Porque 3008 Allure é o melhor Peugeot do Brasil | Avaliação

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Dos mais de 30 anos que a Peugeot está no Brasil, este talvez seja o momento mais importante. Junto da Citroën, as irmãs investiram forte em pós-venda e em campanhas para transformar a visão do consumidor (como não esquecer do recall da Peugeot?) sobre ambas. Assim, a Citroën escolheu o C4 Cactus como seu embaixador e a Peugeot o 3008.

Vendido por aqui desde a geração anterior, o modelo se transformou em um SUV médio para encarar o Jeep Compass de igual para igual. Ainda que não tenha a mesma força do rival em volume de vendas por ser importado e por ter rede de concessionárias menor, o Peugeot 3008 quer construir a imagem da futura Peugeot.

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Para entender onde a Peugeot quer chegar com o 3008, convocamos a versão Allure lançada neste ano no Brasil. Por R$ 142.990 ele traz o que a marca do leão tem de melhor, ainda que com um preço mais competitivo que a versão topo de linha Griffe.

Efeito uau

Se a primeira impressão é a que fica, o Peugeot 3008 tem a melhor recepção possível. Apesar de não ser mais um modelo inédito, ele ainda chama atenção nas ruas. Ele é um carro inegavelmente bonito, mesmo para aqueles que não curtem muito o estilo SUV.

A carroceria é equilibrada, tem linhas bem marcadas mas sem exagero, ao passo que a dianteira chama atenção pela grade frontal cromada e pelos faróis rasgados (mais simples do que da versão Griffe). Um friso cromado que nasce nos faróis corre até a coluna A que traz outro friso cromado e possibilita teto com pintura contrastante (que é de série no Allure).

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Em tese exageradas, as rodas de liga leve de 19 polegadas casaram muito bem com o design do Peugeot 3008, compondo um estilo mais elegante e futurista. Ele não nega que é um SUV urbano, por isso tem pneus de perfil baixo.

Na traseira, lanternas com três frisos de LED em vermelho e barra preta brilhante as ligando estará presente em todos os próximos Peugeot – ainda bem pois é um estilo que caracteriza bastante a marca e cria um belo efeito visual. Uma barra cromada no para-choque segue o que é feito nos outros cantos do SUV médio.

Tipo premium

Na PSA a Peugeot é posicionada como a marca mais premium entre as generalistas. A prova disso está no interior: notavelmente mais sofisticado que seus rivais. O 3008 está a poucos passos de uma marca de luxo: existem plásticos duros e materiais não tão nobres quanto os usados por um Mercedes, mas já é melhor que Compass, Equinox, Tiggo 7 e companhia.

O conceito i-Cockpit de construção do interior, conhecido no Brasil pelo 208 e 2008, vai além do 3008. O volante pequeno (que me fez pensar  por alguns instantes que todos os outros carros que dirigi depois têm volante de Kombi por serem bem maiores) alinhado ao painel de instrumentos elevado criam um efeito único na cabine dos Peugeots.

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No 3008 Allure, o cluster é digital. A tela tem ótima definição e mesmo com sol forte não é ofuscada. Há um certo estranhamento no começo pois o conta-giros roda ao contrário, mas é questão de costume. Há ainda dois modos personalizáveis pelo motorista, incluindo um que mostra somente a velocidade e mais nada.

O SUV tem toda superfície do painel revestida de material macio ao toque – até mesmo a faixa que imita fibra de carbono é fofinha. Encaixes bem feitos e um visual futurista compõem essa aura quase premium do 3008. Destaque para os comandos da central multimídia feitos de material metalizado.

Extremamente confortáveis, os bancos do Peugeot 3008 foram alvo de elogios de todos que sentaram e imediatamente diziam “nossa, que delícia de banco” – eu me incluo nessa reação. As poltronas são macias, abraçam bem o corpo nas curvas e ainda tem um belo design. A Peugeot usou costuras decorativas no couro de toque macio.

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Outro ponto de conveniência do Peugeot 3008 é seu porta-luvas refrigerado de verdade. Experimente colocar a mão ali dentro depois de alguns minutos com o ar-condicionado ligado para entender o que estou falando. Para quem levar o teto solar opcional há ainda filetes de LED na borda, que criam um efeito muito elegante à noite com o tecido recolhido.

