas Latifi na Williams e, mais recentemente, o estreante russo Nikita Mazepin, na Haas.
E foi justamente o caso do russo que acendeu o alerta vermelho para a situação que pode colocar o futuro da F1 enquanto esporte em risco.
Sua estreia foi bastante criticada por suas atitudes dentro e sobretudo fora das pistas – ele postou fotos assediando uma adolescente em redes sociais. A publicação foi apagada, mas o histórico de comentários racistas e de comportamento agressivo criaram até uma mobilização para que o time tirasse Mazepin do assento em 2021.
Mas como tirar alguém que é praticamente “dono” de parte do time? É aí que o problema dos filhos de bilionários fica maior. Por muito pouco, Sergio Perez não fica a pé em 2021 – mesmo tendo feito sua melhor temporada na F1 em 2020, inclusive vencendo seu primeiro GP.
Isso porque a equipe Racing Point se tornou Aston Martin e quis contratar o tetracampeão mundial Sebastian Vettel. Excelente, certo? Sim, mas qual seria a escolha natural? Manter Perez pela performance.
Mas como Stroll é dono do time, obviamente o mexicano perdeu o lugar. Dos males o menor – pelo menos uma vaga apareceu na Red Bull e o talento não perdeu o espaço neste caso.
Para o futuro, porém, pode se esperar outros times fazendo isso. Claro, Red Bull, Ferrari e Mercedes talvez nunca vendam suas vagas a filhos de bilionários.
Mas quando o esporte perde renovação e o dinheiro cada vez fala mais alto – o interesse dos fãs vai despencar. A F1 já investe bastante em renovar seu público, interagindo com força nas redes sociais, promovendo corridas virtuais, criando uma linguagem mais próxima do videogame.
Mas, para quem tem um slogan de inclusão e cada vez busca mais diversidade, era hora da F1 ver que talvez os milhões dos pais bilionários, tão importantes no curto prazo, pode acabar sendo o fim de um dos únicos esportes do mundo que consegue atrair bilhões não só em dólares e euros, mas também em bilhões de audiência.
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