29/08/2019 - João Brigato / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
No Brasil (e uma boa parte do mundo), o Toyota é rei dos sedãs médios e não há o quem o tire do trono. Motivo esse que levou a Volkswagen a dar um tempero de Corolla na nova geração do Jetta. Para os que gostavam a esportividade anteriormente oferecida pelo sedã, como eu, restava a saudade.
Corollização
Havia uma razão para isso: a Corollização (ato ou efeito se se tornar um Toyota Corolla, de acordo com o dicionário dos entusiastas) do Volkswagen Jetta refletiu nas vendas. Apesar de ele manter a quarta colocação no segmento, ele tem mais folga que antes, vale ressaltar. Do ponto de vista de mercado, a estratégia foi certeira.
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A carta na manga da Volkswagen para manter os antigos amantes do Jetta e trazer de volta a diversão ao volante atende por três letras: GLI. Pela primeira vez na história do Jetta no Brasil (considerar também o Bora), a Volkswagen oferece a versão esportiva GLI, presente no modelo americano desde a primeira geração. A receita básica é um Golf GTI com bunda.
GLI vs GTI
Vale a pena comprar um GTI ou um GLI? Apesar de particularmente preferir hatches, o GLI é o que levaria para casa por ser uma compra muito mais racional. Ele custa R$ 144.990, enquanto o Golf GTI parte de R$ 151.530. Até aí a diferença não é grande. Mas aí vem o truque: tudo que o GLI tem de série, o GLI traz como opcional.
Bancos de couro com regulagem elétrica, aquecimento e ventilação, rodas de 18 polegadas, piloto automático adaptativo, faróis full-LED e assistente de frenagem de emergência, são de série no Jetta e opcionais no Golf. Para se equiparar ao GLI, o GTI sobe o preço para R$ 167.440. Com teto solar a conta vai para R$ 172.500 contra R$ 149.980 do Jetta.
Ambos trazem ar-condicionado digital de duas zonas, faróis com acendimento automático, sensor de chuva, chave presencial, partida por botão, central multimídia grande com Android Auto e Apple CarPlay, painel de instrumentos totalmente digital, iluminação interna decorativa, controle de tração e estabilidade.
Em relação ao irmão hatch, o sedã tem vantagem no espaço interno mais farto, no porta-malas maior (510 litros contra 338 litros) e por vir com freio de estacionamento eletrônico. Porém, em alguns pontos críticos, o Golf GTI é melhor, como em acabamento.
Apesar de ser bem-acabado na dianteira, com materiais macios ao toque e sensação de sofisticação, ele deixa claro algumas economias de custo. Não há saída de ar na traseira (coisa que o Virtus tem) e o encosto de cabeça é fixo. Os plásticos usados nas portas traseiras têm menor qualidade do que os do Golf, além do acabamento interno do porta-malas aparentar baixa qualidade.
Golf e Jetta
Golf GTI e Jetta GLI compartilham muito mais do que um nome parecido. O Jetta nasceu como sedã do Golf, mas desde a geração passada se tornou um carro 100% independente. Agora feitos novamente sobre a mesma plataforma, eles trazem o mesmo motor 2.0 TSI quatro cilindros turbo de 230 cv e 35,7 kgfm de torque, abastecido apenas com gasolina.
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A transmissão DSG automatizada de dupla embreagem com seis marchas é banhada a óleo. Com o conjunto, o Jetta GLI chega aos 100 km/h em. Com isso, o GLI faz de 0 a 100 km/h em 6,8 segundos, exatos 0,2 segundo mais rápido que o Golf GTI. A suspensão é do tipo multilink na traseira, mais sofisticada do que nas versões 1.4 TSI.
Careta? Definitivamente não
O que tudo isso significa? Que o GLI é muito divertido de dirigir. Esqueça a pegada Corolla do Jetta 1.4 TSI, aqui a brincadeira é mais séria. Ele acelera com vigor e disposição em qualquer modo de condução. A transmissão tem trocas rápidas que se fazem sentir apenas no limite das rotações.
Em modo Sport, o Jetta GLI mantém as rotações altas o tempo todo, segurando as marchas até o limite. O acelerador mais sensível pede pouco para que o Jetta comece a engolir o asfalto. Há um grande problema nesse modo: a VW instalou emulação do ronco nas caixas de som, que tentam (pessimamente) imitar o ronco do que parece ser um Porsche 911. No fim das contas é mais irritante do que prazeroso.
A direção é mais pesada que no Jetta normal para ajudar a controlar melhor a força extra do GLI. Ela tem bom feedback e é rápida, com relação mais direta. Isso que permitiu encurtar a quantidade de voltas para ir de batente a batente.
Trocando a suspensão macia das versões 1.4 TSI pelo layout firminho típico da Volkswagen, o GLI faz lembrar os bons tempos das gerações anteriores. Ele é mais duro que o normal da marca, a ponto de sentir cada superfície do asfalto. Apesar disso, não maltrata a coluna. Essa característica faz do Jetta GLI um engolidor de curvas.
O sedã se comporta com neutralidade e é preciso bastante velocidade e ângulo para que ele comece a ameaçar sair de trajetória. Em velocidades altas, a traseira do Jetta tende a querer escapar, mas de maneira bastante controlada, o que ajuda a dar mais diversão. O Golf GTI seria mais preciso nesse momento, mas em quantidade de risadas e sorrisos de prazer ao volante eles chegam a empatar.
Modo relax
Um dos grandes pontos do antigo Jetta Highline 2.0 TSI era que ele permitia ser dirigido como um sedã esportivo ou como um pacato. Apesar do visual mais nada discreto do GLI (especialmente nessa cor vermelha), com grade preta, para-choque esportivo, aerofólio, rodas grandes, detalhes em vermelho, saias laterais e saída dupla de escape, ele também sabe ser comportado.
Basta colocar em modo Eco que o Jetta GLI se transforma. As marchas são trocadas cedo, o motor amansa e a economia de combustível vira prioridade. O start-stop trabalha de maneira suave a ponto de não ser necessário desligá-lo. Além disso, o sistema de roda livre desacopla a transmissão quando o acelerador não é acionado e o Jetta está embalado o suficiente.
Nessas condições de rodagem com circuito misto cidade e estrada, o Jetta GLI chegou a fazer 12,2 km/l. É um ótimo consumo considerando ser um carro grande, com motor potente e veia esportiva. O consumo só foi possível sem abusos ou deixar o modo Sport acordar.
Conclusão
O GLI é o melhor Volkswagen Jetta à venda hoje. Honra o passado esportivo do modelo e é uma opção que vai além do que o Highline 2.0 TSI fazia. É um dos únicos sedãs médios (por enquanto) a custar na faixa dos R$ 140 mil, mas entrega tudo que é pedido nessa faixa: espaço interno farto, performance, tecnologia e sensação de sofisticação.
Não há como negar as mancadas de acabamento presentes em toda linha Jetta, mostrando que o Golf é mais sofisticado em diversos pontos. No entanto, o Volkswagen Jetta GLI entrega a mesma diversão ao volante que seu irmão mais velho ainda com a vantagem de custar menos e ser mais equipado.
Se você é fã do Toyota Corolla, melhor ficar com o Jetta 1.4 TSI. Agora se é do antigo VW Jetta Highline que você sente saudades ou acha que o Golf GTI é caro demais, o Jetta GLI é definitivamente o seu carro.
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