As inesquecíveis peruas brasileiras: Simca Jangada

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O Simca Jangada foi uma das atrações do III Salão do Automóvel, montado no Parque do Ibirapuera em novembro de 1962 - o Anhembi só viria a ser inaugurado em 1970.

O primeiro e mais famoso Simca (Societé Industrielle de Mécanique et Carrosserie Automobile), o sedã Chambord, saiu da fábrica de São Bernardo do Campo (SP) no início de 1959.  

Numa época em que o bullying com crianças era “normal”, não é difícil imaginar que os carros ganhassem apelidos maldosos.

O do Simca era Belo Antonio, personagem de Marcello Mastroianni em filme homônimo de 1960, em que o personagem do galã italiano era belo, elegante, refinado, desejado, mas lhe faltava potência (no caso, sexual).     

O Jangada sofreu menos com esse bullying da falta de potência, primeiramente porque seu público – e o foco da publicidade – era basicamente as famílias, mais preocupadas com espaço, conforto e beleza, e ele tinha os três. E depois porque o motor V8 2.4 tinha passado dos originais 84 para 96 cavalos de potência.  

Um anúncio de 1963 definia o Jangada como “o primeiro utilitário de luxo fabricado no Brasil - 99,33% nacionalizado”, porque o “outro” utilitário nacional, o DKW Vemaguet, era espartano comparado à perua da Simca, e porque no início de sua produção o Chambord tinha apenas 25% de nacionalização.  

Os luxos do Jangada incluíam assento traseiro rebatível, bagageiro no teto, acesso ao enorme porta-malas por duas portas de abertura horizontal – “tipo um Fiat Toro, diriam os mais jovens” -, abertura interna do capô do motor e...quatro portas.  

Sim, a Vemaguet, que veio antes, e as peruas VW Variant e Ford Belina, que vieram depois, além da Chevrolet Caravan, foram lançadas somente em versões de duas portas. Somente em 1985 o Brasil ganharia outra perua de quatro portas, a VW Quantum.  A Caravan ganharia mais duas portas nos anos 1990. 

Em 1966, um ano antes de a Simca ser comprada pela Chrysler e a marca desaparecer do País, o Jangada saiu de linha. Dos mais de 50 mil Simcas produzidos no Brasil, apenas 2.705 foram do modelo Jangada, a versão brasileira da perua francesa Marly.

Talvez por isso, quando aparece no mercado um Jangada em bom estado, ele é oferecido por mais de R$100.000.  

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