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Um test-drive com o Chevrolet Bolt Premier 2021

Alguns dias com o modelo elétrico da Chevrolet são suficientes para notar que o que chamávamos de carro do futuro chegou

02/08/2021 - Henrique Koifman / RF1 / Foto: Henrique Koifman / Fonte: iCarros

Usar um carro elétrico no dia a dia, hoje, pode ser quase tão simples – e normal – quanto seria no caso de um modelo a combustão. E, ao que tudo indica, em breve será até mais fácil e mais banal. Essa foi a minha conclusão após passar quatro dias com o Chevrolet Bolt Premier, tema deste post. 

Antes, uma pequena contextualização: 

Dependendo de sua idade, você deve se lembrar que, lá pelos meados dos anos 1990, começaram a surgir especulações sobre um “futuro elétrico” para os automóveis. Coisa para, quem sabe, uns 10 anos à frente, talvez chegando junto com os carros voadores e os modelos autônomos. 

Daí que, dali em diante, todos os principais salões e mostras de automóveis pelo mundo a fora tinham entre suas atrações carros conceito elétricos, geralmente com tecnologias semelhantes – e, cá entre nós, não tão diferentes assim das dos modelos desse tipo produzidos no início do século XX –, mas quase sempre com estilos os mais variados e ousados, beirando a ficção científica. 

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Além do visual distante e improvável, outros detalhes desses protótipos os separavam da nossa realidade e, entre eles, talvez o principal fosse a sua (pequena) autonomia. De que serviria um carro com jeitão de nave espacial intergalática se, na rua, ele só fosse capaz de percorrer 150 km? 

O tempo passou, a consciência global – ou, pelo menos, da maior parte do mundo – sobre as causas da crise climática aumentou, a tecnologia (incluindo a das baterias) evoluiu e, hoje, de mais um sonho ou ficção, o carro elétrico deixou de ser uma das opções para o futuro para se tornar “a” opção para já, já. E é aí que entra o Chevrolet Bolt deste post. 

Elétrico na vida real 

Para começo de conversa, o Bolt não se parece nem com nave espacial, nem com um daqueles adoráveis e delirantes exercícios de design. Ele tem esse jeitão “comum”, com um formato entre o de uma minivan e o de um hatch de porte médio e ninguém estranharia se sob o capô ele tivesse, digamos, um bom motor 2.0 a combustão. 

Além disso – e vamos logo ao que mais preocupa à maioria –, ele é capaz de rodar pouco mais de 400 km (pelo ciclo EPA) com uma carga completa em suas baterias. Não sei quanto a você, mas, a não ser quando pego uma estrada, eu não costumo rodar mais do que 100 km por dia (e isso quando ando muito). 

Daí que, mesmo tendo feito uns dois passeios relativamente longos, subido ladeiras e ficado engarrafado aqui e ali, quando devolvi o carro na concessionária, o painel me informava que ainda poderia rodar uns 200 km. Ou seja, não precisei recarregá-lo nesse tempo. 

Se precisasse, poderia recorrer a uma tomada bifásica (de 220v) em minha garagem, repondo 9,8 km a cada hora plugada. Ou, se contasse com um carregador especial, seria capaz de alimentá-lo com o equivalente a 40 km no mesmo tempo, completando a carga durante a noite.

Na rua, poderia recorrer a um dos ainda escassos (mas crescentes em número) eletropostos, que “colocam” mais 144 km de autonomia “no tanque” em 30 minutos.  

São postos assim, já existentes ao longo da Via Dutra, que me permitiram, ir do Rio para São Paulo sem emitir um só grama de CO2. É, ainda assim, modelos como esse são definitivamente mais indicados para o uso urbano. E nisso, o Bolt dá um show. 

Recursos e conforto 

Ele é prático, espaçoso e tem a maioria dos recursos de segurança e conforto que os melhores automóveis atuais a combustão oferecem. E, para guiar, é tão ou mais fácil que qualquer outro automóvel. Tanto que você se acostuma a ele bem rápido, até. 

A ergonomia é muito boa e, uma vez feitos os ajustes (manuais) do banco e da coluna de direção, dirigir não cansa e há bom acesso e visibilidade em relação a todos os comandos, espelhos e informações necessárias. Altinho, ele oferece uma boa visão do trânsito, como uma boa minivan – ou SUV. 

O espaço para os passageiros é bem generoso, tanto em altura, quanto para as pernas de quem vai no banco de trás. Isso se explica em grande parte pela localização das baterias, que ficam sob o assoalho e não ocupam espaço na cabine.

O porta-malas leva 478 litros de bagagens (até 1.603 litros com encostos rebatidos). Quase mesmo que o SUV de tamanho médio-grande Equinox.  

Por dentro, os painéis têm desenho bacana, com acabamentos perfeitos em duas cores e um estilo moderno, sem ser espalhafatoso. Tudo, porém, construído em plástico bem rígido, sem áreas acolchoadas – algo com que o “Premier” do nome talvez combinasse mais. 

