Uma das estrelas do Salão Internacional de Carro Antigo, que funciona até domingo no Anhembi, em São Paulo, é um Tucker Torpedo. O carro nasceu de um sonho do norteamericano Preston Tucker que criou a fábrica do sedã que teve apenas 51 unidades produzidas e apenas três delas estão fora dos Estados Unidos. “Um foi pra Europa, outro está no Japão e o terceiro é este, o de chassi número 1035”, disse Vanderlei Munhoz Salaviaw, estudioso sobre o modelo.
O Tucker exposto no evento pertence hoje à Prefeitura de Caçapava (SP) e foi trazido para o Brasil em 1952, quando um casal o ganhou em uma rifa de igreja em São Paulo. Antes disso, ele foi pintado de azul, quando sua cor original era bordô. Em 1952 ele foi parar nas mãos de Joseph Molitor, que o levou para uma temporada em Luxemburgo e logo o trouxe de volta ao Brasil. Molitor teria trocado o motor por um de Cadillac. O original, um boxer de seis cilindros e 5,5 litros teria ido parar em uma lancha e hoje está em Bebedouro (SP). Molitor também pintou o carro de preto.
Depois disso, segundo Salaviaw, o carro foi comprado por Orlando Bombardi, que deu o sedã de entrada em uma casa. O Torpedo então foi para uma loja na Av. São João, no centro da capital paulista, até ser achado por Roberto Lee, então proprietário do Museu Paulista de Antiguidades Mecânicas, que funcionava em uma fazenda em Caçapava.
Com a morte de Lee em 1975, aos 41 anos, seu pai Fernando Edward Lee manteve o museu aberto até 1993. Em janeiro deste ano, o acervo foi doado à prefeitura, que expõe parte dele no Salão do Carro Antigo para procurar investidores interessados no restauro, caso do Tucker Torpedo.
Segundo o jornalista José Rezende Mahar, a história do Tucker vai além disso. O carro exposto tem apenas a carroceria de Tucker, que possuía motor traseiro e, neste caso, o espaço hoje vazio é adaptado para um propulsor dianteiro. Chassi, painel e volante também vieram do Cadillac. “O problema do Tucker foi ter feito um carro revolucionário quando GM e Ford faziam veículos de pré-guerra. Acabou tendo problemas obscuros de fornecimento de peças e optou por encerrar sua produção”, conta Mahar.