09/03/2020 - João Brigato / Foto: João Brigato / Fonte: iCarros
Junto ao Ford EcoSport, o Renault Duster foi o criador do segmento de SUVs compactos no Brasil. Rivais chegaram e destronaram os pioneiros da categoria, havendo até concorrência interna quando a Renault decidiu lançar o Captur no Brasil. Apagados no segmento, cada um seguiu por um caminho diferentes e apenas agora em 2020 o Duster mudou.
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Apesar de manter a plataforma B0 de antes e praticamente as mesmas medidas (4,37 m de comprimento, 1,69 m de altura e 1,83 m de largura), nenhum painel da carroceria é o mesmo de antes. As mudanças foram profundas, mas mantiveram a essência visual e de proposta do Duster.
Evidentemente melhor que o anterior, tanto em sofisticação quanto em qualidade de acabamento e equipamentos, o Duster 2021 é uma solução e um problema para a Renault, já que coloca em dúvida a necessidade de o Captur existir. A marca francesa diz que eles têm públicos diferentes, mas nessa categoria não é bem assim.
O que me falta
Desde seu lançamento na década passada, o Renault Duster sempre pecou pelo acabamento ruim de aspecto pobre – algo completamente esquecido pela nova geração. Ok, não está no mesmo nível dos painéis emborrachados de Jeep Renegade e Honda HR-V, mas não está mais tão distante do VW T-Cross e evidentemente se posiciona à frente do Captur.
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Os plásticos duros estão por todos os cantos, mas ganharam textura mais agradável, melhor qualidade de montagem e aspecto mais robusto. A horizontalização das linhas da cabine ajudou a dar mais elegância ao conjunto. Há tecido e couro nas portas em maior proporção que antes.
O volante veio do Sandero, enquanto os comandos do ar-condicionado são herdados dos Renault europeus – ambos com toque agradável e materiais de qualidade antes não esperados em um Duster. Destaque para a nova central multimídia de 8 polegadas com Android Auto e Apple CarPlay que tem tela de qualidade e operação facilitada.
Novos bancos deixaram a convivência com o Duster mais fácil, mas há de destacar os novos materiais dos bancos. O novo couro tem toque mais agradável que o antigo material que passava longe de ser mais sofisticado que um tecido simples. O material é opcional até para as versões mais caras Intense e Iconic.
Espaço interno farto continua a ser um dos grandes trunfos do Renault Duster. Com porte que chega próximo à categoria dos médios, ele tem o maior porta-malas da categoria (475 litros) e área generosa para quem senta atrás. Ficou ainda faltando saída de ar para os passageiros traseiros, item ainda é raro na categoria.
O que me serve
Enquanto a geração anterior trazia motor 1.6 e 2.0 além de diversas opções de versões com câmbio manual, o Duster 2021 foi racionalizado pela Renault. Nada de versão 4x4 ou com o antiquado motor 2.0 dos tempos da Scénic: agora Duster apenas 1.6 SCe e uma única versão traz câmbio manual, a Zen de R$ 71.790.
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O conjunto é conhecido já pelo próprio Duster e por outros modelos da marca como Captur, Sandero, Logan e Stepway. Com 120 cv e 16,2 kgfm de torque ele é suficiente para o novo Duster: não falta, mas também não sobra. Para situações de uso urbano, território do modelo, está adequado.
Falta a força extra dos rivais turbinados ou com litragem maior, contudo, o Duster da conta do recado entregando acelerações lineares e retomadas suficientemente ágeis. O câmbio responde rápido às ações do acelerador, elevando a rotação quando exigido sem fazer com que o SUV fique berrando desnecessariamente.
A Renault recalibrou o CVT e adicionou sistema Start-stop para as versões automáticas, deixando o Duster, na teoria, mais econômico. O modelo automático registra com etanol 7,2 km/l na cidade e 7,8 km/l na cidade. Com gasolina vai a 11,1 km/l na cidade ou na estrada. Números do modelo manual são pouco melhores.
A mudança mais elogiável é a da direção: finalmente o arcaico sistema eletro-hidráulico foi aposentado em favor de assistência elétrica de verdade. O esforço, segundo a Renault, foi reduzido em 35%, algo sentido na prática. Além disso, o volante não vibra mais ao manobrar ao final do batente, como acontecia antes.
Anestesiada, a direção passa pouco das superfícies exteriores, mantendo o conforto interno como prioridade, algo que combina com a proposta de um SUV. Nessa tocada o Duster manteve o robusto conjunto de suspensão que lida bem com superfícies irregulares e estradas de conservação ruim.
O que me dá valor
Além da cabine mais sofisticada e da performance sensivelmente melhor que a do Captur, o Duster traz vantagem nos equipamentos. Só ele tem ar-condicionado digital de verdade, nova central multimídia, sensor de ponto cego, sistema de câmeras dianteira, laterais e traseira – itens ausentes no irmão maior e mais caro.
A grande pegada do novo Duster está justamente no preço: a versão intermediária Intense CVT de R$ 83.490 bate na porta das variantes de entrada da maioria dos SUVs compactos rivais e é justamente a que entrega a mais recheada lista de itens de série.
Fica devendo sensor de farol, chave presencial, rodas 17 e alerta de ponto cego, presentes na Iconic de R$ 87.490, mas vem bastante completo a partir do patamar intermediário. Haverá ainda uma versão PCD sem preço e equipamentos anunciados.
O Duster Intense tem de série rodas de 16 polegadas, ar-condicionado digital, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, faróis de neblina, volante de couro, piloto automático, central multimídia com Android Auto e Apple CarPlay, LEDs diurnos e retrovisor elétrico.
Mas há uma falha grave: apenas dois airbags em todas as versões. Considerando que Sandero, Logan, Stepway e até o simplório Kwid possuem quatro bolsas de ar, fica questionável a decisão por manter o Duster com apenas com os airbags obrigatórios. Ao menos a Renault promete melhoria de 12,5 na rigidez da carroceria com foco na segurança.
Conclusão
Apostando fortíssimo em custo-benefício, o Renault Duster é uma das apostas mais racionais do segmento. Exceto hatches que se chamam de SUVs como JAC T40, CAOA Chery Tiggo 2 e Honda WR-V, o Duster é o único SUV compacto do Brasil que sua versão topo de linha (Iconic de 87.490) não passa dos R$ 100 mil. E ainda assim fica parelho em equipamentos.
Mais sofisticado, mais equipado e ainda por cima mais barato que o Captur, o Renault Duster 2021 tornou a vida de seu irmão maior muito mais difícil. A não ser que faça absoluta questão do visual mais urbano do Captur, o Duster é uma escolha mais racional. Fica a espera para que o Captur ganhe logo o motor 1.3 turbo para voltar a ter algo superior ao irmão mais barato.
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