Por que o Chevrolet Onix Plus vende tanto?

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O Chevrolet Onix Plus é, hoje, o líder em vendas no segmento dos sedãs compactos no Brasil. Uma posição que a marca costuma frequentar desde os tempos de seu antepassado, o Prisma, versão de três volumes da geração anterior. Se ele tem realmente méritos para isso? Vamos tentar descobrir.

Para este test-drive de uma semana, usei o sedã branquinho no chamado trivial variado, em trajetinhos urbanos de rotina e, também, em viagem de totais 210 km, com direito a serra e tempestades pesadas pelo caminho. Mas comecemos por uma breve contextualização.

Entre todos os tipos de carros disponíveis hoje no mercado, o sedã compacto é provavelmente a escolha mais racional que a grande maioria das pessoas pode fazer. Afinal, um bom modelo desse tipo costuma contemplar praticamente tudo o que é realmente fundamental em um carro.

Espaço interno e para bagagens, opções de acabamento, bons pacotes de opcionais e acessórios, economia de combustível, versatilidade de uso… Tudo isso por um preço que, comparando com as outras opções de configuração à venda, aponta para o melhor custo-benefício. 

E – já entregando parte de minha conclusão já neste começo do texto – é justamente essa receita aí que parece ser o segredo do sucesso do Onix Plus. Atualmente em sua terceira geração, lançada em 2019, ele equilibra com maestria as vantagens do parágrafo acima.

Equilíbrio de atributos

Design? Não é exatamente o mais ousado – está até mais para o formal, cá entre nós –, mas é bastante agradável e passa boa impressão. Equipamentos? Não é o que maior pacote oferece, mas é bem servido. Performance? Não é tampouco o mais potente ou rápido, mas anda bem.

Economia de combustível? Ah, aí ele se destaca. Mesmo usando um (bom e comportado) câmbio automático de seis marchas, minhas médias com gasolina foram sempre altas, chegando a impressionantes 19,5 km/l na estrada e bons 12,7 km/l na cidade, incluindo engarrafamentos.

E o conforto também é notável, não somente em termos das acomodações para passageiros – que contam com um ótimo espaço no banco de trás, mesmo quando o motorista é alguém como eu – um sujeito com 1,87 m e mania de jogar o banco lá para trás. Silêncio, maciez e suavidade merecem elogios.

Até mesmo o passageiro que for sentado no meio, se não for muito acima da média em altura, será bem tratado, pelo menos nos trajetos não tão longos. Como o ressalto no assoalho é bem baixo, mesmo com o console central à frente, dá para se acomodar ali dignamente. 

Em marcha

Rodando na cidade, esse Onix Plus Premier tem boa agilidade para manobras rápidas, graças ao bom torque do motor de três cilindros, 1.0 turbinado que, com etanol, oferece bons 116 cv de potência e 16,8 kgfm de torque já em baixos giros. 

Com isso, ele ganha velocidade com desenvoltura e suavidade, sem que você precise pisar tanto no acelerador – o que explica parte de sua parcimônia com o consumo de combustível. Fico pensando o quanto um sistema start-stop (que ele não tem), para desligar e religar o motor em paradas breves, não o faria beber ainda menos.

Além disso, ele tem uma tendência (intencional, me parece) a rodar solto, sem que o câmbio reduza automaticamente a qualquer tirada de pé do pedal direito. É quase como se estivesse “na banguela”, em situações como a aproximação de sinais fechados, por exemplo. Mais economia de combustível.

Aproveitando a parte do meio do feriado de Carnaval, fiz um bate-e-volta a Teresópolis, com uns 100 km em cada perna da viagem e com uns 25 km de serra íngreme e sinuosa no caminho. Nos trechos planos e de bom asfalto, o carro seguiu tranquilo, mantendo entre 100 e 110 km/h máximos.

Na subida, com boa parte do piso em concreto, partes de mão dupla e trânsito, inclusive de caminhões grandes, o sedã demostrou força suficiente para ultrapassagens e retomadas seguras. Consegui manter uma boa média de velocidade na subida sem forçar.

O motor parecia ter sempre um pouco mais de torque guardado quando era preciso ganhar velocidade, ultrapassar, subir um trecho mais íngreme. Nada tão eletrizante quanto um esportivo, mas bom o bastante para manter a tranquilidade e o prazer de dirigir.

