entre ou cadastre-se

mais serviços

mais serviços

Uma viagem com a nova Chevrolet Silverado High Country

Picape full-size da Chevrolet chega importada dos EUA por quase R$ 520 mil e fomos experimentá-la no Pantanal

13/12/2023 - Henrique Koifman - Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros

Depois de algum tempo sem uma picape grande em seu portfólio no Brasil, a GM está trazendo agora para cá, dos EUA, a Chevrolet Silverado em sua versão de luxo High Country. Para conhecer e experimentar esse utilitário de quase seis metros, fomos ao Pantanal de Mato Grosso do Sul.

Vale explicar que por “picape grande” me refiro às chamadas full-size, um segmento que fica acima de modelos como Ford Ranger, Nissan Frontier, Mitsubishi L200, VW Amarok e Chevrolet S10, que ocupam a faixa média. Nos EUA, é justamente esse segmento “tamanho G” o dos veículos mais vendidos.

Picapes estão em alta, também no Brasil

Não por acaso, há décadas, o carro mais vendido na terra do Tio Sam é a Ford série F, incluídas aí suas várias configurações, atualmente da F-150 à F-450. E, no caso da Chevrolet, é justamente a Silverado o modelo da marca mais vendido no mundo hoje em dia.

E, mesmo aqui no Brasil, hoje, esse tipo de automóvel está em franca expansão, ganhando cada vez mais compradores. Segundo a Chevrolet, as picapes já representam impressionantes 20% do mercado – incluídas aí, claro opções de todos os portes, da best-seller compacta Fiat Strada à gigantesca RAM 3500.

Daí ser natural que a General Motors queira completar o seu cardápio de picapes em nosso país – onde já oferece a compacta média Montana e a média S10 – com uma opção grande. E é por isso que, 22 anos depois de deixar de ser produzida aqui (de 1997 a 2001), a Silverado retorna ao Brasil.

Silverado chega em versão única

Esta Chevrolet Silverado que está chegando é da quarta geração, lançada globalmente em 2019 e que recentemente passou por uma atualização caprichada. Ela vem com o visual retocado, principalmente na grade dianteira e faróis – de LED, como toda a sua iluminação, aliás. E, também, com uma série de aprimoramentos em termos de conforto, recursos e mecânica.

A picape chega em versão única, a luxuosa High Country, com motor V8 a gasolina de 360 cv de potência e 52,9 kgfm de torque, tração nas quatro rodas e câmbio automático de 10 marchas. E, traz de série um pacote de itens off-road que, na América, é vendido como opcional.

 

Nos EUA, aliás, essa versão só está abaixo na tabela da ZR2, que custa uns 5 mil dólares a mais e se diferencia por ser mais potente – com opção para um V8 de 6.2 litros a gasolina mais brabo do Camaro, de 425 cv –, ter visual mais descolado e trazer o tal pacote off-road. Será que nos demos bem nessa?

No mais, o interior combina, digamos, o melhor dos dois mundos, com um estilo country americano – incluindo belos painéis em padrão de madeira, forração caprichada em couro natural e proporções nada minimalistas – com uma coleção de modernidades.

Entre elas, teto solar elétrico (pequeno), bancos dianteiros e direção com regulagens elétricas, aquecimento e ventilação (nos assentos), painel de instrumentos totalmente digital configurável, multimídia sofisticada – com sistema residente da Google que dispensa o emparelhamento do celular para o uso de aplicativos.

E tem até um sistema de atualização on-line para boa parte dos sistemas eletrônicos de gerenciamento do carro, feito “pela nuvem”, sem que o dono sequer precise ir a uma concessionária para isso.

Nosso test-drive com a nova Chevrolet Silverado

Nossa avaliação da nova Silverado começou nas ruas de Campo Grande (MS). Com seus quase seis metros de comprimento, dois metros de largura e outros quase dois metros de altura, ela é quase um VUC (Veículo Urbano de Carga), aqueles caminhõezinhos leves para entregas.

O espaço interno, claro, é proporcional a tudo isso, com mais de três metros e setenta de distância entre-eixos e dois de largura, é quase um salão de baile para cinco pessoas. E, para o motorista, encontrar a melhor posição de dirigir é até fácil, com ajustes em muitos detalhes e a ajuda elétrica para banco e direção.

Essa Silverado High Country que a Chevrolet trouxe para o Brasil vem com aqueles espelhos retrovisores laterais imensos, dimensionados para o uso de reboque, com duas áreas diferentes de reflexão. Tipo de caminhão, mesmo. O retrovisor interno tem tamanho normal, mas pode funcionar, digamos, em modos analógico ou digital.

É um espelho normal, que, como é de se esperar, tem sua visão um pouco atrapalhada pelos encostos de cabeça no banco de trás e por eventuais coisas na caçamba. Mas basta apertar um botão para que ele passe a mostrar uma imagem em alta definição capturada da tampa traseira.

