23/01/2019 - João Brigato / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
A primeira vez que dirigi um Chevrolet Camaro, nos idos anos de 2015, presenciei um efeito inédito. Durante a sessão de fotos, crianças e adultos nos interrompiam para tirar fotos do carro e perguntar sobre ele, como se ali existisse uma verdadeira celebridade. Pobre do SUV chinês, ainda inédito no Brasil, que acompanhava o Camaro e foi alvo de curiosidade de apenas uma criança atenta.
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Apesar de extremamente chamativo, alvo de desejo de muitos brasileiros e de ter sido tema de uma grudenta música sertaneja, o primeiro Camaro a desembarcar oficialmente no Brasil não trazia uma experiência memorável ao volante. Sim, era potente e forte, mas ao mesmo tempo era arisco, pouco sofisticado e muito claustrofóbico. Os anos passaram e uma nova geração surgiu em 2016, trocando a plataforma de Omega australiano pela usada nos Cadillac e o resultado parecia claro. Mas será que o Camaro evoluiu tanto assim?
O que os olhos não veem
Se o antigo Camaro já chamava a atenção, o novo modelo também não passa desapercebido. Além da pouco discreta pintura laranja e da agressiva dianteira, o belíssimo ronco do motor V8 6.2 de 461 cv e 56,7 kgfm de torque chama a atenção. Durante as fotos que ilustram a matéria, o simpático dono de um Fiat Cronos nos abordou para saber mais sobre o carro se revelou um ex-dono da geração anterior do muscle-car. Aliás, ele não foi o único a desviar de sua rota por causa do Camaro laranja durante os dias que convivi com ele. Ao menos, dessa vez, o esportivo não se tornou mais centro da atenção das crianças: talvez porque o Bublebee de Transformers tenha trocado a roupa de Camaro pela de Fusca.
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Mas e como ele anda? Toda força do motor V8 é enviada diretamente por meio da nova transmissão automática de dez marchas às rodas traseiras. A mudança de plataforma fez com que o comportamento do esportivo se tornasse mais afiado e preciso: se antes, qualquer bobeada fazia com que ele saísse descontroladamente nas curvas, agora seus limites são mais claros e difíceis de serem atingidos.
O Camaro é um muscle-car que faz curva, e muito bem por sinal. A traseira não escorrega se você não quiser, enquanto a frente aponta com firmeza. Apesar da força bruta, o peso total de 1.798 kg se faz sentir. Ele não é ágil e destemido como alguns cupês europeus que rivaliza, adotando uma postura tipicamente norte-americana mais confortável às intermináveis retas das highways do que às serras cheias de curva.
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Como resultado disso, a direção elétrica é pesada mesmo no modo mais confortável quando o esportivo está em movimento. Nas manobras, o peso fica mais contido. A suspensão também trabalha em prol da esportividade, com seus ônus e bônus. Ter evoluído para um conjunto independente na traseira deixou o modelo (muito) melhor nas curvas, mas a atuação é firme além do esperado para um carro americano. Cada superfície do asfalto é traduzida em solavancos e movimentações na coluna do motorista.
Todos esses aspectos já faziam parte da nova geração que estreou em 2016. Mas na última reestilização uma importante novidade foi adicionada ao Camaro: transmissão automática de dez marchas. Desenvolvida em parceria com a Ford, tanto que equipa o Mustang, o câmbio é rápido e suave nas trocas em uma tocada mais urbana e contida. Por outro lado, quando exigido, faz reduções rápidas e ajuda o V8 a encher rápido e emitir seu belo e característico som.
Contingência de Mustang
Se nesses últimos anos o Camaro teve vida fácil no Brasil, afinal, não tinha nenhum de seus rivais eternos presentes oficialmente no mercado, agora ele tem de viver sob a ameaça do Ford Mustang. Coincidindo com a chegada do Ford, a Chevrolet deu ao seu muscle-car importantes novidades visuais e de equipamentos. Agressiva e exagerada, a dianteira agora é marcada por uma generosa área em preto que conecta os faróis e as entras de ar, além do logotipo deslocado para o meio do para-choque. O resultado não agradou nos EUA e deve passar por mudanças em breve. Na traseira, a novidade marcante fica por conta das novas lanternas de LED com elementos circulares.
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A cabine é mais sofisticada que antes, com boas parcelas de couro nas portas e no painel. Ainda há plásticos em diversos cantos, como reflexo do posicionamento do Camaro como um esportivo mais em conta nos EUA, ainda que sejam peças de qualidade. No passado, até componentes do antigo Corsa estavam presentes no interior do esportivo, mas agora somente as aletas de comando atrás do volante são as mesmas dos populares da marca.
O único ponto que continua a ser compartilhado com o antigo Camaro é a sensação claustrofóbica atrás do volante. O teto é baixo e bastante inclinado, além de ter revestimento em preto, fazendo com que pareça ainda mais reduzido. Por conta da ótima posição de dirigir para um esportivo (ou seja, praticamente deitado) e da linha de cintura consideravelmente alta, os olhos do motorista ficam pouco acima da borda das janelas. É menos claustrofóbico que o modelo antigo, mas ainda assim é uma sensação não vista no Mustang.
De série, a versão SS vendida no Brasil traz itens como câmera de ré, bancos com aquecimento e resfriamento, além de regulagem elétrica, aquecimento do volante, teto solar, ar-condicionado digital de duas zonas com temperatura controlada por um rotor direto na saída de ar, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, além de sensor de ponto cego e controle tração e estabilidade.
São itens que trouxeram sofisticação e tecnologia ao Camaro para justificar seu preço na casa dos R$ 300 mil (valores oficiais do modelo reestilizado não foram informados pela GM até o fechamento dessa matéria) e tentar peitar o Ford Mustang. Apesar disso, ele fica devendo alguns componentes tecnológicos como controle de cruzeiro adaptativo, sensor de estacionamento na dianteira e frenagem de emergência. Até mesmo o típico OnStar, presente no Onix, não foi visto mais no Camaro: no lugar do botão azul ficam os comandos para a câmera que faz as vezes de espelho retrovisor caso o motorista acione a lingueta atrás do conjunto.
Conclusão
O Chevrolet Camaro é, definitivamente, um carro para quem não quer passar desapercebido pelas ruas. É potente, tem um som incrível vindo de seu motor V8 6.2, traz um comportamento exemplar em curvas para um muscle-car e está anos luz em termos de refinamento em relação ao seu antecessor. A convivência no dia-a-dia é mais dura que em um Mustang e alguns itens fazem falta, mas ainda assim a experiencia vale a pena. Paixão é algo que não se discute e se seu coração bate mais forte por esse V8 americano, aproveite: o Camaro está melhor do que nunca.
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