Uma reestilização é capaz de mudar a trajetória de um carro. Mudam equipamentos, preço, visual e ele volta a ganhar destaque no mercado. Com poucas novidades na linha 2019, mas suficientes apara chamar de facelift, o Jeep Renegade quer voltar ao posto mais alto do segmento dos SUVs, assumir a liderança entre os compactos e sair da sombra do Compass. Mas será que foi suficiente? Testamos a versão Longitude Flex de R$ 96.990, a mais vendida da gama e com o melhor custo-benefício para tirar a prova.
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Enquanto na Europa o Jeep Renegade foi responsável por estrear os motores Firefly turbo, o Brasil continuou com o antigo motor 1.8 E.Torq flex de 139 cv e 19,6 kgfm de torque. Apesar dos números animadores de torque e potência, em um patamar acima de concorrentes diretos, o Renegade é pesado (são 1.465 kg) e isso se faz sentir no pedal. Ele demora a deslanchar e, não raro, precisa reduzir de marcha para ganhar velocidade.
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No entanto, as mudanças graduais que a FCA fez nos últimos anos deixaram o Renegade mais esperto e menos gastão. Ele perdeu a sensação de ser manco, ainda que falte em situações de arrancada mais rápida ou ultrapassagem na estrada. Alguns concorrentes fazem mais com menos motor. Apesar disso, na cidade ele vai bem. O consumo de 6,9 km/l na cidade com etanol e de 10 km/l na estrada com o mesmo combustível também servem de alerta. Há um exemplar isolamento acústico e as vibrações do motor são quase imperceptíveis na cabine, revelando o lado confortável do Jeep.
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A transmissão automática de seis marchas colabora para esse comportamento. Ela é suave e tem atuação discreta na maioria das vezes. Quando a aceleração é gradual e fraca, o câmbio tende a se perder e trocar de marcha de maneira agressiva, sendo sentido um pequeno solavanco. As reduções também podem não ser tão suaves e o kickdown demora um pouco. Como se trata de um SUV robusto e voltado totalmente para o conforto, ela cumpre com o que promete.
Suspensão a ser seguida
Um dos maiores destaques positivos do Renegade é, sem dúvida, sua suspensão independente nas quatro rodas. Ela é macia na medida certa, deixando o rodar bastante confortável. Contudo, diferentemente de muitos SUVs de origem norte-americana, ela não é molenga ou faz a carroceria oscilar por qualquer bobeira: o conjunto mantém o Jeep firme e na trajetória com tranquilidade. Se por um acaso passar em uma lombada um pouco mais rápido do que deveria ou cair em um buraco, o Renegade absorve o impacto de maneira tranquila e revela seu lado robusto.
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É possível até fazer algumas curvas um pouco mais abusadas sem a sensação de que o Renegade vai capotar, como acontece com alguns de seus rivais. As novas rodas de liga-leve de 18 polegadas, que forçaram os pneus a adotar um perfil mais fino, ajudam nesse comportamento mais na mão do SUV compacto. Em contrapartida, as imperfeições do asfalto são mais sentidas que antes, mas essa é uma característica que não compromete a sensação de conforto do Renegade.
Mas mudou o que?
Se antes as versões diesel e flex eram diferenciadas pelo tipo de para-choque usado, agora não há mais essa discrepância. Segundo a Jeep, a mudança foi necessária para que não houvesse mais reclamações sobre a dianteira do Renegade, que regularmente raspava em valetas e garagens. Na prática, fez com que o efeito de mudança fosse atenuado, já que o visual das versões diesel pouco mudou, apesar da grade nova e do defletor branco.
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Por dentro as novidades são mais nítidas. O painel foi levemente remodelado para abrigar a nova central multimídia uConnect de 8,4 polegadas. Ela tem comandos físicos na parte inferior do painel e também pode controlar o ar-condicionado digital de duas zonas, rádio e é compatível com Android Auto e Apple CarPlay. A definição da tela é ótima, assim como sua navegabilidade fácil e descomplicada. O fato de ter comandos físicos ajuda em operações rápidas no trânsito e evita distrações. Ponto positivo para a Jeep pela mudança.
Além disso, nada mais mudou. O painel é totalmente emborrachado, enquanto a porta conta com superfícies revestidas de couro nessa versão Longitude. Os encaixes são ótimos e há sensação de robustez em todo o conjunto, em especial na alça posicionada à frente do passageiro. Alguns plásticos, como os usados na parte superior da porta, mereciam um pouco mais de cuidado, mas a qualidade geral da cabine do Renegade está acima de boa parte de seus rivais.
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Os bancos são totalmente revestidos de couro, sendoo dianteiro confortável e com bom apoio lateral, ao passo que há um prático espaço abaixo do assento do passageiro, que é perfeito para esconder objetos mais caros de olhares alheios. Mas há um pecado: o banco traseiro. Desde o lançamento do Renegade, ficou claro que ali faltava mais espaço para os passageiros, especialmente para pessoas mais altas. Ao menos há uma boa área envidraçada e assentos confortáveis.
O porta-malas também é pequeno, apesar de não ser mais o menor da categoria, título agora pertencente ao Chevrolet Tracker. Com 320 litros, o espaço pode ser dividido por uma prática divisória de carpete. Ela se eleva até a mesma altura da tampa do porta-malas, deixando um espaço logo acima do estepe, dividindo a carga em dois andares. Outra opção para maximizar o espaço é deixar a tampa na posição mais baixa, criando um pequeno degrau.
Conclusão
O Jeep Renegade é um SUV compacto diferente dos outros, não somente por seu visual caixote, como também pela vocação verdadeiramente off-road, enquanto seus rivais ficam mais à vontade na cidade. Por cerca de R$ 97 mil, a versão Longitude é relativamente cara, mas entrega uma generosa oferta de itens de série, bom acabamento e um conforto exemplar. Falta um motor mais esperto e menos beberrão, além de uma transmissão menos vacilante, mas se você precisa de um SUV robusto de verdade, confortável e com um visual que, definitivamente, é cativante, o Renegade é seu candidato ideal.
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