Land Rover Range Rover Vogue

Se a rainha da Inglaterra usa um para seus deslocamentos informais, quem sou eu para questionar a linhagem do Range Rover Vogue? Topo de linha da marca que agora pertence à Tata, da Índia, ex-colônia britânica, oferece luxo e comodidade em exagero para nenhum nobre botar defeito. O Vogue tem vaga cativa na garagem do Palácio de Buckingham como um dos carros oficiais de Sua Majestade, ao lado de outras jóias da coroa, como os três Rolls-Royce Phantom. Lançado em 1972, está na terceira geração. A aparência atual é de 2001. Já foi considerado um Rolls Royce do fora-de-estrada, mas passou a sofrer assédio dos alemães, incluindo o Porsche Cayenne. A denominação Vogue surgiu em 2006, quando a Land Rover lançou o Range Rover Sport, que, como o nome sugere, tem apelo esportivo. A versão clássica, então, foi rebatizada como Range Rover Vogue. A marca diz que metade dos compradores do Vogue no Brasil veio do segmento de sedãs de alto luxo, e a outra metade saiu de outro SUV. Foram 30 compradores no primeiro trimestre. Custa tanto quanto um apartamento em área nobre: R$ 380 mil. O Vogue é um nobre, mas tem alma de atleta. Tem duas opções de motor: V8 de 4,2 litros a gasolina e compressor mecânico (396 cv), e V8 de 3,6 litros diesel (271 cv), igual a esta que avaliamos. Em ambos os casos, a tração é 4x4 permanente, com reduzida, e o câmbio é automático de seis marchas com seleção para trocas manuais. Para se diferenciar dos plebeus, o Vogue atrai pela tecnologia, a começar pelo 'Terrain Response', sistema de gerenciamento da tração e da suspensão. Com um botão giratório, dá para selecionar cinco programas: normal, neve, lama, areia e pedras. Cada um deles ajusta o veículo para reagir da forma mais adequada em cada situação. Os rivais fazem o gerenciamento de forma automática. O fato é que há tantos recursos que dificilmente um motorista usará todos. Grandalhão Manobras em baixa velocidade são complicadas porque o Vogue é gigantesco. E nem tanto pelo comprimento de 4,96 metros, mas pela largura (2,03 m, sem contar os espelhos, duas penteadeiras de 17,5 cm de largura por 12,5 cm de altura cada uma) e pela altura: 1,82 m com a suspensão no modo mais baixo. Na configuração elevada, útil para atravessar pântanos, coloque mais 9 cm nesta conta. Tive dificuldades para sair da garagem do meu prédio, sem falar no receio de raspar o teto e os cantos dos pára-choques nos estacionamentos dos shoppings. Uma raspada na impecável pintura, um amassado no pára-lama, e a conta do funileiro... O farol quebrou? R$ 6.783,68 a menos na sua conta bancária. O Vogue esterça pouco (o diâmetro de giro é de 12 metros) e isso exige antever as manobras com antecedência. Balizas não chegam a ser um tormento, pois há oito vigilantes sensores de estacionamento (quatro em cada pára-choque) e uma câmera de vídeo na tampa do porta-malas que reproduz, ao vivo e em cores na tela do centro do painel, tudo o que se passa na traseira do carro. Depois que se pega o jeito, ele se revela dócil. A estabilidade é boa, considerando-se o porte do veículo e o peso de 2.710 quilos (1.506 quilos mais pesado que um EcoSport 1.6, apenas como referência). Acima de 160 km/h, a suspensão abaixa automaticamente em 2 cm. Mas ainda assim, estará a 26,3 cm do solo – e isso faz o motorista lembrar-se que está ao volante de um veículo sem tanta desenvoltura em curvas. Apesar do motor forte, a relação peso-potência, de 10 kg/cv, não é muito favorável. Por isso, não deixa de ser admirável que um carro desses chegue a 200 km/h de máxima na versão a diesel, segundo os dados de fábrica. O consumo é proporcional ao conjunto: uma média estimada de 5,6 km/l de diesel na cidade e de 11,2 km/l na estrada. Com um tanque para 104,5 litros, dá para viajar mais de 1.000 quilômetros sem parar para abastecer.