12/03/2013 - CarNews / Fonte: iCarros
Kaiser é uma das palavras do alemão mais conhecidas por outras culturas. A propósito, sua origem não é germânica, deriva do latim, César. Este era o nome dado ao imperador de Roma que, há quase 2.000 anos, era o sujeito mais importante de uma Europa que o pertencia. Kaiser é também o apelido do gênio Franz Beckembauer, o único homem da Terra que triunfou na Copa do Mundo no campo – e na sequência – no banco como técnico na seleção alemã. Há anos o ex-capitão vive isolado do mundo numa cidadezinha chamada de Kitzbühel nos Alpes austríacos, onde estou agora. Minha missão: mostrar a Beckembauer o novo Kaiser sobre rodas, a sétima geração do Golf, o Volkswagen que há cinco anos domina a Europa.
Não fiz isso por idolatria a Franz ou por messianismo. É que foi o melhor pretexto que encontrei para convencer meu chefe a saborear novamente as deliciosas estradas que nos levam a Kitzbühel – a mais de 700 metros de altura e decorada de neve. E contei com o Golf certeiro: o 4Motion. Trata-se da versão 4x4 do hatch que bebe apenas diesel e dispensa asfalto de Autobahn para se impor.
Neve, mais neve
Embora Kitzbühel se encontre no cume de uma cadeia de montanha subimos até um centro de esqui chamado Ellmau para buscar mais neve e testar a eficiência da quinta geração do diferencial da sueca Haldex, desenvolvida especificamente para a MQB, a plataforma modular usada pelo novo Golf. A tração com comando inteligente 4Motion pesa 1,4 kg menos do que a anterior e não precisa de acumulador de pressão.
Uma unidade de controle calcula, permanentemente, o torque ideal para o eixo traseiro e regula – ao ativar a bomba de óleo – o quanto a embreagem multidiscos deve fechar. Quase 100% do torque de tração pode ser dirigido ao eixo traseiro, se você quiser.
Gelo, esquiadores, caminhão limpa-neve...Nada intimida o Kaiser. Até aqui chegamos tracionando as rodas dianteiras. O Golf agüenta o tranco e precisávamos segurar o consumo de combustível. Não há posto por perto. Cinco quilômetros montanha acima e a neve cai como chuva tropical. O solo é branco. Tudo é branco. Aciono o 4x4. Uma luz no painel avisa que o sistema está ligado.
Engato a primeira e vamos. Logo nos primeiros 200 metros noto que o Golf não patina. Arrisco a segunda e acelero mais forte. O controle de estabilidade começa a funcionar e você começa a sentir as primeiras vibrações do sistema 4Motion em busca da roda que melhor traciona para entregá-la todo o torque. Chego a segunda curva fechada e decido não arriscar. Confesso que me senti um covarde após contorná-la e ver que o Golf 4Motion nem tomou satisfação. Mais confiante, a partir dali, deixo que a frente passe a apontar a curva para acelerar forte. “Quero ver do que você é capaz”, digo em voz alta ao Kaiser. E o Golf parece me responder nervoso ao fazer que a traseira tendesse a sobrepassar a dianteira. Neste momento, porém, o controle de estabilidade se encarregava de construir a diplomacia entre nós.
SUV pra quê?
Quando me preparo para retornar a Kitzbühel, um susto: dois esquiadores cruzam a “estrada” sem notarem a aproximação do Golf. Freio forte. O ABS entra em ação. Viro o volante à esquerda, o Golf não patina mesmo com o piso liso como chão de borracharia. Segundo a VW, no gelo, o Golf 4Motion necessita, em média, 1,5 metro a mais para frear totalmente. O novo Golf 4Motion também é equipado, tanto no eixo da frente quanto no de trás, com a função XDS que, durante curvas rápidas diminui a velocidade das rodas voltadas para a parte de dentro da curva. E a capacidade de rebocamento cresceu para até 1.700 kg em terrenos com inclinação de até 12%. E aqui eu me pergunto: por que raios alguém precisa de um SUV?
Retorno do tour no gelo convencido que o Golf 4Motion é o que o Tiguan deveria ser. E antes que o chefe pergunte: não, não encontrei Franz no caminho. E antes que você me pergunte: não espere por essa versão do Kaiser no Brasil. Em compensação, meu caro, é certa a venda da sétima geração do hatch por aqui. O mais provável é que chegue ainda neste ano importado da Europa nas versões 1.4 e 2.0, ambos turbo. A produção local ou no México é para o ano que vem.
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