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Como a mecânica mudou a vida de uma mulher

Thais Roland gostava de carros e começou na área por hobbie; hoje produz conteúdo em blog com dicas automotivas

10/03/2021 - Luiz Felipe Chaguri / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros

“Coisa de Meninos Nada”, foi com esse blog que a mecânica Thais Roland começou a mudar sua vida lá em 2008, quando por hobbie decidiu escrever sobre veículos após uma ida ao Salão do Automóvel de São Paulo. O que ela não imaginava é que isso aos poucos viraria sua profissão. 

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Atualmente, além de administrar o blog, ela cuida de um canal no YouTube, um perfil no Instagram e uma página no Facebook, tudo sobre consultoria automotiva. Seu gosto por carros vem desde a infância, mas por muito tempo ela sequer cogitava trabalhar com isso.  

“Achava os carros bonitos e interessantes. Sou de uma geração que ainda viu os pais, avós e tios sempre fazendo várias coisas no carro e dentro da garagem. Manutenções elétricas, hidráulicas, da casa, tudo sem chamar o seguro”, lembra Thaís, paulistana de 40 anos. 

Apesar de ter vários itens relacionados aos veículos bem próximos, ela conta que não havia um grande estimulo familiar.  

“Me deixavam ficar por perto, mas nunca fui estimulada. Meu avô sempre foi louco por ferramentas e, quando se aposentou, ele fazia pequenos reparos em carros da família e dos vizinhos. Daí ele deixava eu mexer nas ferramentas. Eu achava isso o máximo, mas quando eu fui escolher a faculdade e a carreira, a mecânica nem passou pela minha cabeça”, revela.  

Ela se formou em Ciência da Computação e trabalhou com tecnologia e rede de computadores por quase 15 anos. Sua facilidade para dar aula e passar conhecimento para outras pessoas acabou sendo muito importante na hora de mudar o rumo da sua vida.  

“Quando mudei de profissão, eu quis manter isso de ensinar e esclarecer as dúvidas das pessoas. Transformei o blog em minha empresa. Surgiu de uma forma despretensiosa e acabou virando o que virou. Fiz uma carreira em outra área até que em 2011, procurando por um hobbie, tudo mudou”. 

Curso de mecânica mudou a vida de uma apaixonada por carros 

O hobbie de Thais começou a se tornar sua principal atividade na rotina quando ela entrou para o Curso Técnico em Manutenção Automotiva do SENAI (SP) e descobriu sua afinidade com motores e consertos em geral. Desde 2012, ela passou a se dedicar nessa carreira automotiva.  

“Minha ideia era fazer um curso no SENAI, aprender mecânica e fazer um carro velho, mexer nas horas vagas. Era um lance para me desestressar do trabalho, mas eu percebi que era aquilo que eu tinha de fazer. Eu me descobri no SENAI, afinal, a mecânica é encantadora”. 

Aos poucos, Thaís foi engrandecendo seu currículo com passagens em várias oficinas mecânicas. Ministrou aulas, faz workshops, palestras e conversa bastante com seus seguidores sobre manutenção preventiva.

O desafio da mamãe mecânica  

Dois anos atrás, ela passou por uma experiência que mudou sua vida novamente. Se tornou mãe, e de duas crianças em um espaço curto de tempo.

Isso fez com que ela precisasse abdicar do tempo na oficina para se dedicar em casa encarando o desafio de cuidar de “três filhos”, afinal o blog Coisa de Meninos Nada já passou dos 12 anos de idade.  

“Tirei um pouco o pé (da oficina) porque tenho dois bebês, o primeiro está com 1 ano e 4 meses e outro está com quase seis meses. Então minha rotina mudou bastante. Hoje tenho minha própria empresa fazendo vídeos com dicas de manutenção para proprietários de carros. A ideia é que eles saibam bem o que acontece (com o veículo) na oficina e nas revisões”. 

“Faço um vídeo por semana com as dicas e depois as replico em um portal automotivo. Fora isso, eu ainda pego um carro ou outro para manutenção. Atualmente estou com um carro-anfíbio (que se locomove também dentro da água) da década de 1960 para restaurar, mas não tenho intenção em voltar com grande volume de trabalho”, diz Thais. 

Preconceito dentro de uma profissão com a maioria de homens 

Thaís passou e ainda enfrenta vários preconceitos na profissão que escolheu. Segundo ela, nas redes sociais é onde mais acontecem os comentários maldosos.  

“Preconceito é impossível não sofrer, mas curiosamente eu sofria mais na área anterior, de tecnologia, do que agora. Agora são coisas ‘super esperadas’. Na internet as pessoas são super bizarras, eu recebo comentários muito toscos em vídeos e dicas nas minhas redes sociais”, diz Thaís. 

Além daquelas cantadas machistas bregas e o popular “não sabe o que está falando”, uma das coisas que mais incomoda a mecânica é quando tratam sobre questões pessoais e sexualidade. 

“É comum me perguntarem se eu não sou homossexual. É duro e não que tivesse algum problema se eu fosse. Parece que o problema é eu não ser, é isso que fica mais estranho para algumas pessoas. É muito maluco o negócio que acontece nas redes sociais”, conta a mecânica. 

Apesar disso, ela lembra que nos ambientes de trabalho e na maioria dos locais em que passou sempre foi muito bem recebida e não sofreu preconceito. “No cara a cara aconteceu pouquíssimas vezes e nas vezes que recebi foi de clientes. Já teve cliente que ‘não queria que a menina mexesse no carro’. 

“No SENAI eu sempre fui muito bem tratada, tanto por professores quanto alunos, também pelos proprietários que me receberam como funcionária ou estagiária, além dos colegas de trabalho”. 

Cada vez mais mulheres na mecânica 

Thaís acredita que o número de mulheres na mecânica continuará crescendo nos próximos anos e ela torce para que os preconceitos diminuam e as oportunidades de trabalho aumentem. 

“Eu tenho plena convicção de que o número de mulheres na mecânica vai aumentar bastante, as mulheres estão se sentindo mais confortáveis para seguirem os sonhos delas e muitas se interessam por essa área. Se depender de mim, vai crescer muito mesmo porque eu sou uma grande incentivadora de mulheres nessa área”. 

“Toda menina que me procura sobre os meus passos, eu faço questão de acompanhar e incentivar para estudar. Hoje já é bem mais possível, mas não é fácil. As mulheres ainda encontram bastante dificuldade nesse meio e algumas acabam sim perdendo o pique no meio do caminho”. 

Nesses 10 anos em que atua na área mecânica, Thaís já conviveu com dezenas de outras mulheres que lutam pelo seu espaço. Uma delas é Karol Carvalho, uma jovem de 19 anos que, motivada pelas dicas de Thaís, segue batalhando por um espaço na carreira. 

“A Karol conversou comigo, eu incentivei para ela ir conhecer o SENAI e hoje ela está cursando. Ela já trabalhou em algumas oficinas por indicação minha e ela adora a área, está se dando super bem”.  

“Tem algumas dificuldades porque não é qualquer lugar que ela consegue emprego, às vezes conseguir algo perto de casa é um pouco mais complicado, então ela acaba precisando trabalhar em lugares longe. Mas ela está aí firme e forte no propósito”, conclui Thaís. 

Se depender da Thaís e do desejo do iCarros, com certeza teremos cada vez mais mecânicas fazendo sucesso no mercado automotivo.

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