03/10/2019 - Thiago Moreno / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
A Fiat Toro nunca teve dificuldades para figurar como a segunda picape mais vendida do Brasil, apesar dos preços mais elevados na comparação com a Fiat Strada, atual campeã de vendas. Com isso, a linha 2020 da caminhonete intermediária trouxe poucas alterações para brigar com a sua única rival direta: a Renault Oroch. No entanto, testamos aqui a principal delas: a versão Endurance com câmbio manual, algo inédito na Toro. A novidade custa R$ 94.990, sem opcionais ou pintura metálica/perolizada.
Alguns itens de série, muitos opcionais
Além desta nova versão manual, a outra novidade da Fiat Toro 2020 foi o novo para-choque dianteiro, que adotou o que a marca chama de “overbump”, mas, para todos os efeitos, é uma imitação plástica de um mini quebra-mato.
Entre os itens de série que valem ser citados na Toro 2020 de entrada estão direção com assistência elétrica, ar-condicionado, vidros e travas com acionamento elétrico, regulagem de altura para o banco do motorista, volante com ajuste de altura e profundidade, rodas de aço de 16 polegadas com calotas, pneus 215/65, controles de tração e estabilidade, assistente de partida em rampa, start/stop e espelhos externos com regulagem manual interna.
Sentiu falta da multimídia? Não tem, não sem opcionais ao menos. Aliás nem rádio tem, vindo somente com pré-disposição para áudio (chicote, antena e 4 alto-falantes), item de série que não vejo na lista de um carro há um certo tempo já.
Aí começa a lista de opcionais da Toro de entrada que, aí sim, começa a trazer aqueles itens que você sentiu falta em um carro e quase R$ 100 mil. São três e os dois mais caros estavam instalados no carro das fotos.
O primeiro é o Pack Convenience (R$ 3.500), com calotas mais bonitas, faróis e neblina, porta-escadas no teto e brake-light integrado, sensor de ré, iluminação de caçamba e espelhos externos com regulagem elétrica.
Já o Pack Convenience Media (R$ 3.000) tem câmera de ré, central multimídia com tela sensível ao toque de 7 polegadas, navegação por GPS, conectividade com smartphones via Android Auto e Apple Car Play, dois tweeters adicionais ao sistema de som e volante multifuncional.
Pode-se optar ainda pelo Kit Protection Mopar Custom Shop (R$ 1.099), com parafusos antifurto nas rodas, para-barros para pneus dianteiros e traseiros, frisos de porta pretos com inscrição Toro e um emblema Custom Shop. Este não estava equipado no carro das fotos.
Mas, somando-se os dois kits extras e a pintura metálica Marrom Deep (R$ 2.500), o carro testado custa nada menos que R$ 103.990. Mas se você achou caro, vale lembrar que a mesma versão, com os mesmos equipamentos, mas câmbio automático, parte de R$ 100.990, seis mil reais a mais. A lista de opcionais é idêntica, assim como os preços para os itens extras.
Mecânica, medidas e o que não mudou
Dentre as opções de mecânica para a Fiat Toro, a versão Endurance pega a mais simples. O 1.8 E.Torq EVO compartilhado com o Jeep Renegade. Flex, ele desenvolve 139 cv de potência e 19,3 kgfm de torque quando abastecido com etanol. Com gasolina, os números são 135 cv e 18,8 kgfm. O câmbio manual de cinco marchas é a novidade para a Toro 2020 e é a mesma caixa que foi aposentada pela versão de entrada do Jeep Renegade na linha 2020.
O consumo declarado para essa configuração quando abastecida com etanol é de 6,5 km/l na cidade e 7,8 km/l na estrada. Com gasolina, respectivamente, são 9,6 km/l e 11,2 km/l. Curiosamente, são os mesmos números registrados pela versão com câmbio automático de seis marchas.
Nas medidas, a Fiat Toro 2020 tem 4,91 m de comprimento, 1,84 m de largura, 1,73 m de altura e 2,99 de entre-eixos. A marca não divulga a capacidade da caçamba. O peso declarado para a Toro Endurance manual é de 1.619 kg.
Câmbio manual melhora a Toro, não o consumo dela
Trago verdades: a transmissão manual é a melhor maneira de se extrair o máximo de performance. Se você não gosta de trocar de marcha, aceite pagar os R$ 6.000 extras do câmbio automático e vá se acostumando com uma transmissão que ficará sempre trocando de marcha para acomodar a entrega de força do motor. E o consumo tende a ser pior também. Prove-me errado nos comentários.
A transmissão manual em si já é boa. Tem uma manopla bonita e confortável, parecendo uma peça sólida de alumínio. Tive que me segurar para não a levar para casa e instalar em algum dos meus carros. Os engates são curtos e precisos, é câmbio gostoso de usar mesmo.
Mas isso é apenas uma parte da história de se dirigir uma Toro manual e nem é a mais importante. O que importa mesmo é que ela possibilita extrair o melhor do 1.8 quando você quiser e não quando um computador achar melhor.
O E.Torq sempre foi um motor que respira bem e gosta de giros altos. Mas motores aspirados de alto giro não combinam com bom consumo de combustível e isso nunca foi o ponto forte de nenhuma Toro flex. Mas a performance fica definitivamente melhor com você no controle.
O resultado foi estranho: com etanol no tanque, registrou 4,8 km/l na cidade e 9,5 km/l na estrada durante a minha condução, que não é voltada ao melhor consumo possível. Tem como melhorar o número na cidade (e eu já volto nesse tema), mas o rodoviário foi muito melhor que o declarado. Ou seja: passa muito tempo na estrada e pega pouco trânsito? O câmbio manual pode ser a melhor opção para você, quem diria.
No entanto, a transmissão manual ressalta uma característica da programação do motor. O acelerador no modo normal é bem sedado. No automático causa as constantes trocas de marcha, enquanto o motorista vai pedindo mais força. No manual, parece que a resposta é completamente desconectada do pedal. Até a metade do curso, pouco acontece.
Mas há um botão Sport no painel e, aí sim, a Toro vai responder como você espera. Fica até um pouco arisca de resposta, mas responde. O mais engraçado foi ver o consumo indicado pelo computador de bordo subir de 4,8 km/l para 5 km/l. Não foi muito, mas já é uma melhoria.
No restante é a mesma Toro de sempre, com ótimo acabamento interno, apesar de que faz falta alguns porta-objetos extras, algo comum nos Fiat mais novos. A suspensão é bem confortável e isola bastante os ocupantes de seja lá o que for que a Toro esteja passando por cima.
Aí “passando por cima” é a palavra-chave, pois até mesmo em curvas a Toro parece voar por cima do asfalto. Não canta pneu, não sai facilmente de frente ou traseira e também não incomoda os passageiros com os pormenores da granulação de manta asfáltica utilizada na ocasião. Se você procura uma caminhonete para ficar por cima do resto, a Toro faz isso muito bem.
Para os picapeiros de primeira viagem, vale o toque: a Toro não é picape média, mas também não é um Fiat Mobi. Comprida e com entre-eixos de sobra, manobras em espaços apertados vão exigir um pouco mais de paciência. Ainda bem a direção elétrica é bem leve em baixas velocidades.
A questão é: você troca a comodidade do câmbio automático por mais desempenho e um preço menor? Eu trocaria mesmo sem contrapartida, mas todo o restante do mercado não. O que é uma pena, porque a Toro manual é a melhor configuração que você pode ter com o motor 1.8.
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