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Dicas para comprar um (bom) Fusca

Modelo deixou de ser produzido no Brasil em 1996, mas tem legião de fãs

09/11/2023 - Henrique Koifman - Fotos: Divulgação / Fonte: iCarros

O Fusca é um dos carros mais famosos de todos os tempos e, nascido no final dos anos 1930, é parte importante da história automotiva mundial – e, em particular, da brasileira. Aqui, passou a ser produzido em 1959 e só saiu definitivamente de linha em 1996, mas segue entre os modelos mais cultuados – e, por incrível que pareça, comprados e vendidos.

Como todo carro antigo – e normalmente muito usado –, um fusquinha pode ter boa aparência e, ainda assim, esconder “problemas de idade” ou de má conservação que vão sair caro para resolver. Confira a seguir algumas dicas e conselhos para identificá-los e não levar gato por lebre – ou barata por besouro.

Antes de ir em frente, vale explicar que, para quem quer comprar um Fusca, há basicamente duas possibilidades de escolha. A primeira opção são os carros originais ou que podem ser totalmente restaurados, de modo que se transformem em (valorizados) itens de coleção.

A segunda possibilidade é para aqueles que já perderam parte de sua originalidade (geralmente mais baratos), que sofreram grandes reparos ou modificações sem respeitar suas características de fábrica, mas que ainda assim podem ser bem divertidos e servir até para o seu uso diário.

Quanto mais velho o Fusca, mais caro ele é? 

Nem sempre. É claro que um modelo do começo dos anos 1950, quando o carro chegava aqui no Brasil vindo da Alemanha, desmontado (CKD), com aquela janelinha dupla (ou oval, pequenina) na traseira, se estiver bem original, pode valer mesmo muito dinheiro.

Mas não é incomum ver anúncios de exemplares das últimas séries, especialmente dos anos 1980, anunciados por mais que outros, dez anos mais velhos. Uma das explicações para isso é que nessas últimas séries (incluindo a “renascida” dos anos 1990) produziram muito menos carros. Quanto mais raro, mais caro.

Outro motivo bem plausível é que esses últimos fuscas já incorporavam uma série de melhorias – como freios com sistema hidrovácuo e motor um pouco mais possante – de série, sendo mais confortáveis e seguros.

Além disso, esses fuscas mais recentes costumam ser os preferidos para algumas customizações populares, entre elas a clássica “german look”, com a colocação de uma série de peças e acessórios dos modelos VW alemães e até do Porsche (como rodas, volante, instrumentos, emblemas etc.).

Algumas coisas, porém, valem para exemplares de qualquer “safra”, como a documentação em dia e o estado geral de conservação. Isso porque, por mais que muitas peças e componentes do velho VW ainda possam ser encontradas para reposição, muitos acabamentos e partes da lataria podem ser difíceis de se achar.

Avaliando o Fusca por fora 

Não se julga um livro pela capa, mas, no caso dos carros, a lata revela muito sobre sua conservação e até seu histórico. Diferentemente da maioria dos carros de hoje, o Fusca tem para-lamas e para-choques proeminentes (que “saem” para fora), e é raro encontrar um exemplar bem usado que não tenha um amassadinho aqui ou ali. Mas peças muito desalinhadas, tortas ou pintadas em tom diferente das demais podem indicar acidentes.

O famoso capô dianteiro do Fusca, por exemplo, quando fechado, tem um encaixe em forma de curva e costuma ficar desalinhado com o restante da carroceria depois de batidas frontais. Os grandes para-choques, tanto dianteiro quanto traseiro, quando mais altos de um lado que do outro, podem indicar pancadas.

As tampas dianteira e traseira, assim como as portas, aliás, são bons indicadores do alinhamento da carroceria. Se forem difíceis de abrir e fechar e o encaixe das fechaduras em suas bases estiver estranho, pode ser sinal de que há um acidente mais grave na trajetória desse fusquinha.

E, olhando a lateral do carro, as rodas devem estar bem centralizadas no espaço sob os para-lamas. Especialmente na dianteira, se a posição não for bem simétrica em relação à moldura, é sinal de que a suspensão e a direção estão empenadas.

Além disso, vale examinar com atenção toda a extensão da carroceria. É normal que um carro antigo e bem usado – especialmente se fabricado antes de meados dos anos 1980 – tenha sua pintura desgastada, queimada ou que já tenha sido repintado ou, no mínimo, retocado pelo menos uma vez.

E também é normal que tenha um pouquinho de oxidação aqui e ali. Mas buracos na lataria podem ser apenas a ponta de um complicado iceberg de corrosão.

É claro que esse tipo de problema sempre pode ter sido disfarçado com uma cobertura de massa e, embora esse expediente possa até ser percebido batendo com o nó dos dedos na lata (o som é mais “oco” que o normal).

E há também quem use um ímã, que como sabemos só é atraído por metal, para descobrir partes preenchidas com camadas de massa sintética (o famoso plastic) e jura que dá certo. Mas não há macete totalmente infalível para detectar isso.

