30/01/2021 - Henrique Koifman/RF1 / Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros
O brasileiro é um sentimental, capaz de sentir saudades de monstros de metal. Mais do que uma rima mais ou menos, esta é uma grande verdade quando o assunto são os carros.
Alguns modelos de automóveis estão entre os que mais ficaram na lembrança de seus proprietários e os motivos para isso nem sempre são lá muito lógicos. Listamos aqui quatro exemplos.
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Independentemente de gostar ou não de automóveis, forçando um pouquinho a memória, você vai se lembrar de algum modelo que, de uma forma ou de outra, fez parte da sua vida.
Seja porque era o carro que seu avô usava, por ter sido o primeiro que dirigiu ou mesmo o que aquela(e) namorada(o) tinha quando a(o) conheceu. Para muita gente, o carro acaba sendo quase que um “membro da família”, merecendo até figurar naquela foto sobre o piano, na sala.
O Aero não voava, mas encantava
Comecemos por um clássico dos anos 1960: o Aero Willys. Pesadão, esse robusto sedã produzido pela mesma fabricante do icônico Jeep.
Mais do que o parentesco, o carro tinha a mesma mecânica – um confiável motor de seis cilindros em linha que era usado até em barcos – suspensão, direção e alguns outros tantos componentes do veterano dos campos de batalha.
A ideia é que, assim, ele enfrentasse melhor as péssimas condições das estradas brasileiras daqueles tempos. Fabricado entre 1960 e 1971, tinha quatro portas e seis lugares, muitos cromados por fora e um acabamento interno que incluída um vistoso painel de madeira – madeira, mesmo.
Por um tempo, foi o sonho de consumo da maioria das famílias de classe média. Aos olhos de hoje, andava e freava mal, era instável e tinha problemas crônicos de corrosão. Mas quem viajou para a praia no banco de trás deles, tendo o pai ou o avô assoviando ao volante jura que foi o melhor carro do mundo.
Fusca, o onipresente
Em meados dos anos 1970, nas ruas de qualquer cidade média ou grande do Brasil, para onde você olhasse veria dezenas de fuscas. Criado nos anos 1930 na Alemanha para ser barato, prático, robusto e atender as necessidades de uma jovem família, o VW Sedan compunha nada menos de 30% da frota de carros de passeio do país.
Os méritos para isso não eram poucos: refrigerado a ar, leve e com uma suspensão muito resistente, ele encarava os piores caminhos sem fazer careta e, mesmo se quebrasse (o que era raro), poderia ser facilmente reparado por alguém ali perto.
Suas peças eram baratas, o consumo baixo – para a época – e o estilo da carroceria, estranho mas tão presente, parecia não envelhecer com os anos.
Produzido aqui entre 1959 e 1996 (com uma interrupção entre 1986 e 1993), o fusca era tão popular que é quase impossível que um brasileiro com mais de 30 anos não tenha andado ou vivido a bordo de um deles algum momento marcante de sua vida – ou, literalmente, de sua trajetória, de preferência, em linha reta.
E como, para a maioria, o último passeio no modelo foi feito também há mais de 30 anos, poucos vão se lembrar de como o banco de trás era apertado, o nível de ruído e vibração era alto, o cheiro de óleo era permanente e, sem ar-condicionado, ele se transformava em uma sauna volante a caminho da praia – ou, pior, em qualquer engarrafamento de verão.
Confira o vídeo de despedida do Fusca:
Monza, enfim a modernidade
Quando foi apresentado no Brasil, em 1982 e apenas na versão hatch de duas portas, o Monza teve um efeito semelhante ao de um disco voador.
Moderno – era quase que exatamente o mesmo carro recém-lançado pela Opel, na Europa –, extremamente confortável, bem-acabado e gostoso de dirigir, ele contrastava com quase todos os já defasados modelos então disponíveis por aqui.
Com motor e câmbio transversais, estabilidade invejável e um estilo neutro e contemporâneo, ele não demorou muito para conquistar o mercado.
Para se ter uma ideia, seu maior rival direto àquela altura era o já antiquado e lento Ford Del Rey e mesmo o VW Santana, que chegaria em 1984, era tecnologicamente inferior (com motor e câmbio longitudinais, por exemplo).
Tanto que, mesmo não sendo barato, o modelo da Chevrolet foi o carro mais vendido no país em 1984, 85 e 86 – já com suas versões sedã de duas e quatro portas nas lojas.
Mais desejado pela classe média que viagem para Miami, o Monza reinou tranquilo no mercado até a abertura às importações de veículos, em 1991 – quando finalmente começou a enfrentar rivais de peso, importados e nacionais. Saiu de linha em 1996, dando lugar ao Vectra.
VW Kombi, a vovó incansável
Apresentada na Alemanha em 1950, a Kombi foi um dos primeiros carros fabricados aqui no Brasil – em 1957, antes mesmo do Fusca, com o qual compartilhava sua concepção, inclusive mecânica.
Esses “atributos de fusca”, unidos a um espaço generoso para passageiros ou cargas, fez com que esse pãozinho de forma conquistasse rapidamente o mercado.
Pense em qualquer tipo de uso para um automóvel de transporte leve (e, às vezes, nem tão leve assim) e você certamente o encontrará no currículo desse utilitário.
De ambulância a furgão frigorífico, de transporte escolar a carro de polícia, de carro fúnebre a food truck, de carro do time de basquete (um dos poucos que se prestava a isso) a escritório volante de caixeiros viajantes.
A versatilidade era ampliada pela versão pick-up, que permitia usar o carro para fazer mudanças – mesmo quando incluíam geladeiras e pianos – e carregar peças e materiais de todos os tipos e formatos.
E também por sua grande altura em relação ao solo, que a transformava em um verdadeiro off-road em caso de necessidade. Não por acaso, as forças armadas tinham frotas delas.
Ao longo dos 56 anos em que foi fabricada aqui no Brasil, a Kombi passou por uma série de alterações e melhorias, mas nunca mudou em sua essência: a grande simplicidade de construção e manutenção e, também, a grande precariedade de sua segurança. Instável, sem praticamente nenhuma área ou estrutura para absorver colisões frontais, era um carro de outros tempos.
Mas, justamente por ter sido fabricada até 2013 e ser ainda tão comum em nossas ruas, talvez seja o carro mais facilmente reconhecível hoje por qualquer brasileiro de qualquer idade.
E, entre todos os que a tiveram como parte de sua vida, os feirantes provavelmente são os que mais têm saudades dela. Têm, não, na verdade terão, porque, pelo menos nos centros de abastecimento e feiras livres, a Kombi ainda é a maioral.
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