A imagem é tão boa que você até se esquece que é virtual – eu me esqueci e não mais desliguei a coisa durante os dias em que usei o carro. Com tudo isso e – felizmente – sem ruas muito apertadas na rota, atravessar a cidade exigiu um pouco mais de atenção, mas foi tranquilo.

Comboio formado – estávamos em um grupo de jornalistas, divididos em duplas nas picapes – partimos pela rodovia, quase sempre muito plana, de mão dupla e com o asfalto variando entre bom, razoável e extremamente ondulado.

 

Uma picape grande que anda como…  uma picape grande

Sabe aquele papo do utilitário que “nem parece uma picape” ou que “não mostra o tamanho que tem”? Com essa Silverado, para bem e para mau, esqueça isso. Ela se comporta como uma picape full-size, de duas toneladas e meia com rodas de 20 polegadas e pneus todo terreno (275/60R20).

E isso quer dizer que há oscilações e transferência de peso bem diferentes das de um veículo menor, mais leve e mais baixo. E você vai perceber isso a cada imperfeição mais protuberante do caminho, em curvas mais fechadas ou em acelerações e frenagens mais fortes. Mas, em momento algum senti que fosse perder o controle do carro.

Aliás, na estrada, fazer ultrapassagens com essa Silverado foi uma das coisas mais divertidas – e seguras, vale destacar – de nosso test-drive. Segundo a Chevrolet, ela acelera de 0 a 100 km/h em 7,4 segundos. Como nos automóveis mais completos, ela vem com diferentes modos de condução, do “ECO”, mais comedido, ao esportivo e à programações para fora de estrada.

Mas mesmo sem acionar o modo “sport” de condução, basta cravar o pé no acelerador para que suas costas sejam empurradas contra o encosto, como num esportivo, a Silverado solte um “rugido” animado e pareça dar um bote de onça para a frente.

O sistema automático de tração nas quatro rodas distribui a força de acordo com a demanda e, pelo menos no asfalto, praticamente não há desperdício de força. E, para reduzir depois, há borboletas para seleção manual de marchas no volante e os freios – a disco nas quatro rodas – seguram bem.

Por maior que seja a carreta para ultrapassar, a manobra é rapidinha e a direção é direta o suficiente para passar confiança: mesmo em trechos de pista estreita e mais ondulada foi fácil controlar o carro.

Um motor V8 tradicional com gerenciamento tecnológico

Aqui vale interromper a viagem para falar do motor dessa Silverado. Como mencionei, ele é um V8 que descende diretamente dos que fizeram a fama da Chevrolet nos últimos 60 ou 70 anos. Sua base é a mesma dos que são usados em modelos esportivos como em versões do Camaro e do Corvette.

Para atender às leis de emissões e otimizar o consumo de gasolina, no entanto, esse motor recebeu, mais recentemente, uma série de aprimoramentos. Ele tem 32 válvulas (quatro por cilindro) e injeção direta de combustível. E é gerenciado eletronicamente.

Segundo o pessoal da Chevrolet, são 17 diferentes configurações de funcionamento, que desligam (param de injetar gasolina) em alguns dos cilindros, quando o carro está em velocidades mais baixas ou mesmo altas, de cruzeiro. E, claro, abrem todas as torneiras quando você pisa mais fundo.

 

Pena que, com o ótimo isolamento da cabine, com as janelas fechadas, o som do veoitão seja tão baixinho e suave. Tive de chegar perto do escapamento da picape, mais tarde, para ouvir aquele rugido meio borbulhado, típico desses motores clássicos (e em extinção). É, isso é queixa de nerd.

Na terra, a Silverado se sente em casa

Depois de rodarmos pouco mais de 200 km pelo asfalto, saímos para uma estrada de terra, quase sempre plana, larga e em bom estado – a não ser pelas já esperadas “costelas de vaca”. O clima estava bem seco e o piso era coberto de argila com cascalho, ficando algo escorregadio.

Com a tração integral inteligente (automática) acionada, a Silverado parecia estar em casa. É claro que, mesmo com todos os cuidados para tornar a sua suspensão mais confortável – incluídos aí amortecedores especiais – ela oscila e pula nas lombadas, obstáculos e buracos maiores, passando boa parte desse roteiro para seus passageiros.

Os bons bancos cuidam de amenizar um pouco o desconforto e, a despeito da poeirada levantada pelo comboio de picapes (eram umas oito delas), nem um grãozinho entrou na cabine.

Andando a uma (boa) média de 50 km/h, dava para sentir a traseira da picape dar ligeiras escapadas, especialmente nas saídas de curvas mais fortes. Todas prontamente corrigidas pelos sistemas eletrônicos de controle, que mantiveram o carrão na direção certa o tempo todo.

