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Quanto dura um motor de carro?

Uma longa vida útil está relacionada a uma série de fatores, muitos dos quais dependem diretamente do motorista. Confira

06/01/2023 - Henrique Koifman/ RF1 / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros

Sinto informar mas, tal como ocorre com a gente, não existe um elixir ou procedimento que vá garantir a vida eterna aos motores dos automóveis. E, seguindo a mesma analogia, o que determina a longevidade e a, digamos, qualidade de vida de um motor mais rodado é basicamente sua trajetória.

Independentemente disso – e salvo casos mais raros –, o mais comum é que um motor a gasolina ou flex funcione corretamente por algo entre 200 mil e 300 mil km. Depois disso, provavelmente perderá eficiência e pode começar a apresentar defeitos, necessitando de uma retífica. 

Com a pregunta do título respondida, vamos tratar do que você pode fazer para estender a “juventude” do propulsor de seu carro, adiando ao máximo a necessidade de um (caro) recondicionamento geral. E isso, como mencionei, depende do modo com que ele é tratado.

Primeiro, a manutenção

Dentro dessa lógica, algumas regras são básicas – como manter a manutenção em dia, seguindo o plano estabelecido pelo fabricante e indicado no manual do proprietário do carro. E isso inclui seguir fazendo as revisões periódicas mesmo depois que a garantia de fábrica terminar.

Essas revisões pós-garantia podem ser feitas em concessionárias ou, se você preferir, em uma oficina independente da qual tenha boas referências e em que confie. E é aconselhável guardar sempre as notas fiscais e descritivos dos serviços que forem feitos, para poder consultar depois.

Componentes desgastados, filtros sujos, saturados de impurezas, velas ineficientes, vazamentos, falhas nos sistemas de ignição, injeção e, principalmente, arrefecimento (refrigeração), por menores que pareçam, fazer com que o motor tenha de se esforçar – e desgastar – mais para cumprir seu papel.

O óleo lubrificante com validade (de quilometragem e/ou tempo) vencido ou de qualidade inferior ao indicado, também acaba atuando como um “acelerador de envelhecimento”, aumentando sensivelmente o desgaste do motor pelo atrito e temperatura.

Menos lembrado, o líquido de arrefecimento – o que nossos avós chamavam de “água do radiador” – também merece atenção. Ele é composto por água desmineralizada e aditivos que, entre outras coisas, evitam a corrosão dos dutos internos do motor, e também tem prazo de validade.

Quando está vencido, perde a eficiência e, a longo prazo, pode prejudicar a circulação do refrigerante por partes do motor, levando ao superaquecimento – o que, novamente, encurtará a vida do dito cujo.

Além disso tudo, aos primeiros sinais de falhas, ruídos estranhos, fumaça ou queda de desempenho, procure logo a oficina. Assim como certos problemas de saúde, falhas mecânicas podem se agravar muito se não forem logo corrigidas – além de, novamente, encurtarem a vida útil do motor.

Dirija com carinho e atenção

Os motores e demais componentes do carro – como a suspensão e a transmissão – são projetados e fabricados para funcionarem dentro de certos parâmetros. Alguns são meio óbvios: colocar mais peso a bordo vai exigir um esforço extra e, portanto, provocar desgastes prematuros também.

Outra coisa que provoca esforços desnecessários na propulsão é não trocar as marchas no tempo adequado. Esticá-las demais, elevando o giro para perto do limite por longos períodos, vai envelhecer a máquina precocemente. 

Por outro lado, usar marchas mais altas em velocidades baixas ou situações em que se precisa de maior torque e potência – como subir ladeiras – também força muito o motor e a caixa de transmissão, que agonizam sem fazer barulho.

Além disso, novamente como os humanos e outros bichos, ao acordarem, os motores precisam de um tempinho para se aquecerem. Não que você não possa sair com o carro da garagem após, digamos, uns 30 segundos de funcionamento, mas evite acelerar muito forte nos primeiros cinco minutos.

É esse mais ou menos o tempo necessário para que, além de uma boa lubrificação de todas as suas partes internas, o motor atinja a temperatura apropriada, numa espécie de ajuste fino de seus componentes (metal se dilata com o calor, lembra?). 

Girar a chave e pela manhã e ir logo tascando o pé no acelerador até o fundo equivale a, digamos, acordar alguém com um balde de água gelada. Especialmente em dias mais frios. Essas e outras dicas costumam estar no manual do carro, aliás.

Diga-me o que bebes, te direi como estás

Por último, mas não menos importante, seja criterioso com os combustíveis com que abastece o seu carro. Gasolina ou etanol adulterados podem agir como verdadeiros venenos no motor e, em casos extremos, provocar até a sua morte prematura (já aconteceu com o carro de um amigo meu).

Desconfie sempre de postos que oferecem preços muito inferiores à média, especialmente em estradas em que a fiscalização pode ser mais difícil. E, se puder, prefira sempre os combustíveis aditivados e com origem comprovada. 

Por manterem o sistema de combustível mais limpo, esses aditivos, quando realmente eficientes, ajudam a prolongar a saúde do motor.

Seguindo esses conselhos, a menos que ocorra algum imprevisto muito grave, o motor de seu carro vai funcionar direitinho pelo prazo previsto por seus criadores e fabricantes, tendo – como costumava desejar o Sr. Spock, da série “Jornada nas Estrelas” – uma vida longa e próspera.


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