O cenário não poderia ser melhor para marcar o início da jornada de uma grande montadora mundial que chega ao Brasil já comprando uma fábrica e lançando o SUV mais vendido do maior mercado do planeta: as ruas do Rio de Janeiro.
E foi no belo cenário, nas ruas do Flamengo e Botafogo, com o Pão de Açúcar ao fundo, que testamos em primeira mão o novo Haval H6, que tem pré-venda a partir do primeiro trimestre de 2023 e marca a entrada oficial da GWM (Great Wall Motors) no mercado brasileiro.
A empresa chinesa já entrou no Brasil causando impacto ao comprar a fábrica de Iracemápolis, no interior de São Paulo, onde antes ficava a Mercedes. Além de ser o primeiro lançamento da GWM no Brasil, o Haval H6 também ostentará outro marco na indústria automotiva: a nova versão criada especialmente para o mercado brasileiro vai acabar sendo também uma novidade mundial.
E isso não é pouca coisa: afinal, o carro é o SUV mais vendido na China, o maior mercado automotivo do mundo. Apresentado pela primeira vez em 2011, o Haval H6 está hoje na sua terceira geração. E a reportagem do iCarros integrou o primeiro grupo de jornalistas do Brasil a ter contato com o modelo e pudemos acelerar o carro, passando nossas primeiras impressões ao dirigir neste texto.
+ Conhecemos o Haval H6: o híbrido plug-in da GWM
Eficiência tecnológica
Sem dúvida o primeiro ponto a chamar atenção é a eficiência e performance do Haval H6, como era de se esperar com seus 393 cv de potência combinada, gerados pelo conjunto de motor 1.5 turbo com dois motores elétricos (um em cada eixo).
Logo na saída do trajeto, na região do Aterro do Flamengo, a entrada na via expressa foi suave e sem sustos. Pode até parecer trivial, mas geralmente essa arrancada pode trazer uma natural insegurança em um dono de SUV.
Afinal, você tem que sair parado, a 0 km/h, e disputar espaço com motoristas que vem a 90 km/h e não são conhecidos exatamente pela sua cordialidade a dar espaço a outros coleguinhas que dividem a rua. Nada como uma boa acelerada para ganhar rapidamente seu espaço e fluxo na via expressa.
A arrancada lembra a de carros 100% elétricos e com cavalaria próxima ou superior a 400 cv de potência. O torque é excelente e sentimos aquele famoso tranco proporcionado por uma entrega de cavalaria proporcional a pisada no acelerador.
Ou seja, mesmo no primeiro quilômetro testando o Haval H6, a sua principal vantagem já aparece para o motorista: você tem praticamente um carro elétrico, sobretudo no ciclo urbano. Isso porque esse conjunto de motorização e bateria combina o melhor de dois mundos: máxima eficiência energética com alta performance.
Como o carro oferece a maior autonomia elétrica de um híbrido no Brasil (170 km no ciclo NBR, ou 184 km no ciclo NEDC, um dos mais usados na comparação de modelos híbridos), você pode ter a real experiência de carro elétrico, já que esta distância cobre 80% do uso diário dos motoristas médios brasileiros.
E com uma importante vantagem: sem ter a insegurança que ainda existe para aqueles que acham que ainda é cedo para ter um carro 100% elétrico para quem precisa fazer longas viagens, por exemplo.
Emissões e consumo
Com a eficiência elétrica sendo um ponto alto deste híbrido, quem pensa em ter um SUV premium e se preocupa com o nível de emissões de poluentes pode gostar dos números do Haval H6. Seu índice de CO² é de 10 g/km, cerca de 10 vezes menos que alguns SUVs médios, que variam entre 50 a 151 g/km.
Isso, claro, também mostra que o consumo do carro é um importante diferencial. Vale fazer a ressalva que, neste teste de primeiras impressões no Rio de Janeiro, andamos apenas em um curto trajeto urbano, sem encarar estradas, por exemplo.
Mas os números divulgados pela GWM mostram que o Haval H6 híbrido se destaca neste quesito: 28,7 km/l no ciclo urbano e 25,3 no ciclo rodoviário, no padrão NBR (o número maior na estrada é comum em carros elétricos ou híbridos que têm bastante autonomia elétrica).
