A necessidade de mudar o modelo atual dos motores pode ser visto em qualquer exposição de lançamentos do setor automotivo. No último Salão de São Paulo, por exemplo, quase todas as montadoras apresentavam conceitos híbridos ou elétricos, que prometiam se não acabar, reduzir bastante as emissões de CO2. Entretanto, há outra vertente, que prevê não a eliminação de combustíveis, mas sim sua troca por outros menos poluentes.
Esse é o trabalho que vem sendo desenvolvido pela PSA
Peugeot Citroën em parceria com a USP (Universidade de São Paulo). A marca trabalha no estudo e desenvolvimento do biodiesel, que ao contrário do combustível convencional, não é derivado do petróleo e sim de óleos vegetais.
"Os testes realizados mostram uma redução significativa na emissão de poluentes sem nenhuma alteração de desempenho do motor" explicou o responsável pelo projeto no Ladetel (Laboratório de Desenvolvimento de Tecnologias Limpas) da USP, Profº Miguel J Dabdoub. "Utilizamos até 30% de biodiesel nos testes misturado com 50% de diesel", disse. Atualmente, a PSA recomenda que seja utilizado em seus motores apenas 10% de biodiesel. "Pode ser utilizado até 30% se tiver manutenção adequada", informou.
Os problemas com o biodiesel convencional principalmente na Europa são dois: um que ele é oxidante, ou seja, pode danificar certos pontos do motor, outro que ele congela, e no velho continente os combustíveis tem que resistir a uma temperatura de até -20ºC. "Nesta segunda fase do projeto, testamos o biodiesel por mais de 100 mil km em carros de passeio e não houve nenhum dano ao motor", contou o Profº Miguel.
A PSA Peugeot Citroën é atualmente a maior produtora de motores a diesel do mundo. No Brasil não é permitido ainda que veículos de passeio sejam equipados com propulsores a diesel. "A PSA está pronta para vender diesel no Brasil", disse o presidente do grupo PSA Peugeot Citroën na América Latina, Carlos Gomes. Outro ponto que o desenvolvimento do biodiesel pode ajudar a fabricante são as novas normas européias, que exigem a diminuição das emissões de poluentes (devendo chegar a apenas 95g de CO2 por Km em 2020). "Fomos os pilotos das normas européias", falou o executivo. “Com certeza é viável comercialmente, se não para agora, para daqui a alguns anos”, completou o Profº Miguel