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Jeep Commander: aventureiro tamanho família

Um test-drive com o “irmão maior” dos modelos Jeep produzidos no Brasil

08/02/2022 - Henrique Koifman / Fotos: Henrique Koifman / Fonte: iCarros

Durante uma semana, usei como se fosse meu um CommanderLimited, o mais recente lançamento da Jeep brasileira. “Tamanho G” da família – ao lado do compacto Renegade (o “P”) e do “M” Compass, ele tem justamente no maior espaço seu maior atributo. Mas será que é só isso?

Em meu primeiro contato “presencial” com o Commander, ainda na concessionária, tive a chance de compará-lo com um Compass, parado ao lado. São quase 40 centímetros a mais de comprimento – 4,77m contra 4,40m – , que tornam possível acomodar a terceira fileira de bancos e, assim, levar até sete a bordo.

Mas as diferenças vão além disso e, aos meus olhos, chamou mais a atenção o estilo, digamos, mais clássico do modelo maior em relação ao irmão médio. Me lembrou bastante o design do novo Cherokee e, também, os Jeep da linhagem anterior, norte-americanos, antes da influência italiana da Fiat, líder do grupo FCA – e, agora, parte do gigante Stellantis.

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No geral, as linhas um pouco mais quadradas casam bem com seu porte e impõem respeito, sem deixar de serem harmoniosas. Grade, faróis, caixas de roda e outros detalhes, no entanto, mostram explicitamente o DNA da marca. 

Em marcha

Ao volante, porém, o Commander parece até encolher um pouco. Confesso que me preocupei um pouco com o trabalho extra que teria para estacioná-lo – a começar pela vaga de casa, que exige boa dose de paciência (que nem sempre tenho) e alguma habilidade (idem) para guardar ali modelos maiores. 

Não fazia muito tempo, por exemplo, eu tinha suado a camisa para parar ali um Fiat Toro – que compartilha com esse Jeep a mesma plataforma e é ainda 17cm mais comprido. Mas, surpreendentemente, a manobra com o Commander foi bem tranquila. Assim como foi em vagas nas ruas ou mesmo estacionamentos de supermercado.

Ajudam muito o bom jogo da direção, a indispensável câmera de ré e os espelhos bem colocados. A impressão de tamanho menor não se limitou a esses momentos. No trânsito, o jipão é fácil de conduzir, responde com certa agilidade ao acelerador e, novamente, é bem fácil de manobrar. 

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E o que pode atrapalhar no porte acaba sendo compensado pela boa posição de dirigir, que dá um bom domínio do cenário e por atentos avisos luminosos de eventuais veículos em pontos cegos.

Parte do mérito, claro, também está com a boa dupla formada por câmbio e motor – um 2.0 turbodiesel, no caso dessa versão, com 170cv de potência e generosos 38,7 kgfm de torque, valor máximo já disponível às 1750 rpm. 

É esse torque, característico dos propulsores a diesel e ainda mais acentuado pelo turbo, que torna a condução dos quase 1.900 kg do carro tão agradável. Se não o transforma em um “quase esportivo”, como acontecia com as versões com essa mecânica do pequeno Renegade, garante fôlego e disposição suficientes para arrancadas – o zero a 100 km/h acontece em 11,6 segundos –, ultrapassagens e subidas de serra tranquilas.

E, claro, é também esse torque que vai ajudar muito em trechos e situações em que for preciso usar a tração nas quatro rodas, em caminhos enlameados ou cheios de pedras escorregadias, por exemplo – coisa que, infelizmente, não tive a chance de comprovar durante minha avaliação.

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Até acionei algumas das opções off-road do câmbio, mais para ver as luzes indicadoras aparecerem no painel digital e sentir a diferença no rodar do carro que para qualquer outra coisa.

O câmbio com 9 velocidades, aliás, casa muito bem com o motor, aproveitando direitinho o que está a sua disposição. Assim, em arrancadas e retomadas mais enérgicas, tende a esticar um pouco as marchas, mesmo sem usar o recurso “sport”, enquanto solta logo a marcha seguinte quando o motorista pisa mais de leve no acelerador.

Com as aletas no volante, você pode interferir nessas trocas de marcha, o que pode ser bastante útil principalmente em reduções, como antes de tomar curvas ou em descidas de serra e outras pirambeiras. Pessoalmente, uso muito, procurando sempre poupar os freios e aumentar o meu controle sobre o comportamento do carro nesses momentos.

E, por falar em serras, outra boa impressão que o carro me passou foi em relação à estabilidade. Por seu peso, comprimento e altura, confesso que esperava um comportamento menos neutro em curvas, ou, quem sabe, um pouco menos de conforto no rodar. Mas, no geral – e levando-se em conta tudo isso no modo de guiar – o jipão passa segurança e roda macio, sem sustos ou excesso de inclinação e oscilações causadas por transferência de peso em freadas ou retomadas.

