Nascido para ser um carro extremamente racional e pouco apelativo para o emocional, o Renault Sandero começou a se voltar para o lado esquerdo do cérebro agora na linha 2020 com sua reestilização. No entanto, desde que lançou o Sandero RS, a marca francesa mudou a maneira com que as pessoas viam e dirigiam um Sandero. E essa diversão continua em 2020.
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Dois pés no peito
Desenvolvido pela divisão Renault Sport na França, mas vendido apenas no Brasil, o Sandero RS é o melhor Sandero que seu dinheiro pode comprar. Ele traz a diversão ao volante como seu foco máximo e nada tem a ver com a experiência ao volante de um Sandero CVT ou de um Stepway – modelos mais focados no conforto e no uso racional no dia a dia.
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Debaixo do capô reside o motor 2.0 quatro cilindros aspirados do tempo da Scénic, mas devidamente atualizado e melhorado para render 150 cv e 20,9 kgfm de torque. Não espere por números de consumo como o do Sandero 1.0, porque esse RS gosta de verdade de beber gasolina. Ao menos te entrega os 100 km/h em apenas 8 segundos.
O ronco do motor invade a cabine com dois pés no peito. Murmura quando em marcha lenta e engrossa a sinfonia conforte a rotação sobe – palmas para a Renault Sport por produzir um ronco verdadeiramente interessante em um motor que não é tão novo assim. Há um porém: no uso diário, especialmente quando você não quer andar rápido, a voz do RS pode cansar.
Esportivo raiz
Diferentemente dos hatches esportivos mais modernos à venda na Europa, o Sandero RS não traz complicadas transmissões de dupla embreagem ou câmbio automático retrabalhado. Aqui é o bom e divertidíssimo manual de seis marchas raiz. Os engates são bem curtos e precisos e com certa resistência que combina com a pegada mais esportiva visceral do RS.
Não somente a transmissão tem engates curtos, mas suas relações seguem também por esse mote. Com proposito de manter o motor sempre cheio, fazer a rotação subir rápido e garantir força em qualquer retomada rápida, o Sandero RS trabalha sempre com giro alto. Basta um cutucão no acelerador para ele querer engolir o asfalto à frente.
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É fácil manter a rotação ideal em uma curva, mesmo que ela seja de baixa velocidade. Assim, o Sandero RS compensa a falta de força do motor aspirado frente a um turbo. Se com essa configuração ele é divertido, mal espero para ver o que o hot hatch fará com o motor 1.3 turbo que virá em um futuro próximo.
Só que há um preço nessa rotação alta: o consumo e o ruído alto. Na estrada, mesmo em sexta marcha, ele fica acima dos 3 mil giros, fácil. Além disso, se você quiser andar de maneira pacata na cidade (algo que o Sandero RS parece não curtir muito), a troca de marcha será constante. Muito constante.
Nem reza brava
Um dos grandes trunfos do Sandero RS 2020 é seu conjunto de suspensão mais baixa e rígida. Junte elas aos pneus 205/45 com as novas rodas de liga leve de 17 polegadas de série e terá um hatch que não desgruda da curva nem se a sua reza for brava. É impressionante a capacidade que o Sandero RS tem para contornar uma curva com velocidade e firme.
É como se ele agarrasse o asfalto com unhas, dentes e tudo que é possível. Tirar o Sandero RS da trajetória requer muita velocidade e uma dose de imprudência. Se for usar o modelo diariamente, prepare as contas para contratar um massagista, pois as costas são castigadas no asfalto ruim e cheio de buracos – um preço a se pagar pela diversão em estradas sinuosas.
Assim como o restante da família ele traz direção eletro-hidráulica, mas aqui as reações são mais diretas e o peso adequado. O volante também é diferente e veio diretamente do primo chique europeu Clio RS. Outro diferencial no interior é o banco estilo concha com ótimo suporte lateral, espumas macias e possibilidade de regulagem mais baixa que no Sandero.
Mas cadê a mudança?
Diferentemente do restante da família Sandero, Logan e Stepway, o irmão esquentadinho da família não mudou tanto assim no visual. A dianteira é exatamente a mesma de seu lançamento, não sendo alterado para-choque ou faróis. Ele não recebeu as luzes diurnas de LED integradas ao conjunto óptico, mantendo a barra luminosa no para-choque.
Segundo modelo mais caro da família, perdendo apenas para o Stepway Iconic, o Sandero RS merecia uma nova dianteira inspirada nos últimos RS europeus. Ao menos ganhou novas e belas rodas de liga leve de 17 polegadas de série e um discreto bonito adesivo nas laterais das portas. Um novo tom de vermelho metálico ajuda a complementar esse visual esportivo.
A traseira segue os irmãos Sandero e Stepway. As lanternas espichadas de LED foram empregadas com lentes escurecidas, dando ao RS um estilo mais invocado. O aerofólio traseiro é novo, maior e pintado em preto. Saída dupla de escape ajuda a indicar que esse não é o Sandero do Uber.
Conclusão
O Sandero RS é uma receita ótima da Renault. Consegue reunir todos os atributos racionais do Sandero, como preço baixo para a categoria, espaço interno farto e confiabilidade à diversão ao volante e um refinamento a mais que o restante dos irmãos não tem. Como carro diário, requer alguns complicados sacrifícios, recompensados na primeira estrada cheia de curvas que aparecer em seu para-brisa.
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