01/05/2020 - João Brigato / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros
Carros pensados globalmente às vezes tendem a tomar rumos completamente diferentes quando mudam de geração. Exemplo disso foi o Ford Ka que nasceu como um modelo único no mundo inteiro em 1996, seguiu abordagens totalmente diferentes na segunda geração no Brasil e na Europa, para depois em 2014 voltar a ser único.
Ka 007
Enquanto aqui no Brasil a segunda geração do Ford Ka era uma evolução do primeiro modelo e estava nas ruas desde 2007 mantendo até as mesmas portas e para-brisas do antecessor, a variante europeia seguiu por uma abordagem completamente diferente no ano seguinte.
O nosso Ka foi seguindo o conceito do original, enquanto o modelo do Velho Continente era um Fiat 500 vestido de mini-Fiesta. Por mais estranho que essa afirmação possa parecer, esse é um resumo bem sucinto do que foi a segunda geração do Ford Ka na Europa.
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O mais legal do lançamento do Ford Ka é que ele apareceu pela primeira vez ao público na estreia do filme 007 Quantum of Solace usando uma chamativa pintura dourada.
A trajetóra do novo Ka europeu começou em 2008 com o anúncio da parceria entre Fiat e Ford para utilização de uma plataforma para carros compactos, o que resultou em quatro modelos diferentes.
Desenvolvida pela Fiat, a base deu origem ao icônico Fiat 500 (produzido e vendido até hoje), Lancia Ypsilion, a geração anterior do Fiat Panda e também ao Ford Ka Europeu. A sinergia era tamanha que o Ka usava motores e transmissões da Fiat.
Ford Ka Fire
Quem optasse por um Ka movido a gasolina tinha à disposição o motor 1.2 Fire de 69 cv e 12,3 kgfm de torque – esse motor é da mesma família dos 1.0 Fire e 1.4 Fire usados até hoje pela Fiat em Mobi, Uno, Fiorino e Strada. Com diesel, a opção era o MultiJet 1.3 de 75 cv e 14,8 kgfm.
A transmissão manual de cinco marchas era a única opção para o Ford Ka europeu e, como não poderia deixar de ser, era de origem Fiat. Ela contrastava com a caixa usada pela Ford, já que tinha engates longos, enquanto os carros da marca do oval azul são conhecidos por seus engates mais curtos e esportivos.
Apesar de usar a plataforma e todo layout mecânico do Fiat 500, o Ford Ka tinha sua própria personalidade. A marca americana revisou todo conjunto de suspensão para deixar mais firme e esportiva, fazendo com que o novo Ka mantivesse fiel à dinâmica esportiva do modelo original.
Fiestazinho
Mantendo os mesmos 3,62 da primeira geração, o então novo Ford Ka era 10 cm mais alto que o modelo antigo, fazendo com que ele parecesse visualmente bem menor. A carroceria perdia o icônico formato arredondado e os gigantescos para-choques em favor de um estilo mini-Fiesta.
Os faróis pareciam versões reduzidas dos utilizados pelo New Fiesta, enquanto o para-choque tinha exatamente o mesmo formato e disposição do irmão maior, apenas com escala menor. A diferença maior ficava por conta da ausência de grade entre os faróis e logotipo no Ka, algo presente no Fiesta.
A lateral usava vincos fortes enquanto o desenho do vidro tentava replicar o Ka original. Já a traseira ganhava lanternas gigantescas com elementos arredondados no interior. Era aqui seu ângulo mais diferente do Ka original e, ao mesmo tempo, longe do estilo do Fiesta. Apenas a alça de abertura do porta-malas lembrava o hatch dos anos 1990.
Ford Ka Palio Edition
Mas era por dentro que o Ka revelava ser um Fiat em pele de Ford. E não somente isso, um Fiat brasileiro. O painel de instrumentos e chaves de seta eram exatamente os mesmos do Fiat Palio, Siena, Weekend e Strada feitos em 2001. Até mesmo a chave era Fiat, devidamente modificada para usar logotipo da Ford.
A alavanca de câmbio alta estilo minivan com comandos do vidro elétrico logo ao lado entregavam seu parentesco com o Fiat 500. Para disfarçar essa origem italiana, a Ford fez questão de escrever Ka em dois lugares do painel.
O visual cheio de curvas, portas com metal aparente e o icônico relógio central foram abolidos na segunda geração do Ka europeu, que preferiu apostar em linhas mais genéricas. Ao menos o acabamento melhorou substancialmente e não havia mais peças de metal aparente como ocorreu no Ka brasileiro.
Realinhamento de Ka
Com o misto de Fiat com Ford e sem a mesma dinâmica que fez a fama do Ford Ka original, a segunda geração do hatch compacto não vendeu tão bem assim na Europa. Apesar disso sobreviveu de 2008 a 2016 sem nenhum retoque no visual. Enquanto isso o Ka nacional vendia cada vez mais. Isso culminou na liderança de projeto do Brasil na terceira geração.
Na Europa a terceira geração do Ka foi batizada como Ka+ (Ka Plus). Importado da Índia, o modelo não agradou lá pelo acabamento empobrecido e preço muito próximo ao do Fiesta. Foi vítima do corte de modelos da Ford em 2019 e saiu de linha na Europa.
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