04/06/2019 - João Brigato / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
Quando o primeiro carro chinês, o Effa M100, chegou ao Brasil há dez anos, muitos ainda viam os produtos da China com certa desconfiança. Hoje, o maior mercado do mundo mostrou que evoluiu a passos largos, como prova o JAC T80. Tanto que deixou o estigma de fabricante de carros populares e baratos para trazer ao mundo elétricos e SUVs. A tecnologia evoluiu tanto que fabricantes de celular como a Xiaomi e Hauwei se tornaram referência global.
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Com o T80, a JAC mostra o seu melhor. Ele é o maior, mais caro e requintado carro feito pela marca chinesa – tanto aqui quanto em seu país de origem. Ele representa a mudança da marca em termos de qualidade de produto e, tal como a Xiaomi, quer mostrar que tem a mesma qualidade de produtos globais, mas com o custo-benefício campeão dos chineses. Mas será que ele consegue?
Clones da china
O primeiro ponto que chama a atenção no JAC T80 é seu design. Ele tem muita personalidade própria, é bonito e bem equilibrado, chamando atenção na rua especialmente por conta de seu porte avantajado e grade gigantesca toda cromada. Com 4,79 m de comprimento, 1,76 m de altura e 1,90 m de largura, ele é maior que todos os SUVs na mesma faixa de preço.
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A carroceria tem vincos discretos, apelando para volumes mais evidentes. Já sua traseira tem um certo quê de Audi por conta das lanternas totalmente abrigadas na tampa do porta-malas, acompanhadas de uma barra luminosa no para-choque. Ainda assim, há elementos próprios. Esqueça do passado em que os carros chineses não passavam de clones de modelos internacionais.
Luxo chinês
Um dos pontos que mais deixa clara a evolução da JAC está no interior. O acabamento no T80 é esmerado e bem cuidado. Todo painel é revestido de couro ou de materiais macios ao toque. As peças ficam firmes no lugar e não aparentam fragilidade. Há cuidados como materiais macios nos puxadores de porta e pressão correta nos botões.
Há alguns poréns, no entanto. A fibra de carbono usada no painel e no console central destoa totalmente do conjunto. Além da aparência pobre, não combina em nada em um SUV que preza pela sensação de luxo. O botão do comando dos espelhos retrovisores foi a única peça de aspecto barato vista no interior do T80.
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Esteticamente há uma evidente influência da Mercedes-Benz por conta das quatro saídas de ar redondas e do relógio analógico entre elas. O console central é recheado de botões para controlar o ar-condicionado e a central multimídia. E você jamais esquecerá que está dentro de um JAC, pois o nome da marca está no volante, manopla de câmbio, painel, relógio e central.
Tipo Huawei sem Android
Em tecnologia, o JAC T80 está mais do que bem servido. Ele traz sistema de câmeras 360° com opção de seleção de uma das quatro câmeras como auxiliar, freio de estacionamento eletrônico, sensor de chuva e farol, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro, entre outros. Mas uma grande falta está na central multimídia.
Apesar da tela de boa definição e bem posicionada, ela carece de recursos. Não Apple CarPlay, nem GPS e, assim como a Huawei, ficou sem Android (no caso Android Auto). A JAC colocou um aplicativo chamado Easy Connect, mas exige que o mesmo seja instalado no seu celular, habilitado modo de desenvolvedor para apenas espelhar o aparelho. Durante os testes, congelou a tela milhares de vezes.
Apesar disso, a JAC tenta compensar a falha da central multimídia ao oferecer, como opcional, sistema de som Infinity com 10 alto-falantes. A qualidade do som do T80 é surpreendente, limpa e com ótimos graves fornecidos pelo subwoofer no porta-malas. Junto ao som melhorado, está o grande teto solar panorâmico.
Com medidas generosas, o T80 tem espaço para sete pessoas de verdade. Os bancos são confortáveis e trazem um couro de boa qualidade – bem acima do que era esperado por um chinês. Há ainda ajustes elétricos, aquecimento e resfriamento para os passageiros dianteiros. A fileira no meio é corrediça, enquanto a terceira leva com facilidade pessoas de estatura média.
Leveza no peso-pesado
Equipado com motor 2.0 quatro cilindros turbo de 210 cv e 30,6 kgfm de torque, o JAC T80 empolga por sua fixa técnica. Mas, por conta do peso alto, não é bem assim que as coisas funcionam.
Ele anda bem para um SUV de seu porte, mostrando agilidade e força suficiente para deslanchar na estrada. Mas não será algo que te fará colar o corpo no banco ou abrir sorrisos na rua. Pena o consumo ser tão alto (cerca de 7 km/l nos testes) e beber apenas gasolina.
A transmissão é do tipo automatizada de dupla embreagem com seis marchas. As trocas são rápidas e surpreendentemente suaves. Já a direção é bastante leve e sem tanto feedback do asfalto. Ela traz os modos leve, normal e pesado, mas me senti obrigado a usar o pesado o tempo todo pois é o único modo em que a direção não fica boba pelo excesso de leveza.
Já a suspensão segue pelo conforto. É macia e comportada, mesmo para um SUV desse tamanho todo. Ele se mantém estável na estrada sem sacolejar demais e em curvas se comporta, desde que não sejam feitos abusos. Apesar da fibra de carbono no painel e dos 210 cv, o JAC T80 não é um SUV com pegada esportiva, definitivamente.
Conclusão
Se hoje você já confia em fabricantes chinesas (Xiaomi e Huawei) na hora de comprar um celular, repense seus conceitos sobre os carros. JAC e Chery mostraram que evoluíram muito e estão no mesmo nível dos nacionais e o T80 é prova disso. Ele é um bom SUV, tem acabamento bem cuidado, mecânica condizente com seu porte e tecnologia.
Anos um carro chinês era regido mais por defeitos do que por qualidades. Hoje com o T80 a reclamação vai por não ter Android Auto e Apple CarPlay, pela fibra de carbono cafona no painel e por ser gastão. E são pontos de correção que poderiam aparecer em qualquer carro nacional ou de fabricantes consagradas.
Por R$ 149.990 fica difícil achar outro SUV com o mesmo tamanho, equipamentos e refinamento. O que pode barrar muitos consumidores ainda é a falta de uma rede grande de concessionárias e a desvalorização acentuada. Mas atente-se aos chineses, pois o JAC T80 já é prova de que sabem fazer carros bons e que aprenderam mais rápido que os coreanos e japoneses.
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