Os bancos são forrados em material de padrão couro e as forrações passam ótima impressão. Além disso, há um bom pacote de conectividade, com opção para recarregar o celular por indução, conexão com Android e Apple, tomadas USB na frente e para os passageiros de trás e multimídia My Link com suas funcionalidades. 

Como anda? 

Por último, mas não menos importante, vamos às impresssões ao dirigir. E para elas contribui como protagonista o motor de 203 cv de potência e 36,7 kgfm de torque que fica acondicionado sob o capô dianteiro, movendo as rodas da frente. Números suficientes para fazer com que o Bolt seja um carro mais rápido que a sua silhueta familiar pode sugerir. 

Pesando 1.616 kg, mas tendo todo esse torque disponível já nas primeiras rotações, ele acelera de zero a 100 km/h em 7.3 segundos (isso com o modo “sport” acionado no painel). E faz de qualquer retomada de velocidade ou entrada em uma via expressa uma experiência divertida – e muito segura. 

Em parte por conta da localização das baterias (que têm 66 kWh de capacidade e garantia de 240.000 km ou 8 anos), o centro de gravidade do Bolt é bem baixo, o que contribui para sua boa estabilidade – dentro, claro, do que se espera para um modelo voltado para o conforto e com perfil mais alto, que oscila em curvas mais fechadas. 

Como em outros modelos elétricos, ele dispõe de um sistema que você pode ou não acionar chamado “one pedal drive” (ou direção com apenas um pedal).

Basta colocar a alavanca do câmbio na posição “L” e, sempre que tirar o pé do acelerador, o freio motor e os freios normais reduzirão a velocidade até parar o carro completamente. Além de prático, esse sistema serve para regenerar um pouquinho as baterias, recuperando energia. 

Pode parecer um pouco estranho, mas é algo com que você se acostuma rapidamente e que faz antever um padrão para os carros daqui para frente. Toda vez que esse sistema entra, reduzindo a velocidade, as luzes de freio se acendem automaticamente. 

Segurança 

Se não se parece tanto assim com um modelo de luxo (afinal, custa cerca de R$ 270 mil) por seu acabamento e itens de conforto, em termos de itens de segurança, ele não faz feio.  

São 10 air-bags, praticamente envolvendo o motorista e os passageiros, há assistente de permanência na faixa; alertas de ponto cego, de tráfego traseiro cruzado e de colisão frontal (com frenagem automática de emergência) e detecção de pedestres.

E o retrovisor interno tem uma tela que, por meio de câmeras, projeta imagens da parte traseira em um ângulo mais amplo e sem pontos ocultos.  

Há assistência elétrica para a direção, que é bem precisa e o carro esterça bem. Também por isso, estacionar é bem fácil, contando ainda com a colaboração de câmeras em 360º, que geram uma visão “de cima” na tela da multimídia de 10,2 polegadas para ajudar nas manobras. 

Resumindo 

No final desses poucos dias estacionando o em minha garagem, cheguei à conclusão que ele seria perfeitamente viável para mim, como carro de uso diário. E até mesmo para viagens curtas (as minhas, costumam ser de até uns 200 e poucos km totais, ida e volta). 

Todo o estranhamento inicial que se possa ter com um modelo elétrico como ele dura bem menos que o encantamento provocado por suas qualidades.

A primeira delas, logo que você liga o motor e… não escuta nada – mas ele faz, sim, barulho nas aceleradas, embora bem diferente do de um motor a combustão, parecendo mais com, quem sabe, o de um avião a jato, ouvido de um assento da primeira classe. 

A espantar, mesmo, só o preço de R$ 270 mil, mas mesmo isso tende a mudar, com o ganho de escala na produção desse tipo de veículo e, principalmente, de suas baterias. E isso não é uma previsão para “o futuro”, mas para os próximos, digamos, cinco anos. 

Até lá, talvez já valha a pena a gente ir providenciando uma reforma da rede elétrica das garagens de nossos edifícios.  

Agora, vamos à um resumo técnico do Bolt (dados do fabricante):  

Motor: elétrico, dianteiro, tração dianteira 

Potência: 203 cv 

Torque: 36,7 kgfm 

Câmbio – “marcha única”, com opção one pedal drive (L) 

Com sistema de recuperação/regeneração de energia  

Baterias de íon-lítio e com 66 kWh de capacidade, com garantia até os 240.000 km (ou 8 anos)  

Autonomia de até 416 km (ciclo EPA, padrão nos EUA) 

Dimensões: 

4.165 de comprimento 

1.765 de largura 

1.595 de altura 

2.600 de entre-eixos 

Peso: 1.616 kg (com distribuição quase simétrica entre os eixos traseiro e dianteiro) 

Capacidade do porta-malas: de 478 a 1.603 litros (com os bancos traseiros rebatidos) 

Preço sugerido: R$ 270.170   

 

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