Um dos grandes momentos da indústria automotiva é um carro pequeno com motor grande. São muitos exemplos. São os Golf Gti, os Audi 1.8T, os Corsa GSi de saudosa memória e a mãe de todos eles, o Ka XR.
Montado com a mecânica do Mégane e do Scénic 1.6 de 16 válvulas e 110 cv, o renôzinho se vira com vontade. Graças à caixa curta, muito bem escalonada. O motor mostra um disposição de gente grande para acelerar. Pula nos sinais de forma surpreendente para muita gente boa que pensa ali morar um humilde mil de 70 cavalos.
E mais, retoma forte e certo, permitindo ultrapassagens seguras, rápidas, mesmo que alavanca de cambio seja com um curso meio longo e comportamento mole, ligeiramente impreciso.
A posição de dirigir é perfeita, com tudo ao bom alcance da mão. Particularmente o banco é muito bem localizado na coisa toda, dando boa visão externa.
A cabine é meio espartana e simplista para os 30 mil que ele custa, mas desconfiamos que os compradores não vão colocar um interior de luxo na sua lista de prioridades.
Os faróis são um capitulo a parte, com seu projeto extra moderno e super eficiente, iluminando muito bem para todos os lados da estrada.
A mecânica é bem convencional e, como já dissemos, o único ponto a realçar é a caixa de cambio de bom escalonamento. O motor gira bem mas não é bonito cantando, bebe pouco para o que anda, mas nada é perfeito.
Na hora do rock´n´roll mesmo ele fica meio chocho, mas em velocidades que ninguém anda, acima de 170. Só que a ficha técnica no papel prometia emoções que não vem no asfalto: tem um momento em que o motor fica devendo, mas é pouco. A máxima fica lá pelos 185 e o zero a cem nos 10 segundos, resultados suficientes para a classe.
Outro detalhe meio fraco é o controle dos movimentos da carroceria da parte dos amortecedores. O 1.6 é duro de suspensão mas na hora das costelas nas curvas ele pula de leve, e perde um pouco de aderência na traseira nestes momentos. Isso tudo é culpa de um conceito de que carro esportivo tem que ser duro, vide o triste exemplo dos Uno 1.6R do passado. Fica duro demais e perde aderência, um bem vital no chão quebrado de nossa terra. Portanto queremos uma suspensão mais bem acertada, que mantenha mais as rodas no chão, qualidade imperiosa em carros esportivos que vão ser usados com mais energia. Os freios são bons, tem ABS e disco nas quatro, ventilados na frente, e fazem bem seu serviço, sem maiores detalhes.
É a clássica diferença entre os Peugeot e os Renault, que fica mais clara no Brasil. Aqui o 206 e o Clio tem o mesmo motor mil, mas o 206 é mais confortável e faz mais curvas, embora seja fraco de desempenho por causa de uma caixa excessivamente longa. Enquanto isso o Clio anda mais porque tem uma caixa mais realista, que prestigia o desempenho onde ele vai ser usado de fato. Nos 1.6 isto se repete, com o Renault sendo mais ágil e o Peugeot mais controlado nas curvas.
Esta afirmação nos leva a opinar que o Renault é um carro quente, emocionante, mas não ferozmente esportivo, como um Ka XR é, sem sombra de dúvidas. O elemento de revolta faz falta em doses maiores, como existe na França nos modelos que tem 172 cv e dois litros. Isto sem falar no sonho impossível, o Clio V6, um monumento à adrenalina automotiva.
O problema é o cheque: ele compra também um bom Astra ou um Marea 1.8, carros com muito mais impacto visual. Mas o Clio é uma boa opção esportiva que deve ser entendida em seu próprio contexto, sem comparações.
Ficha Técninca
Potência: 110cv
Torque: 15,2kgfm
Velociade Máxima: 190km/h
Tempo 0-100km/h: 9,4s
Consumo médio: 11km/l
Preço: R$32.990