Para reforçar a tranquilidade, o pacote segurança inclui sete air-bags, controles de tração e estabilidade, frenagem automática de emergência e outros tantos itens que o colocam no mesmo nível de modelos importados.

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Conforto, espaço, acabamento

Dizer que o espaço interno do Commander é generoso seria chover no molhado. Afinal, isso é o mínimo que se espera de um “irmão maior” de um modelo que já é conhecido por isso, caso do Compass. Por outro lado, claro que adicionar mais uma fileira de bancos ao carro, mesmo com os tais 40 cm a mais de comprimento, compromete um pouco essa abundância.

Na maioria dos veículos que têm esse tipo de configuração, essa terceira fileira é mais compatível com passageiros mirins, como amiguinhos dos filhos do motorista que eventualmente são convidados a bordo. Até porque, além do espaço reduzido, tem acesso complicado, que exige, digamos, boa flexibilidade corpórea.

Para contornar esse problema, a Jeep criou um sistema que permite mover também os bancos da segunda fileira, ajustando sua distância em relação aos encostos da frente e de trás. Colocando tudo num ponto intermediário, torna-se viável para adultos de estatura média viajarem em ambas as fileiras.

Independentemente desse ajuste, a conta de se levar esses dois passageiros a mais – novamente, como e, todos os carros desse tipo – é paga em litros, pelo porta-malas. Dos 661 litros disponíveis quando esse par de assentos a mais está recolhido, o volume cai para 233 litros. Ou seja, viagens com bagagens se tornam complicadas.

Por outro lado, com apenas os dois bancos dianteiros em uso, abre-se ligar para 1.760 litros de carga, com comprimento suficiente para objetos grandes, como pranchas de surf, bicicletas etc. 

Como rodei com quatro passageiros apenas, não avaliei nada disso na prática. Bancos com forração bacana e que apoiam muito bem, ótimo isolamento acústico – mesmo sendo o motor a diesel mais ruidoso que os flex – e térmico, acabamento esmerado, em materiais e montagem, tudo se soma para uma boa experiência a bordo.

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Alguns detalhes caprichados que chamam a atenção, como o trecho do painel à frente do carona, sobre o porta-luvas, forrado em suave alcântara. O painel de instrumentos digital em TFT tem um bom sortimento de funções, que se alternam de maneira sequencial e fácil de entender. 

A multimídia segue o padrão da linha, tem tela de boa resolução e operação bem intuitiva. O banco do motorista tem ajustes elétricos e é fácil encontrar uma boa posição de dirigir (estilo SUV, bem alta), ajustando também a coluna de direção em altura e profundidade. 

Há saídas de ar-condicionado bem posicionadas, que climatizam o carro inteiro, tomadas USB e boa visibilidade do caminho para todos. Por ser o Limited – com essa motorização, na prática, a versão intermediária do Commander – ele não tinha o agradável teto solar panorâmico de série (por fora, como diferencial, a capota é pintada de preto), o que ampliaria ainda mais a sensação de espaço. 

Quem quiser isso, tem de pagar mais pela topo de linha Overland, que custa R$ 301.490, contra os R$ 274.490 desta. Vale sobre isso, aliás, lembrar que ambas as versões do carro também estão disponíveis com a mecânica flex, 1.3 turbo e tração apenas nas rodas dianteiras, por valores mais baixos, a partir de R$ 213 mil. 

Conclusão

Em sua essência, o Commander é um típico carro família em versão aventureira – especialmente com essa configuração 4x4 a diesel. Modelos como ele, hoje, ocupam a faixa que era dominada até um tempo atrás por minivans médias e grandes de luxo. 

Como principal – e bom – diferencial, é um SUV que realmente tem origem, robustez e até vocação para o uso em estradas ruins, fazendo jus à imagem que sua marca construiu ao longo do tempo. E o interessante é que não sacrifica em nada o conforto e a praticidade para conseguir esse posicionamento no mercado.

A despeito de seu porte, é até um carro bastante viável para o uso urbano, ainda que seja um tremendo desperdício ter um 4x4 de sua categoria, com mecânica diesel e um sofisticado sistema de gerenciamento de tração para rodar apenas no trânsito pavimentado. 

Nesse sentido, se a ideia é rodar apenas no asfalto, talvez as versões flex do modelo sejam, mesmo, as mais indicadas. Isso embora seja inegável que, com um motor diesel bem-disposto ronronando sob o capô e a possibilidade de fugir dos caminhos mais óbvios, ainda que só como possibilidade em ocasiões remotas, ele pode valer como uma espécie de “passaporte carimbado”.

Não por acaso, muitos dos anúncios da Jeep para seus modelos falam sobre fugas, escapadas e encontros em locais paradisíacos, de natureza exuberante, ao entardecer. Se essas imagens têm um significado especial para você – e sua família é numerosa –, taíuma boa escolha para ter na garagem. 

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