Cansado de viver à sombra de Toyota Corolla e Honda Civic, tanto no Brasil quanto nos EUA, o Volkswagen Jetta mudou totalmente de rumo na nova geração. Deixando de lado a pegada esportiva que o mantinha ainda ligado às suas origens como Golf sedã, o três volumes alemão agora aposta na fórmula de sucesso do Corolla: conforto, suavidade e espaço interno farto. Mas será que as mudanças são suficientes para colocá-lo entre os líderes? Colocamos à prova a versão intermediária Comfortline de R$ 109.990.
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Tempero americano
Quando o Jetta desembarcou no Brasil em sua primeira geração, ele teve todo seu desenvolvimento concentrado na divisão europeia da Volkswagen. O caminho começou a mudar na segunda geração com maior participação da VW EUA, já que lá era onde o modelo havia ganho espaço. O rumo do sedã mudou verdadeiramente nessa que é sua terceira geração no Brasil: descartado para a Europa, ele mirou nos gostos dos consumidores americanos e chineses, deixou de lado a pegada esportiva e foi para o lado do conforto.
Quem está acostumado com a geração anterior do Jetta, e com a maioria dos Volkswagen, vai se surpreender com a suavidade e neutralidade do novo sedã. A suspensão tipicamente durinha dos carros da marca deu lugar a um conjunto totalmente voltado ao conforto. Superfícies irregulares e buracos não são problema para o Jetta, que se mantém sereno e comportado. O revés está nas curvas, onde a carroceria inclina e rola consideravelmente mais do que antes.
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O motor 1.4 TSI de 150 cv e 25,5 kgfm de torque agora é flex e segue a mesma receita do Golf, incluindo a transmissão automática de seis marchas. Porém, esse casamento não é tão bom quanto no irmão hatch. O Jetta demora um certo tempo até embalar quando larga da imobilidade. Não foram raras as vezes que o sinal abriu e formou-se um vácuo de 3 carros à minha frente. Ele se arrasta por alguns segundos como se relutasse para acelerar, mas passados os 1.500 rpm, ele dispara com afinco.
Quebrada essa barreira, o Jetta se torna bastante ágil e bastante esperto. O 1.4 TSI ganha protagonismo e embala o sedã. Com ótimo isolamento acústico e suavidade do conjunto, ele anda de maneira tranquila e comportada mesmo em altas velocidades. A transmissão merece elogios por sua notável suavidade em todas as trocas, incluindo reduções. Contudo, na hora de uma ultrapassagem que exige o kickdown (redução de uma ou mais marchas por conta da maior pressão aplicada ao acelerador), o câmbio demora a reagir e lá se vão preciosos segundos.
Maior em todos os sentidos
O Jetta cresceu na nova geração: graças à plataforma MQB ele está 4,3 cm maior (4,70 m de comprimento) e 2,1 cm mais largo (1,79 m de largura), mas manteve a altura praticamente inalterada (1,47 m ). Olhando por fora, ele realmente deixa evidente que cresceu. O capô ganhou volume, vincos e parece de fato maior que antes. A impressão continua com a manutenção do perfil de sedã tradicional, que ganhou uma linha de cintura mais forte.
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Na traseira, o estilo pode fazer com que muitos pensem já ter visto aquele estilo em algum lugar. O resultado lembra o Virtus, mas ainda assim tem bastante elegância, especialmente por conta das lanternas com iluminação de LED. O porta-malas espaçoso carrega até 510 litros e tem abertura pela chave ou direto na tampa.
Por dentro é que houve uma verdadeira revolução no Jetta. O espaço interno agora é farto, comparável a modelos como Citroën C4 Lounge e o próprio Toyota Corolla, sedãs médios referência em acomodar com conforto passageiros traseiros. Mesmo com o banco regulado para uma pessoa alta, sobra lugar para acomodar os joelhos e por conta do perfil tradicional de sedã, as cabeças na segunda fileira não ficam esmagadas pelo teto. O teto solar panorâmico (opcional de R$ 4.990) ajuda na percepção de espaço.
O acabamento é outro ponto de destaque do Jetta. Primoroso e com peças bem encaixadas, ele traz material macio ao toque em toda superfície do painel e parte das portas. Onde há plástico, como console central, parte inferior do painel e portas traseiras, o material usado é de qualidade. Ergonômico, o Jetta deixa todos os comandos à mão. A central multimídia com sua grande tela de 8 polegadas domina o painel e tem acesso fácil, comandos simples, boa definição de tela, GPS nativo e os benvindos Android Auto e Apple CarPlay.
Com bom custo benefício, a versão Comfortline traz sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, freio de estacionamento elétrico, faróis full-LED, volante e bancos revestidos de couro, sensor de chuva e farol, retrovisores elétricos, rodas de liga leve de 17 polegadas, ar-condicionado digital de duas zonas, seletor de modo de condução, assistente de partida em rampa, partida sem chave e start-stop. Fica devendo sistemas de condução autônoma presentes em rivais com preço parecido, mas é (bem) mais equipado que o Corolla com preço similar.
Conclusão
O antigo comprador do Jetta pode sentir falta da esportividade que o sedã emanava antes. Contudo, o típico cliente de sedãs médios, justamente aquele que busca um Corolla (modelo mais vendido do segmento há anos) encontra agora no sedã da Volkswagen uma ótima alternativa. Espaçoso, bem acabado, com bom conjunto mecânico e bonito, o novo Jetta aposta em uma fórmula que deu certo para os rivais e tem tudo para funcionar também para a Volkswagen.
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