26/09/2019 - Texto e fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
O novo Renault Sandero 2020 chegou antes de todo mundo. Por todo mundo, entenda-se Chevrolet Onix e Hyundai HB20. Apesar de não estar sempre entre os 10 carros mais vendidos do país, o hatch da Renault sempre teve seu espaço com o público oferecendo uma receita simples: mais espaço por menos dinheiro.
E a Renault vem se apoiando nisso desde o lançamento do Sandero, em 2007. Não só em proposta, o carro roda sobre a mesma plataforma desde então. De lá pra cá, vieram facelifts (uns mais pesados que outros), novos motores, mas tudo para manter o carro relevante, não para revolucionar mais uma vez.
Apesar da constante melhoria no hatch, faltava ao Renault Sandero basicamente o item que qualquer pessoa com mais de R$ 50 mil para gastar em um carro 0km não abre mais mão (ou pé): um câmbio automático.
Depois de tentativas frustradas com o automatizado Easy’R, a linha 2020 do Sandero ganhou um câmbio CVT, automático de relações continuamente variáveis. Testado aqui na versão topo de gama Intense, O Renault cobra R$ 65.490 com um pacote decente de equipamentos e sendo substancialmente mais baratos que os principais rivais, como os novos Chevrolet Onix (com avaliação aqui) e Hyundai HB20 (avaliação aqui). E aí, está mais para melhor aluno da sala ou só fez o mínimo para passar de ano?
Disfarçando a barriguinha
Aqui vale uma explicação. Apesar dos apliques plásticos nas caixas de roda e da maior altura em relação ao solo, o Sandero das fotos não é um Stepway. Para acomodar melhor a nova transmissão, que estende mais para baixo, a Renault precisou erguer a carroceria em 4 cm. Daí o visual mais alto. Para equilibrar mais a silhueta e o espaço entre os pneus e as caixas de roda, a marca adotou a solução do Stepway, mas em uma versão mais simplificada.
Assim, as medidas do novo Sandero Intense CVT são 4,07 m de comprimento, 1,74 m de largura, 2,59 m de entre-eixos e, agora, 1,57 m de altura. O peso declarado para esta versão é de 1.140 kg. O porta-malas não mudou e permanece acomodando até 320 litros de bagagens.
Itens de série
Outra evolução, e não revolução, na linha 2020 do Renault Sandero foi a lista de equipamentos de fábrica. Agora, todas configurações do hatch saem de fábrica com quatro airbags: os dois frontais obrigatórios e mais dois laterais nos bancos. Se você quiser controles eletrônicos de estabilidade e tração, eles aparecem apenas nas versões equipadas com o câmbio CVT.
Na versão Intense também são itens de série a direção eletro-hidráulica, ar-condicionado automático de uma zona, trio elétrico, assistente de partida em rampa, rodas de liga-leve de 16 polegadas, sensor de estacionamento traseiro, câmera de ré, piloto automático, faróis de neblina e central multimídia com tela sensível ao toque de 7 polegadas e conectividade via Android Auto e Apple Car Play.
Mas na tela ficou faltando uma evolução que o Kwid trouxe. A entrada USB do subcompacto teve sua localização alterada. Do alto da tela para o console central. No Sandero, a entrada permanece no alto da tela. Assim, estando com o celular conectado, o cabo acaba por ficar pendurado na frente da tela.
Câmbio novo, motor não.
Como dito acima, a principal alteração sob o capô foi a introdução do câmbio automático CVT X-Tronic. Se você acha que já viu esse nome em outro lugar, está correto. É o mesmo nome que a Nissan utiliza em seu câmbio CVT. Ele trabalha infinitas possibilidades de marchas de acordo com a necessidade, variando automaticamente entre elas sem trocas aparentes. Mesmo assim, em modo manual, ele simula até seis velocidades.
“E as novidades não param por aí”, é o que gostaria de dizer, mas não posso. Atrelado a nova transmissão está o mesmo 1.6 SCe 16V flex aspirado capaz de entregar até 118 cv de potência com etanol e 115 cv com gasolina. O torque é de 16,3 kgfm com ambos os combustíveis. Como eu sei que ele não mudou? Está lá o tanquinho de partida a frio que não me deixar dizer o contrário.
Alterações visuais
Esteticamente, o novo Sandero 2020 tenta se aproximar mais dos modelos Renault e afastar a imagem de Dacia. A traseira remodelada é exclusiva do mercado brasileiro e traz lanternas de LED que invadem a tampa do porta-malas. Por dentro, o volante também é novo e mais refinado.
Passando de ano
Por incrível que pareça, ter mudado um pouco a frente e alterado a traseira foi o suficiente para manter Sandero ainda com ares de novidade. Por dentro, o novo volante também introduziu um pouco mais de refinamento na peça que o motorista mais usa, sendo mais confortável, bonito e de melhor pega que o anterior.
Daí em diante, a cabine do Sandero não muda, então não espere um acabamento esmerado com uso de materiais exóticos. Os bancos são novos, mas depois de 30 minutos começaram a me dar dor nas costas, por mais que eu o reajustasse. Outra coisa que não mudou, mas é algo positivo, é o espaço interno. Levou cinco passageiros adultos e suas respectivas bagagens sem aperto algum e todos usando cinto de três pontos e dispondo de encostos de cabeça.
A estrela do show, o câmbio CVT tem um acerto claramente feito para promover o conforto: não obriga o motor a subir rapidamente de giro ao menor sinal de aceleração, aproveitando o torque e reduzindo o ruído. Outro fator positivo dessa caixa é que, a 120 km/h, conta-giros marca pouco mais de 2.000 rpm.
Na maior parte do tempo, o funcionamento do CVT passa desapercebido, comportamento ideal para o dia a dia. No entanto, se você precisar sair rápido e não acelerar fundo no acelerador, o câmbio não vai entender a urgência da situação e vai arrancar com calma, não com pressa. Questão de costume com a resposta do acelerador.
O que não passa tão desapercebido assim é o trabalho da suspensão. Simples e trabalhando em uma carroceria elevada, acabou ficando um pouco mais firme. A firmeza extra em si não é o problema, mas os ruídos gerados pela suspensão na buraqueira são bem audíveis.
Outro item que fica bem explícito é a operação da direção eletro-hidráulica. O sistema é bem mais firme que os usados em rivais diretos, com assistência elétrica, e essa diferença se faz perceber – e bem – nas manobras. Preparem os braços.
No final das contas, o Renault Sandero 2020 na versão Intense CVT não vai impactar o mercado com suas novidades e permanecerá apostando na mesma receita de sempre de mais espaço interno por menos preço. Podendo mantê-lo visualmente atual e trazendo o desejado câmbio CVT passa de ano, mas não recebe estrelinha de melhor aluno da sala.
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