24/04/2022 - Texto e fotos de Henrique Koifman/RF1 / Fonte: iCarros
Recentemente atualizado em aparência e conteúdo, o Renault Kwid é hoje, na prática, uma das duas opções verdadeiramente “de entrada” em nosso mercado, com preços começando em cerca de R$ 60 mil – a outra é seu arquirrival, o Fiat Mobi.
Passei uma semana com sua versão intermediária, a Intense, em uso (com o perdão do trocadilho) intenso. Neste post, falo sobre o carro e de nossa convivência.
Começo pela constatação meio óbvia de que os carros pequenos são a opção mais racional para quem necessita ou deseja dirigir nas grandes cidades e devo confessar que eles estão entre meus tipos preferidos de carro nesse ambiente.
Afinal de contas, eles são mais fáceis de estacionar, em vagas de rua ou garagem; são, hum, esguios no trânsito e, geralmente, bebem pouco combustível.
O Kwid se encaixa certinho nesses atributos do parágrafo anterior e, de quebra, ainda traz em suas linhas e jeitão um certo apelo aventureiro, sendo apregoado como o “SUV dos (sub) compactos”. Isso não quer dizer, claro, que você vá encontrar nele a tal sensação de força e robustez dos utilitários.
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Digo isso porque, para quem nunca dirigiu um modelo desse tipo, as sensações iniciais podem impressionar um pouco. Suas portas, por exemplo, em comparação a outros carros um pouco maiores e/ou de categoria superior, são finas e leves e, quando se fecham, fazem um ruído pouco aconchegante.
E, embora o espaço interno no sentido longitudinal seja até surpreendente para seus 3,68 metros de comprimento total (e 2,42m de entre-eixos), na largura (pouco menos de 1,80m) promove, digamos, uma convivência mais assídua do tipo ombro a ombro, especialmente para adultos mais corpulentos.
Nada tão radical e claustrofóbico quanto nos pequenos minicarros japoneses – como o Daihatsu Cuore e o Subaru Vivio, que chegaram a ser vendidos aqui no Brasil nos anos 1990. Nem de perto.
É mais uma questão de hábito que de incômodo. E depois de uns dois dias tirando vantagem dessa ligeira estreiteza no trânsito, você começa a entendê-la como grande vantagem.
Ao volante, morro acima
Retirei o Kwid de uma concessionária que fica pertinho da subida para o Alto da Boavista, aqui no Rio de Janeiro. Vale explicar que, com seu bom piso de concreto e asfalto e um traçado íngreme e muito sinuoso, esse trajeto – que também serve de caminho entre os bairros da Tijuca e da Barra – faz parte da história do, digamos, automobilismo formal e informal da cidade.
É claro que foi exatamente essa a direção que tomei. Pesando apenas 790 kg, o carro é puxado por um motor de três cilindros, que gera até 71cv de potência e até 9,8 kgfm de torque – 1cv a mais do que tinha até o ano passado, graças a ajustes feitos por conta das novas normas de emissões.
Apenas comigo a bordo, com trânsito tranquilo, a subida foi bem divertida. O motor é daqueles que costumamos classificar como “girador”, acelerando rapidinho, o que faz com que mantê-lo acima dos 4.250 rpm, em que se manifesta o seu torque máximo, seja bem fácil, desde que não se tenha preguiça na troca de marchas.
O câmbio manual de cinco velocidades ajuda, com suas marchas mais baixas curtas e engates fáceis. Nada que inspire uma tocada esportiva, claro. Aliás, com pneus não muito largos, não dá para abusar muito em curvas fechadas, mas nem é essa a proposta do carrinho.
A direção com assistência elétrica tem boa ação e a suspensão é até mais para durinha, o que ajuda a mantê-lo mais na mão. Mas o foco ali está definitivamente mais na eficiência e na simplicidade que no arrojo.
No dia a dia
No resto da semana de avaliação, usei o carro para todo tipo de deslocamento – sempre na cidade. De distâncias curtas de menos de 5 km e com o trânsito da hora do rush a um passeio mais longo, com cerca de duas horas ao volante e trechos mais livres de vias expressas.
Na média, o consumo que obtive ficou um pouco abaixo dos 15,5 km/litro de gasolina medidos pelo INMETRO para o modelo. Alternando momentos em que acompanhei a performance pelo simpático aplicativo nativo da multimídia, que dá scores ao desempenho econômico do motorista, com outros em que pisei mais fundo, minha média geral ficou próxima aos 14 km/l em cerca de 300 km percorridos.
Na economia, ajudou o sistema start-stop, que desliga e religa o motor em paradas ligeiras no semáforo e manobras do gênero, e que agora é de série em todas as versões do carro.
Levando em consideração as dimensões do modelo, seu porta-malas é até bem generoso, como espaço para 290 litros de bagagens, que foram suficientes para as compras que coloquei ali. Só como comparação, essa é a mesma capacidade oferecida pelo Chevrolet Cruze Sport 6 RS que testamos aqui há poucas semanas e que é um hatch de porte médio,
Conforto e recursos
Do tal trajeto mais longo, saí um pouco cansado pelo pouco apoio do banco do motorista, que poderia ser um pouquinho mais envolvente e com espuma mais densa. Outro pequeno desconforto vem do nível de ruídos.
Típico dessa faixa de preço, ele vem não só do motor e da transmissão em giros mais altos, como do próprio funcionamento do conjunto de suspensão, que se manifesta a cada calombo ou buraco mais contundente pelo caminho.
A posição de dirigir é bem satisfatória, embora não haja ajustes para a coluna de direção, com acesso fácil ao que é mais necessário e uma boa leitura do simpático (simples, mas completo) painel de instrumentos digital. E, mesmo com o meu banco regulado para meu 1,87m, deu para encaixar dois passageiros no banco de trás.
Já foi o tempo em que um carro desse tipo, “de entrada”, era sinônimo de falta de equipamentos. Nesta edição 2022, além de retoques na dianteira, o modelinho ganhou vários itens de série interessantes e que tornaram nossa convivência bem mais agradável – e segura.
No Intense, a lista começa por travas e vidros elétricos (estes últimos, somente nas portas dianteiras), ar condicionado, uma boa multimídia com (a fundamental) câmera de ré incorporada, ajustes elétricos para os espelhos, luzes diurnas em LED, air-bags frontais e laterais, controle de estabilidade e assistente de partida em rampa.
No modelo que avaliei, o teto trazia a opcional pintura em preto, que compõe bem o estilo e destaca o tal jeitão SUV do pequenino. Um aventureiro com total vocação para a cidade e que, nesse contexto, pelo preço e pelo que oferece, é uma boa opção de compra.
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