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As inesquecíveis peruas brasileiras: Ford Belina

Derivada do Corcel, tinha porta-malas gigantesco, era silenciosa e econômica, e rivalizava com a VW Variant

13/06/2021 - Alexandre Kacelnik / Foto: Divulgação / Fonte: iCarros

Se hoje a polarização é vista como um flagelo que afasta amigos e não contribuiu em nada para o progresso do país, na virada dos anos 60 para os anos 70, ou seja, há meio século, era até saudável e muito familiar – literalmente - a polarização no mundo das peruas, onde você e os seus amigos eram do “time” VW Variant ou do Ford Belina.  

Era uma rivalidade do tipo Grêmio x Internacional ou Cruzeiro x Atlético Mineiro. E que fez as montadoras rebolarem para evoluir seus modelos.  

A Variant chegou ao mercado no fim de 1969, derivada do VW 1600, o Zé do Caixão, que não agradou muito.  Seu sucesso imediato fez Ford reagir rapidamente e lançar a perua derivada do sedan Corcel, apresentado no Salão do Automóvel de 1968.  

O Corcel teve como base o chamado projeto "M", que a Willys-Overland do Brasil desenvolvera com a Renault quando foi comprada pela Ford em 1967. Caiu nas graças do povo rapidamente. Assim, em março de 1970 estava nas ruas a Belina, com o mesmo motor 1.3 litro de 68 cavalos e torque de 9,8 kgfm do seu ‘pai’ Corcel. 

Comparando aos motores traseiros refrigerados a ar da VW, os dianteiros a água da Ford eram silenciosos e econômicos.  Com um tanque de combustível de 63 litros – contra os 51 do Corcel – o carro de menos uma tonelada rodava teoricamente mais de 800 km pelas estradas sem reabastecer.  

Mas sofria, principalmente se estivesse com seus cinco lugares ocupados e boa parte do bagageiro de 855 litros apinhado de traquitanas, para usar uma linguagem de época. Esse problema melhorou um pouco a partir de 1973, quando a linha Corcel ganhou um motor 1.4 de 75 cavalos (85 no furioso GT).  

Como o Corcel foi o primeiro carro a ter um recall no Brasil – 50 mil veículos foram às concessionárias em 1970 para resolver um problema de alinhamento da caixa de direção que provocava instabilidade e desgaste excessivo dos pneus dianteiros -, e o superaquecimento não era lá tão incomum, a Belina não era considerada tão confiável quanto a Variant.  

Então, além da questão emocional do design, e aí cada um bate pé no seu preferido, a torcida da Ford privilegiava conforto, silencio e economia, enquanto a da Volkswagen seguia a tradição inaugurada pelo Fusca do ‘prefiro um pé-de-boi’ (carro que não dava problema).

No fim de 1977 chegaram no mercado Corcel II e Belina II, mas isso é assunto para outros capítulos. 

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