A campeã de vendas picape leve Fiat Strada ganhou recentemente duas novas e mais potentes versões topo de linha, Ranch e Ultra – ambas custando o mesmo e diferindo apenas em detalhes de acabamento. A principal potencial rival Chevrolet Montana também ganhou uma nova versão topo de linha, a RS.
Separadas por 24 cm e perto de R$ 19 mil (a mais para a Montana), ambas estão, no entanto, bem próximas em números de potência, torque e desempenho. E, no final (ou começo) das contas, acabam mesmo disputando uma certa faixa de compradores. Vamos, então, compará-las?
Rivalidade entre Strada e Montana não é nova (e nós já comparamos as duas antes)
Em abril de 2023, publicamos aqui no icarros um comparativo entre a, então, recém-chegada picape Chevrolet Montana e a campeoníssima Fiat Strada. Naquela época, entre muitas outras coisas, destacamos a diferença de motorização entre as duas.
Isso porque, enquanto a Chevrolet equipava – e ainda equipa – a Montana com um motor 1.2 turbo de três cilindros, que gera até 133 cv, a Strada contava apenas com os 107 cv de seu motor 1.3 aspirado de quatro cilindros. Confira aqui o comparativo completo.
Naquele comparativo entre as versões Volcano (Fiat) e Premier (Chevrolet), inclusive, mostramos as diferenças de recursos, espaço e temperamento de ambos os modelos, e por isso recomendo que você dê uma olhadinha lá, pois aqui serei um pouco mais resumido sobre esses aspectos.
Fiat Strada “vitaminada” concorre com a Chevrolet Montana?
Como a Fiat não se cansa de mencionar, sua picape leve Strada é o veículo (incluídos aí carros de todos os tipos e tamanhos) mais vendido no Brasil, e isso já há três anos. Independentemente de qualquer outra análise, essa liderança já vale como indicação retumbante de seu bom custo-benefício.
Além disso, na prática, a Strada não tem no momento, em números de vendas, concorrência significativa no nosso mercado.A VW Saveiro até figurou no top-10 dos veículos mais vendidos em janeiro de 2024, mas ainda não alcançou nem metade dos 8.022 emplacamentos da Strada no mês. Um pouco maiores, Renault Oroch e Chevrolet Montana também seguem bem atrás em vendas.
Mas, agora, é a Montana – com seu motor 1.2 turbo de três cilindros, 133 cv e 21,4 kgfm (números próximos aos do modelo da Fiat) – a rival mais próxima (em preço) das novas versões Ultra e Ranch da Strada. Especialmente com as opções de entrada e intermediárias do utilitário da GM.
Mas, se em termos de preços, a Strada Ultra e a Montana RS estão separadas por quase R$ 20 mil, agora elas estão bem próximas em desempenho e podemos dizer que ambas têm o mesmo tipo de apelo, cada qual em sua linha: a esportividade.
O estilo esportivo da Chevrolet Montana RS
Embora não tenha nenhuma diferença mecânica em relação às demais versões automáticas da Montana, a RS incorpora uma série de itens interessantes que procuram reforçar seu visual mais esportivo de pegada urbana, como acabamentos que a diferem das outras “irmãs”.
Por exemplo, o logotipo da Chevrolet – a clássica “gravatinha do General” (Motors) – aparece na cor preta, sobre uma grade dianteira exclusiva, com uma trama no estilo colmeia. As rodas de liga leve de 17 polegadas também são em parte escurecidas, assim como o rack do teto (em black piano).
O tratamento em preto se estende ainda aos espelhos retrovisores externos e, no interior, às saídas de ventilação, painéis e revestimento dos bancos. Estes contam com uma combinação de diferentes materiais e texturas, entre couro e tecidos, com costuras em vermelho.
Como essas diferenças em relação ao restante da linha estão mais para sutis que para gritantes, a própria Chevrolet resolveu criar uma interessante ferramenta de comparação visual, com a qual você consegue distingui-las mais facilmente. Veja aqui se você vence esse quase jogo dos sete erros.
A Chevrolet Montana RS conta com o mesmo câmbio automático de seis marchas que equipa toda a linha da família Onix (incluindo o SUV Tracker), mas ajustado para trabalhar com mais peso, e com isso as marchas aparentam ser mais curtas que nos demais.
Quando você pisa mais fundo, os giros do motor sobem um pouco mais na Montana do que no Tracker, por exemplo. E isso ajuda ela a acelerar de 0 a 100 km/h em ligeiros 10,1 segundos. No geral, porém, essa Chevrolet tem um comportamento que se assemelha mais ao de um SUV que ao de uma picape.
E isso é vantajoso em termos de conforto, estabilidade e isolamento acústico, entre outras coisas. Em grande parte porque sua suspensão traseira se assemelha à de um carro de passeio, contando, no entanto, com um sistema de batentes para ajudá-la a aturar esforços mais intensos.
