08/09/2021 - Henrique Koifman/ RF1 / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros
Está em análise pela Câmara de Deputados, a Medida Provisória 1.063/2021, que permite que produtores de etanol vendam diretamente aos postos – eliminando os distribuidores – e autoriza esses postos a oferecer combustíveis de várias bandeiras.
Aproveitando a oportunidade, uma série de emendas foram incluídas a essa MP. Duas delas, no mínimo, polêmicas.
A primeira autoriza que automóveis de passeio movidos a diesel – vetados desde 1976, quando a preocupação era garantir o fornecimento desse combustível, então em grande parte importado e subsidiado, aos veículos de transporte de carga e destinados ao uso fora de estrada.
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Segunda, permite que os postos automatizem seus serviços, dispensando os frentistas – tal qual acontece em boa parte da Europa e dos EUA, por exemplo.
Nesse caso, cabe ao consumidor operar a bomba e, depois, efetuar o pagamento, muitas vezes de forma automática também.
Duas ideias que, a princípio parecem bastante lógicas, mas que, no mínimo, são hoje um tanto anacrônicas – ou inapropriadas.
Diesel em baixa nos países ricos
Sobre o diesel, ele começa a ser banido da Europa – continente onde é mais utilizado em carros de passeio – por causa das emissões de gases poluentes que acarreta.
Até recentemente, argumentava-se que motores movidos por esse combustível eram proporcionalmente mais eficientes e econômicos que os que utilizavam gasolina. Hoje, a tecnologia tornou essa diferença mínima ou inexistente.
No chamado Primeiro Mundo, a transição que se busca atualmente é para veículos que emitam muito menos (como os híbridos) ou, preferencialmente, nada (como os elétricos).
Trazer carros de passeio a diesel para o Brasil – em vez de estimular a indústria para tipos mais limpos e eficientes de modelos – representaria um retrocesso.
Algo como estimular a indústria para a produção de fogões a lenha ou retomar a instalação em massa de orelhões (telefones públicos) operados por fichas, em vez de investir na universalização da conexão com a internet, para citar dois exemplos igualmente bizarros.
Quanto à automatização dos serviços nos postos, por mais que possa fazer sentido em termos de redução de custos para as empresas, ela dificilmente geraria diminuição significativa no custo cobrado pelos combustíveis.
E, num momento em que o desemprego é um dos maiores problemas enfrentados pelo País, exterminar estimados até 500 mil postos de trabalho não me parece uma medida inteligente, apropriada ou digna.
A Medida Provisória e suas emendas ainda estão em tramitação na Câmara e dependem, também, de análise e aprovação no Senado.
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