29/09/2020 - Fernando Calmon / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros
Executivos da indústria estimam que os números de vendas de 2019 só se repitam em 2023. Mendes, no entanto, acredita que no próximo ano o mercado já poderá igualar ou mesmo alcançar um pequeno crescimento em relação ao ano passado, conforme publicado na minha coluna há três semanas.
+ Anfavea vai rever previsões para 2020
Sua empresa é especializada em gestão de concessionárias e acumula mais de três décadas de experiência atuando junto a grupos empresariais, associações de marca, bancos e fabricantes. Em entrevista exclusiva para iCarros, ele explica como foram feitas as projeções para os meses restantes de 2020 e o ano de 2021.
Na opinião de Mendes “o ponto fundamental para as projeções nos segmentos de automóveis e comerciais leves é a velocidade de recuperação, ou seja, a taxa de crescimento mês a mês a partir do ponto mínimo de volume alcançado no período de paralisação econômica. Também relevante é a relação do volume obtido nos meses de junho, julho e agosto em contraposição aos mesmos meses do ano anterior”.
Por que isso acontece?
“Deve-se à sazonalidade entre os períodos do ano que, tradicionalmente, tem comportamento verificado e que se repete, como tendência, ano após ano. Os maiores volumes se concentram em automóveis e comerciais leves, segmento que sofreu a maior perda relativa à média de 2019 e que vem apresentando a menor velocidade de recuperação.”
De que modo locadoras influenciam os números de vendas?
“Fator que explica grande parte deste comportamento é o posicionamento do setor de locação durante e após o período de paralisação.
Os balanços publicados pelas três maiores empresas demonstram a drástica redução do volume de compras e a aceleração da venda dos veículos da frota, como estratégia de adequação à retração da demanda por serviços de compartilhamento, parte significativa da utilização dos seus carros, e para reforço de caixa.
Os volumes de veículos novos, fundamentalmente automóveis, que deixaram de ser comprados no segundo trimestre de 2020 não serão repostos no curto prazo, uma vez que a demanda por locação comum, para compartilhamento e motoristas de aplicativos continuará contida nos próximos meses, apesar de alguma recuperação já observada.
Com isto, o ritmo de compras do setor de locação, responsável em 2019 por 22% do total de emplacamentos no segmento de automóveis e comerciais leves, deve diminuir sensivelmente em relação ao observado nos anos anteriores.”
Quais seriam as consequências?
“Isto implica que o crescimento observado nos três meses subsequentes ao período de paralisação (junho, julho e agosto), deu-se basicamente para atendimento de consumidor final.
Os dados da primeira quinzena de setembro indicam crescimento na média diária de emplacamentos próximo a 9%, confirmando a expectativa de continuidade no aumento da demanda de consumidores finais, reforçada pelo retorno gradual das locadoras para renovação da frota.
Assim, forma-se base sólida para projetar volume em 2021 acima do alcançado em 2019, com crescimento modesto, mas ainda assim crescimento de até 3,8%.”
E no segmento de motocicletas?
“Entre as razões para a rápida aceleração de vendas, a principal está diretamente relacionada à mudança no perfil de consumo durante a pandemia, gerando demanda por serviços de entregas expressas para consumo imediato, supermercados, farmácias e outros bens, em razão da adoção das medidas de isolamento social.
Todavia, na medida em que a população retorna às atividades regulares de trabalho, este movimento de demanda se retrai, interrompendo a curva de aceleração das vendas do segmento. A expectativa para 2021 se baseia no retorno da recuperação de volume que já se observava em 2019.”
Por fim, qual o cenário para veículos comerciais pesados?
“Caminhões seguem ancorados no comportamento do agronegócio, tendo como maior restrição de crescimento a capacidade da produção acompanhar o ritmo de demanda. Nos últimos dois meses, os estoques foram tecnicamente zerados e o emplacamento passa a ser diretamente relacionado com o atacado.
As dificuldades de produção estão fortemente atreladas ao fornecimento de componentes e ao câmbio, que devem perdurar até o final de 2020, mas formam base sólida para a estimativa de crescimento em 2021”, conclui Mendes.
Confira o vídeo completo com a análise do consultor:
Acompanhe as novidades do mundo automotivo pelo iCarros no:
Facebook (facebook.com/iCarros)
Instagram (instagram.com/icarros_oficial)
YouTube (youtube.com/icarros)
Veja o resultado na hora e compare os preços e benefícios sem sair de casa.
cotar seguro