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Novo Fiat Cronos HGT 2020: o preço da imagem | Avaliação

Versão mais cara da linha do sedã traz um visual bonito, acabamento bom e conforto. Mas justifica mais de R$ 80 mil?

05/09/2019 - Texto e fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros

A Fiat não tem um repertório de sedãs esportivos. Desde o mítico Oggi CSS da década de 1980 passando pelos Tempra Turbo, Marea Turbo e Linea T-Jet, a marca sabe fazer um sedã que corre. Mas também sabe esportivar, ou seja, dar aquele visual de esportivo para um carro que, efetivamente, não tem como sustentar tal proposta. E esse é o caso do Fiat Cronos HGT, a principal novidade da linha 2020 do carro e que custa a partir de R$ 75.490.

HGT: o novo Cronos da linha 2020

Para um carro que se propões a ser esportivo, o Cronos HGT não teve o melhor começo. À sua chegada, a Fiat retirou a opção de câmbio manual do “menu” para as versões com o motor 1.8. Mas traz de série os controles de tração e estabilidade e assistente de partida em rampa.

HGT também não é um nome novo. O próprio Argo tem tal configuração. No entanto, ao contrário do hatch, o Cronos optou por um visual mais discreto e elegante. Não houve inclusão de para-lamas alargados com plástico preto ou adereços na dianteira e traseira. Por aqui, a Fiat apostou na coloração preta brilhante usada nas grades frontais, teto, retrovisores, rodas de liga-leve de 17 polegadas e aerofólio.

O tema escurecido continua por dentro, onde o teto recebeu a coloração mais escura e até o emblema do volante abriu mão do tradicional fundo vermelho pelo preto, assim como a Fiat fez com o Argo Trekking. O resultado é bem menos exagerado que no Argo HGT e traz um ar de bela serenidade que cai como uma luva para um sedã que já manda bem nas linhas fluídas e bem proporcionadas.

Falando nelas, o Cronos tem de medidas 4,36 m de comprimento, 1,72 m de largura, 1,51 m de altura e 2,52 m de entre-eixos. O porta-malas acomoda 525 litros de bagagens e o peso declarado da versão é de 1.271 kg.

A lista de equipamentos de série são praticamente as mesmas da versão Precision, de R$ 75.490, exceto pelos itens exclusivos, que incluem ainda os bancos personalizados HGT e todos os logos escurecidos.

Vêm de série direção com assistência elétrica, trio elétrico, ar-condicionado automático, central multimídia com tela sensível ao toque de 7”, conectividade via Android Auto e Apple Car Play, Isofix, quadro de instrumentos digital com tela de 3,5” no painel, rodas de liga-leve de 17”, sensor de estacionamento traseiro e sistema de monitoramento da pressão dos pneus.

O carro das fotos foi avaliado com todos os opcionais possíveis: Kit Tech com chave presencial, sensor de chuva e sensor crepuscular (R$ 2.000); câmera de ré (R$ 700); airbags laterais na dianteira (R$ 2.500); bancos de couro (R$ 1.500); e teto pintado de preto (R$ 500). Sem contar o preço da pintura, o valor total é de R$ 84.490.

Mecânica antiga, mas melhor do que eu lembrava

Pode-se falar muito da idade do motor e.Torq da Fiat. O propulsor 1.8 flex tem 16 válvulas e comando simples no cabeçote, nada muito inovador além do sistema de partida a frio sem tanquinho, que também já não é muita novidade. Como no Cronos e no Argo a Fiat usa o e.Torque EVO de Jeep Renegade e Fiat Toro, assim, o motor conta com o coletor de admissão variável, algo que ajuda a sanar um dos “problemas” do propulsor.

Problemas entre aspas, pois é apenas um comportamento diferente do que o público se acostumou após a profusão dos motores turbinados com farta entrega de torque em baixas rotações. O e.Torq é mais das antigas: gosta de girar. O resultado disso está nos números de potência e torque. São 139 cv ou 135 cv de potência a 5.750 rpm e 19,3 kgfm ou 18,8 kgfm a 3.750 rpm, respectivamente para etanol ou gasolina.

Aqui, o câmbio automático de seis velocidade com trocas em modo manual por meio da alavanca ou de aletas atrás do voante acaba por jogar contra. Para evitar desperdício de combustível e atender às regras de emissões, efetua as trocas de marcas antecipadamente, fazendo o motor operar sempre entre 1.500 e 2.000 rpm. Ótimo para conforto e consumo, mas não é onde o motor tem a sua melhor entrega.

O propulsor gosta de girar acima das 3.000 rpm e, nesse caso, um câmbio manual não só aproveitaria melhor as características do propulsor como também daria apoio à proposta de esportivo da Cronos HGT. Mas vocês não querem mais trocar de marcha e a Fiat entendeu o recado: nada de manual.