Normalmente, porém, é mais comum que os Fuscas apresentem oxidação em determinadas partes, como a moldura das janelas, a parte de baixo das portas e da tampa do motor, os encaixes dos estribos laterais e dos suportes dos para-choques.

Verifique os pontos críticos do Fusca com atenção 

Por dentro, alguns pontos da carroceria do Fusca também costumam oxidar. O mais clássico deles é a chapa de aço do assoalho que fica sob a bateria, alojada debaixo do assento do banco de trás. Isso acontece por causa de vazamentos de ácido da própria bateria e costuma causar estragos.

O assoalho do carro, em outros pontos, também pode oxidar e até furar, por conta de água acumulada (e não percebida) em chuvas. Dependendo do caso, se o resto do carro estiver em bom estado, trocar essas bandejas do assoalho não é tão difícil nem caro e pode valer a pena.

Um pouco mais complicado é substituir as caixas de ar (que ficam nas laterais) e os pés das colunas centrais, que têm função estrutural e, quando muito danificadas, representam perigo. Nesse caso, a menos que você queira se engajar num projeto mais demorado de restauração, é melhor procurar outro carro.

Outros pontos que se deve verificar são, no bagageiro atrás do banco traseiro, sob a forração, a parte mais alta da parede entre o motor e a cabine e a chapa sob o pneu sobressalente, na dianteira.

A parte elétrica e o motor do VW clássico

Quando você abrir o capô dianteiro, aproveite para remover a proteção traseira do painel de instrumentos. Ali você vai poder examinar uma parte da fiação do sistema elétrico do carro, bem o fundo da caixa de fusíveis. Se houver muitas emendas e a aparência for de macarronada de acampamento, vai dar trabalho (e ter custo) para consertar.

E, claro, teste o acendimento de todas as luzes, de faróis e lanternas, piscas, luz de freio e da placa, além da buzina.

Abrindo a tampa traseira, dê uma boa olhada no motor. Vazamentos de óleo, fios emaranhados, mangueiras e correia frouxa e com mau aspecto e cheiro muito forte de gasolina são péssimos indícios. Com as duas mãos, segure a polia maior, na parte de baixo do motor, e tente movê-la para frente e para trás.

Ela deve ter uma folga mínima. Se mexer muito – ou não mexer nada – pode ser sinal de desgaste. Peça também para o vendedor do carro ligar o motor. Se ele custar muito para pegar, der estouros, falhar ou soltar fumaça pelo escapamento, no mínimo vai precisar de uma boa revisão geral.

Aproveite para entrar no carro e experimentar o câmbio – a embreagem do Fusca pode ser um pouquinho mais pesada que a dos carros mais modernos, mas se estiver dura demais, é sinal de que precisa de troca. As marchas devem entrar todas com facilidade e sem maiores ruídos que os clássicos “cliques” dos engates.

Experimente também os freios. Nos Fuscas mais antigos, o sistema não tem o apoio do hidrovácuo, por isso é mais pesado e é a força do seu pé que aciona as lonas que agem nas rodas. Mas ele não deve fazer ruídos estranhos e, claro, deve parar o carro.

E já que está dentro do carro, dê uma boa olhada no estado dos bancos, painéis e forrações. Tudo pode ser substituído, especialmente se você não fizer questão de ter o carro totalmente original, mas pode custar caro. Veja também se os cintos de segurança estão em bom estado e funcionam.

Por que o Fusca ainda é tão procurado?

Um levantamento baseado nos registros do Denatran indica que, em 2022, havia um pouco menos de dois milhões deles ainda em pleno funcionamento, rodando pelas ruas e estradas brasileiras – nem todos, claro, em suas melhores condições de conservação.

Um dos motivos para toda essa resiliência está, claro, em sua resistência. De construção simples e robusta, o velho besourinho ainda é uma tremenda mão na roda para rodar em estradas de terra ruins – não é à toa que ainda se veja tantos deles no interior.

Outro motivo é o custo relativamente baixo de sua manutenção. Sua mecânica é simples e confiável e, mesmo tanto tempo depois de ter deixado de ser fabricado, suas peças mais elementares costumam ser fáceis e baratas de se encontrar. Difícil, também, encontrar um mecânico (de verdade) que não saiba mexer em Fusca.

Além disso, apesar de sua concepção antiquada, o Fusca ainda é um carro relativamente econômico no consumo de combustível e vale lembrar que, por conta de sua idade, o Fusca é isento do IPVA.

Numa busca rápida aqui no iCarros, encontrei mais de 300 anúncios de Fuscas à venda, por valores entre convidativos R$ 7 mil – pedidos por um modelo 1300 de 1978, com boa aparência nas fotos – e incríveis R$ 98.900, preço de um belo exemplar 1968 bastante personalizado, com motor 1.600 trabalhado e uma série de acessórios.

Se você está pensando em ter um carrinho assim, o primeiro passo é justamente dar uma olhada nas ofertas aqui do portal. Depois, selecione alguns candidatos compatíveis com as suas exigências e seu orçamento e vá conhecê-los de perto, se possível, na companhia de um bom mecânico que possa avaliar melhor sua real condição.

No mais, espero que nossas dicas sejam úteis para você!

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