A ergonomia geral para quem guia é boa e, a suspensão – que tem o tradicional sistema MacPherson na dianteira e eixo de torção na traseira – é bem ajustada, permitindo fazer as curvas com confiança e pouca inclinação da carroceria. Guiando com juízo, você não vai conhecer o limite de aderência do carro.

Mas foi na volta que, involuntariamente, o Onix Plus passou por uma verdadeira prova de fogo – ou melhor, de água. Descemos a mesma serra sob um temporal que poderia ser classificado na categoria “ducha de lava-jato”, sob neblina e com trânsito moderado. 

Colocando a alavanca de mudanças na posição “L” e acionando o botãozinho em sua lateral para manter as marchas mais baixas e usar o freio motor (não há borboletas para trocas no volante), atravessamos a borrasca ilesos. 

Ponto para o bom escoamento do para-brisas, o funcionamento correto dos limpadores e a boa visibilidade geral que vidros e espelhos proporcionam. Para você ter uma ideia da intensidade e da duração da chuva, o carro chegou em minha garagem bem mais limpo – limpíssimo – do que saiu de manhã… 

Vamos às conclusões

Um Onix Plus Premier 2023 igual ao deste post está custando hoje a partir de R$ 113.390. É bem equipado, embora alguns detalhes destoem um pouco do que se pode esperar em um topo de linha. Por exemplo, o acionamento automático dos faróis está lá, mas o dos limpadores de para-brisa, não.

Também estava ausente no exemplar que testei o espelho retrovisor interno fotocrômico antiofuscante. Além disso, embora o painel de instrumentos tenha ótima leitura, ele é composto por dois grandes mostradores analógicos – para velocidade e conta-giros.

Há ainda uma pequena tela digital central, onde se alternam diversas (boas) informações do computador de bordo, mas ela é monocromática, bem simples. Nesse quesito, o Onix Premier bem merecia algo mais sofisticado e customizável. Seria ainda a falta dos semicondutores?

A multimídia, por outro lado, é fácil de operar, compatível com os sistemas Android e Apple e oferece opcionalmente Wi-Fi compartilhado a bordo. E tem também o serviço OnStar da Chevrolet, com uma série de recursos interessantes, parte deles acionáveis a distância pelo smartphone.

No mais, embora a maioria dos painéis internos seja de plástico rígido, a aparência geral é boa, com desenho interessante. E a forração dos bancos, em couro (nenhum animal parece ter sido sacrificado para isso) agradável contribui para essa boa impressão e também para o conforto.

Entre os principais concorrentes do Onix Plus Premier, aponto dois com mecânica, desempenho e recursos equivalentes (motores 1.0 turbo): o VW Virtus 1.0 170 TSI  (a partir de R$ 112.990) e o HB20S 1.0 T-GDI Platinum (a partir de R$ 115.690) – ambos também bons carros, vale dizer. 

Comparando os três, a principal característica – e, provavelmente, vantagem – do Onix Plus é, digamos, sua harmonia (é, ainda estou influenciado pelos desfiles de Carnaval). É bonitão, anda bem, gasta pouco, não cansa e é gostoso de dirigir, num arranjo equilibrado entre o que oferece e seu preço que parece ser mesmo o mais acertadinho neste momento.

Vale lembrar que esse sedã também está disponível em versões mais simples por a partir de R$ 84.590 – na opção LT Manual 1.0 aspirado, de 82 cv de potência, enquanto sua opção automática com motor turbo mais em conta parte de R$ 95.100 – ou R$ 17 mil a menos que a Premier.

Se você tem interesse em comprar um Onix Plus, vale a pena fazer antes as contas e comparar o que traz – e o que pode ser opcional – em cada versão. 

Chevrolet Onix Plus Premier 2023 - Ficha técnica (dados da fábrica; Etanol/Gasolina)

Motor dianteiro, transversal em linha com 3 cilindros e 12 válvulas, turbo

Injeção multiponto

Potência (cv): 116 @ 5.500 rpm

Torque (kgfm): 16,8 / 16,3

Transmissão: tração dianteira

Câmbio automático com 6 marchas

Suspensão: McPherson (diant.);

eixo de torção (tras.)

Freios: discos (diant.) e tambores (tras.)

Direção com assistência elétrica com efeito regressivo

Dimensões (mm):

comp. 4.470, larg. 1.730, alt. 1.471, dist. Entre-eixos 2.600

Capacidades (litros):

porta-malas 469

Tanque de combustível 44

Peso: 1.112 kg

Desempenho:

aceleração 0 -100 km/h em 10,9 s

velocidade máxima 185 km/h

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