Usando sem exigir muito, é um conjunto mecânico suave na cidade, onde as trocas com pouca carga de acelerador são imperceptíveis. Exigindo mais desempenho do carro, o câmbio mostras as limitações.

Na estrada, mantendo de 100 a 120 km/h por meio do piloto automático e com quatro adultos e bagagens, o Cronos jogava de sexta para a quarta marcha a qualquer sinal de subida ou perda de embalo. Com isso, a rotação ia aos 4.500 rpm, gerava ruídos na cabine e solavancos nas reduções. Com o motorista no controle, não fazia as reduções de maneira tão precipitada e, quando fazia, não a realizava com tanto drama. Então fica a dica: se a estrada não for uma reta contínua, opte por dirigir você mesmo, é mais suave e até mais econômico.

No entanto, com um motor que gosta e trabalha em altas rotações, era de se esperar um consumo elevado, ainda mais sem o auxílio de um turbo. Aí entra a parte que eu não sei qual é o tipo de bruxaria que a Fiat faz no acerto desse motor. Pois, na cidade, em duas pessoas e sempre com o ar-condicionado ligado, o carro registrou 6,9 km/l com etanol. Na estrada, em quatro mais bagagens, foram 11,5 km/l com o mesmo combustível. Os números oficiais para este combustível, respectivamente, são 7,2 km/l e 9,6 km/l.

É melhor que um VW Virtus, exceto em dois aspectos

Continuando com o tema “melhor do que eu lembrava”, foi relembrado do quão bom era o acerto dinâmico do Cronos. Não é só uma carinha de esportivo, na hora de fazer curvas o sedã mostrou que também era bem resolvido de “chão”. Firme na medida certa, mas com amortecimento suficiente para não incomodar os quatro ocupantes da viagem.

Ocupantes inclusive que nem viram as condições do teste, pois dormiram nos primeiros 30 minutos da viagem. O mérito aumenta ao se saber que a estrada era a subida da Rodovia Fernão Dias, bem em seu trecho mais sinuoso e esburacado.

Mesmo cheio, o Cronos responde rápido ao volante, transmitindo confiança e garantindo o sono dos outros ocupantes ao absorver as ondulações sem fazer o carro perder o equilíbrio. E o fez mesmo com pneus de perfil baixo, que contribuem para a boa performance em curvas, e com um elevado vão livre em relação ao solo, que faz o oposto de ajudar, mas é a solução para nossas lombadas e valetas.

O torque extra em baixa do Virtus seria bem-vindo na subida da serra, mas com o maior peso, entre-eixos alongado e suspensão mais voltada para o conforto, o Cronos HGT bate o rival turbinado e puro prazer ao guiar. E, se você gosta de dirigir, o Fiat leva vantagem nesse equilíbrio entre dinâmica e conforto.

Comparado com seu principal rival, o Cronos HGT traz uma cabine mais inspirada, mesmo utilizando plásticos. Só que seu interior é mais vistoso e se melhor aparência. No entanto o Virtus ainda guarda suas vantagens.

A principal delas sendo o torque em baixas rotações, melhor para o dia a dia. O espaço no banco traseiro também é superior no VW. O Virtus também tem mais praticidade, com maior número de porta-trecos, algo que fará falta no Cronos nas viagens em família, com snacks e garrafas de água sem muito lugar para ficarem dentro da cabine do Fiat.

Conclusão: na medida para quem ainda gosta de dirigir

Gostar de dirigir é mais que correr. É o motorista aproveitar o carro e o carro recompensar o motorista que sabe o que está fazendo. Aprendendo a tocada do Cronos HGT e aproveitando suas qualidades dinâmicas, o sedã engaja e é prazeroso, pois exige que o “piloto” interaja com o carro. Para quem gosta é um deleite.

Sem sacrificar muito a usabilidade, o Fiat Cronos HGT traz um pacote visual coeso e de bom gosto. Quando peguei o carro e reparei a tonalidade Cinza Silverstone, achei um tanto sem graça, talvez o vermelho fosse melhor. Mas a cor tem profundidade e atrai o olhar. Pensando que é um carro com um toque de esportivo, o ar discreto cai bem. Quem gosta de carro dirige – compra seu carro – para si mesmo, não para impressionar o vizinho. Se identificou? Ande no Cronos HGT e diga se concorda comigo.

Como disse no vídeo de primeiro contato no YouTube do iCarros, no meu hipotético Cronos HGT, optaria pelos opcionais Kit Tech, teto pintado de preto e customizaria trocando o câmbio automático pelo manual, que era disponível na linha 2019 para o motor 1.8, e tirando uns 20 mm de altura da suspensão para eliminar o espaço entre a roda e o para-lama para trazer mais do visual esportivo.

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