Ao todo, percorremos pouco mais de 40 km na terra, até chegarmos a uma estância que funciona em uma fazenda com uma unidade de conservação do tipo RPPN - Reserva Particular do Patrimônio Natural de 53 mil hectares.

Lá, passaríamos dois dias avistando onças, jacarés, tamanduás, antas e uma infinidade de outros bichos – sempre a bordo das picapes, então dirigidas por guias da estância.

Pelo computador de bordo, nosso consumo na parte de asfalto, com velocidade média em torno de 80 km/h (a máxima na estrada era de 100 km/h), ficou em surpreendentes 9,6 km/litro – já que, na ficha técnica do carro, o consumo rodoviário indicado é de 7,4 km/litro. No trecho de terra, essa média baixou para perto de 7 km/litro.

A viagem de volta repetiria o trecho de terra e outros 220 km de asfalto até Corumbá, na fronteira com a Bolívia, onde embarcamos para casa no aeroporto.

Picape grande com recursos para facilitar a vida

Como mencionei lá na abertura, a Silverado High Country vendida aqui no Brasil traz de série um pacote de recursos off-road que é oferecido como opcional para essa versão nos EUA. Mas, além da suspensão (incluindo amortecedores), rodas e pneus e proteção reforçada por baixo, essa picape vem com uma boa coleção de acessórios.

Um deles é um enorme estribo lateral retrátil e automático, que é projetado para fora sempre que você abre uma das portas do carro – sendo recolhido depois que a porta se fecha. Além disso, com um toque com o pé em sua extremidade, esse estribo se desloca na direção da traseira, servindo como degrau para acesso à imensa caçamba da picape.

O exemplar que testamos estava equipado com uma cobertura de caçamba em cortina automática com controle remoto – parecida com a oferecida para a Chevrolet Montana. A abertura e o fechamento da tampa da caçamba, aliás, são elétricos, com motor, dispensando qualquer esforço para sua operação.

Picape tem peso limitado na caçamba por causa da habilitação

Sobre a caçamba, vale mencionar que ela comporta o equivalente a 1.781 litros de bagagem, com peso máximo estipulado em “apenas” 716 kg. Só como comparação, a irmã mais curta, S-10, pode levar 1.044 kg. Por quê? Para que possa ser guiada por motoristas com habilitação na categoria B aqui no Brasil.

Explico: a habilitação na categoria B permite conduzir veículos com peso total de até 3.500 kg. A Silverado pesa 2.505 kg, sem contar os cinco ocupantes. Se o valor definido para carga na caçamba fosse maior, ela passaria para uma categoria acima, exigindo a carteira do tipo C – e restringindo assim seu público consumidor.

Nos EUA, onde não há essa exigência, a capacidade de carga definida para a mesma caçamba é maior: 1.552 kg*.

E então, a Chevrolet Silverado High Country 2024 vale a pena?

É óbvio que picapes full-size não são exatamente carros práticos e racionais para o uso diário da imensa maioria dos motoristas. Elas foram criadas para andar em caminhos bem mais amplos que os das nossas cidades e, a depender de seu endereço, nem passam pela porta da garagem.

Por outro lado, para quem tem longas viagens por caminhos nem sempre pavimentados em sua rotina – como o pessoal que comanda o poderoso segmento da agropecuária no Brasil nesses nossos tempos –, dificilmente haverá um tipo melhor de veículo, ao menos por enquanto (picapes elétricas prometem ser melhores ainda).

Com uma posição de dirigir privilegiada, conforto em doses proporcionais ao seu porte, ótimo desempenho, tecnologia e uma presença praticamente imbatível entre os “veículos de passeio”, essa Silverado é ainda um carro seguro e muito bom de se dirigir.

Não por acaso, das primeiras 700 unidades da Silverado High Country que a Chevrolet colocou em pré-venda on-line (500 mais 200 extras), por R$ 519.990, se esgotaram em uma questão de horas. Os carros começarão a ser entregues em janeiro de 2024, quando também chegarão às concessionárias.

Vale lembrar que as versões grandes da rival RAM disponíveis por aqui têm feito bastante sucesso. E que a Ford também lançou este ano no Brasil a sua best-seller norte-americana, a F-150.

Ou seja, a mesma briga de cachorro grande – quer dizer, de picape grande – que é travada há décadas no mercado norte-americano está começando a aquecer por aqui também. E, nessa disputa, a Silverado High Country entra com boas chances de, pelo menos, abocanhar uma fatia significativa de um mercado relativamente restrito – mas muito lucrativo.

  • Compartilhe esta matéria:
 

Faça seu comentário

  • Seguro Auto

    Veja o resultado na hora e compare os preços e benefícios sem sair de casa.

    cotar seguro
Ícone de Atenção
Para proteger e melhorar a sua experiência no site, nós utilizamos cookies e dados pessoais de acordo com nossos Termos de Uso e Política de Privacidade. Ao navegar pela nossa plataforma, você declara estar ciente dessas condições.