Se não tem aquela pegada mais rústica de utilitário raiz, a Montana tem o bom espaço para carga que se espera desse tipo de veículo e ainda acaba funcionando muito bem como carro da família. E, ainda que não tenha um temperamento mais agressivo, anda bem e é gostosa de dirigir.
O comportamento impetuoso da Fiat Strada Ultra
Para que ela ocupasse a posição de topo de linha, a Fiat deu um tapa visual e embarcou mais alguns recursos na versão Ultra da Strada. A começar por uma nova grade dianteira, exclusiva, com uma faixa fina em vermelho sublinhando o conjunto central. E itens de acabamento, como um vistoso (mas não muito prático) estribo lateral metálico, faróis em LED e emblemas.
Por dentro, os bancos em couro e as forrações são diferenciados e trazem o nome do modelo, há ar condicionado digital automático e carregador sem fio para celular. A central multimídia é bem conectável e incorpora a câmera de ré.
Mas a maior diferença – e vantagem – dessa Ultra em relação às outras Strada(s) é mesmo o seu motor. Ela vem com o 1.0 turbo de três cilindros da Stellantis, o T 200 – até 130 cv de potência e mais de 20 kgfm de torque – que equipa versões dos também Fiat Pulse e Fastback e, ainda, do Peugeot 208.
Esse motor trabalha com um câmbio automático do tipo CVT, que simula sete marchas, permitindo que, se você quiser, faça também as trocas com a ponta dos dedos, usando paddle shifters, as borboletas atrás do volante.
Com o motor 1.0 turbo, a Strada recebeu uma boa dose de fôlego extra, muito útil para deslocar o peso das cargas, mas mais ainda para torná-la divertida de se dirigir. Bem acertada e – pelo menos quando vazia – até ágil no trânsito, com o motor 1.3 aspirado, nesta nova versão a picape ficou bem esperta.
E ainda pode ter uma dose extra de agilidade nas respostas, se você acionar a tecla sport. Localizada no volante, ela faz com que todo o conjunto trabalhe em giros mais altos, mantendo assim o motor mais cheio e “nervosinho”. Diversão garantida, mesmo dentro dos limites da lei.
Sem carga e de acordo com a fábrica, a Strada Ultra acelera de 0 a 100 km/h em 9,5 segundos. E ainda que o câmbio CVT não seja exatamente empolgante em suas evoluções, o carro é igualmente rápido em retomadas de velocidade. Não é bem um “carro esportivo”, mas anda bastante bem.
Além disso, claro, você pode ditar o seu ritmo pessoal, usando as tais borboletas atrás do volante – que, como já comentamos várias vezes aqui no icarros, também são importantes para fazer reduções de velocidade e aprimorar o uso do freio motor em descidas mais longas e íngremes, por exemplo.
Com sua suspensão firme – mas não torturantemente dura –, essa Strada passa confiança nas curvas. Isso levando em conta seu projeto e propósito – o que inclui uma suspensão traseira à moda tradicional-robusta, com eixo rígido e mola em lâmina. Ainda assim, ela não quica de traseira.
Conclusões sobre Fiat Strada Ultra versus Chevrolet Montana RS
Maior, como mencionei, a Chevrolet Montana RS é mais confortável, espaçosa e, no geral, mais bem equipada que a Strada – o que se justifica, claro, muito por sua diferença a mais de preço. Alguns detalhes, porém, independem disso, como o isolamento acústico, bem melhor que o da rival.
E, em se tratando de versões topo de linha, algumas coisas – como sensor de chuva, faróis com acendimento automático e chave presencial com partida em botão, por exemplo, que a picape da Chevrolet traz inclusive em versões mais baratas, seriam de se esperar na Strada Ultra, também.
Por outro lado, o utilitário da Fiat, com esse motor mais forte, proporciona maior prazer de condução – ao menos para quem valoriza respostas mais “energéticas” e a possibilidade de, de vez em quando, guiar em “estilo esportivo”. E, com o tapa visual de inspiração urbana, se equivale à rival nesse quesito.
Resumindo, a Fiat Strada Ultra é mais divertida, mas um tanto despojada, apertada para passageiros e ruidosa – mas tem um preço mais em conta. Mais cara, a Montana RS é mais bem equipada, mais espaçosa e confortável.
A Strada Ultra vai bem para solteiros ou casais, no máximo, com filhos pequenos – no lazer e, claro, para ajudar na logística dos pequenos negócios. A Montana vai melhor para quem quer ter uma picape leve também como o carro da família – e, neste caso, acho que vale a pena pagar um pouco mais por ela.
Confira no catálogo de 0 km do icarros as fichas técnicas da Chevrolet Montana e da Fiat Strada, assim como as outras versões disponíveis para cada um deles.
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