Seguindo o mesmo cálculo, a empresa mostra que, para rodar 100 km com o SUV híbrido da GWM, o proprietário gastaria R$ 17,40. Os SUVs da mesma categoria gastariam de R$ 30 a R$ 70 para percorrer a mesma distância usando como referência os preços da eletricidade e combustível em novembro de 2022.
Design e espaço interno
O carro que dirigimos no Rio de Janeiro ainda é considerado um protótipo, mas não deve trazer mudanças significativas na versão que estreia no mercado brasileiro.
Aliás, pudemos já ter neste primeiro contato com o carro a avaliação de seu novo visual, desenvolvido exclusivamente para o mercado brasileiro. Ele estreia o novo logotipo global “Haval”, que recebeu um novo grafismo e está mais compacto.
Também é exclusivo da versão brasileira o pacote de acabamentos externos em piano black formado pelas molduras das janelas, racks no teto, spoiler traseiro e frisos decorativos.
Outro detalhe exclusivo do Brasil são as rodas de liga leve de 19 polegadas, que ajudam a fazer deste SUV um carro que chama a atenção na rua (até por ser um modelo ainda inédito) mas que também tem linhas discretas e que tendem a agradar a maioria do público.
O Haval H6 híbrido também se destaca pelo bom espaço interno. Com 4,68 m de comprimento, 1,88 m de largura, 1,73 de altura e 2,73 m de distância entre os eixos, o modelo se posiciona acima dos SUVs médios vendidos no mercado brasileiro. E no banco do passageiro, mesmo aquele que vai no meio consegue um bom conforto, já que o túnel central é bem baixo.
Tração permanente e suspensão adaptada ao Brasil
Pensando que este SUV pode atender a um consumidor mais exigente, que busque até algum trajeto off road, o Haval H6 conta com tração permanente All Wheel Drive, distribuída eletronicamente para cada eixo em função da exigência de torque e do nível de aderência das rodas.
Assim, pode variar de 100% do torque no eixo dianteiro a 100% traseiro, passando por qualquer proporção que o sistema e-Traction avaliar necessário para garantir a melhor aderência, tanto em condições de asfalto molhado quanto em percursos fora de estrada.
A versão híbrida que testamos também já apresenta uma suspensão retrabalhada para suportar as condições das estradas brasileiras.
No trajeto de nossa avaliação, o carro mostrou uma direção firme, com respostas mais rápidas e diretas, e também conforto a bordo, com pouco ruído na cabine e uma suspensão macia, sem “batida seca” - ainda que as ruas por onde passamos estão bem acima da média do que encontramos no padrão brasileiro.
A central multimídia do H6 traz ainda um display Full HD de 12,3 polegadas com tratamento antirreflexo e conexão com Apple CarPlay e Android Auto sem fio – um importante diferencial já que alguns concorrentes ainda precisam de cabo.
Pacote de tecnologia
O Haval H6 tem um pacote tecnológico de destaque, que trabalha em conjunto com as cinco câmeras e 14 radares distribuídos ao redor do veículo, oferecendo acesso a todos os recursos de direção ativa.
Destaque para: piloto automático adaptativo (ACC) com função Stop & Go, frenagem automática de emergência, em cruzamentos e para pedestres, bicicletas e motos, alerta de tráfego cruzado traseiro, assistente de permanência de faixa, desvio inteligente ou Smart Dodge, Smart Cornering, alerta de colisão traseira, alerta de perigo de abertura de portas, parking assist para vagas paralelas e em 90° etc.
Em nosso teste no Rio também foi muito bem avaliado o head up display de alta definição, projetando no parabrisa informações como a velocidade do carro – a nitidez é ótima e trata-se de um item que traz um importante diferencial para o Haval H6.
O carro tem pré-venda confirmada no primeiro trimestre de 2023 – os preços ainda não foram divulgados, sendo que apenas o teto solar panorâmico será opcional, todos os outros equipamentos serão de série. A expectativa divulgada pela própria GWM é concorrer com um SUV premium de marcas como Volkswagen, Jeep e Toyota.
É claro que, por ser uma marca ainda pouco conhecida no Brasil, é esperado um “prêmio” aos primeiros consumidores. Se o preço for competitivo, eles serão os primeiros a apostar na compra de um híbrido que traz as vantagens de um carro 100% elétrico, mas dá o conforto e tranquilidade que o motor a combustão ainda exige para um cliente de um País de dimensões continentais e acostumado a longas viagens.
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