Espaço interno também é um de seus trunfos, afinal é o que se espera de um SUV médio de 4,44 m de comprimento, 1,62 m de altura, 1,84 m de largura e 2,67 m de entre-eixos. Porta-malas com 520 litros tem uma prática divisória com ganchos que possibilita mexer no estepe sem a necessidade de removê-la.

Receita conhecida

Um elemento da PSA que sempre teve boa fama é o motor THP que está presente no 3008. O 1.6 quatro cilindros turbo de 165 cv e 24,5 kgfm de torque. Diferentemente do C4 Cactus, C4 Lounge e 2008 que tem 173 cv e são flex, o Peugeot 3008 bebe apenas gasolina. Apesar disso, o consumo é comedido, marcando em nossos testes 11 km/l na cidade e 15,5 km/l na estrada.

A combinação do motor THP à transmissão automática de seis marchas é presente em todo Peugeot e Citroën que custe mais de R$ 90 mil. E apesar dessa pluralidade, encaixou como uma luva ao 3008. O motor entrega bastante força em baixas rotações e trabalha em silêncio.

Com seis marchas, o câmbio automático trabalha com suavidade e privilegia o uso de marchas mais altas para manter o consumo e a rotação baixos. As trocas são praticamente imperceptíveis, sendo sentidos leves trancos apenas nas duas primeiras marchas.

Já as reduções não são instantâneas, mas o câmbio do Peugeot 3008 trabalha de maneira inteligente. Depois que as marchas são reduzidas, ele mantém a rotação alta mesmo que o pedal do acelerador não seja mais pressionado forte, antecipando uma futura reaceleração. Nas descidas ele reduz uma marcha para trabalhar com o freio-motor.

Como um típico SUV, a suspensão elevada e macia do 3008 foge da impressão esportiva que seu visual e interior instigam. Ela absorve bem os buracos e trabalha em silêncio, mas faz o Peugeot pular um pouco mais do que deveria mesmo em relevos sutis no asfalto. Nas curvas, segura bem a carroceria.

Já a direção é condizente com seu tamanho diminuto. Ela é ágil e tem respostas rápidas, mas tem pouco feedback do asfalto, sendo anestesiada. Na cidade é leve, mas ganha força na estrada ou ao passar de 80 km/h. Não fica tão dura quanto a do C4 Lounge, mas pede mais força para ser operada, garantindo segurança.

Aposta tecnológica

Vale destaque para a central multimídia bem posicionada e com tela de boa definição. Ela é rápida e fácil de usar, além de contar com Android Auto e Apple CarPlay. O ar-condicionado de duas zonas operado diretamente por ela pode ser bastante inconveniente em algumas situações, mas foi sacrifício necessária em favor do estilo.

A lista de itens de série do 3008 Allure é bastante recheada contendo faróis com acendimento automático e luz diurna de LED, volante com ajuste de altura e profundidade, seis airbags, controle de tração e estabilidade, chave presencial, sensor de chuva, piloto automático, troca de marcha no volante e revestimento de couro nos bancos.

Em relação à versão Griffe, ele perde faróis full-LED, bancos com ajuste elétrico e massagem, carregamento de celular por indução e outros mimos. Mas por R$ 142.990, o 3008 Allure está bem posicionado e recheado de itens de série.

Conclusão

Para o Peugeot 3008 estar em uma categoria em que o Jeep Compass domina e em um momento em que a imagem da marca é reconstruída pode ser conturbado. No entanto, ele se prova um ótimo embaixador da Peugeot ao entregar um belíssimo visual, interior muito bem acabado para um modelo não de luxo e performance satisfatória.

Com esses atributos, o 3008 mostra que é o melhor Peugeot à venda hoje, tendo o custo-benefício destacado pela versão Allure. Justamente essa imagem e qualidades do 3008 Allure que espero estar presentes em todos os próximos Peugeot. Com a evidente melhora da antes criticada rede de pós-venda, a marca mostra competência para voltar a crescer.

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