20/08/2014 - Texto e Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
No concorrido segmento dos hatches compactos, não basta mais apenas ser um “rostinho bonito”. O Renault Sandero, renovado recentemente, e o Toyota Etios apostam também no espaço interno para se darem bem numa vizinhança povoada por Volkswagen Fox, que acaba de passar por um facelift (confira o lançamento aqui), e Chevrolet Agile.
O iCarros avaliou o Renault Sandero Expression 1.6 e o Toyota Etios XS 1.5 para responder quem se dá melhor nessa disputa. O primeiro custa R$ 38.590 sem opcionais, enquanto o segundo sai por R$ 41.520 - este último não tem a possibilidade de ser equipado com itens extras. O Sandero das fotos, com o kit Tech Pack e na cor branca, sai por R$ 40.090.
Ambos trazem de série direção assistida (elétrica no Etios e hidráulica no Sandero), vidros elétricos (apenas dianteiros no Renault), travas elétricas, rodas de ferro com calotas, rádio com conectividade via USB e ar-condicionado. O Sandero pode ser equipado como opcional com tela sensível ao toque com GPS integrado, sensor de ré e Bluetooth. Os dois têm ABS e airbag duplo frontal, como manda a legislação. Com relação à motorização, o Renault traz um 1.6 8V de 106 cv e 15,5 kgfm de torque com etanol. Rodando com o mesmo combustível, o 1.5 16V do Etios gera 96 cv e 13,9 kgfm.
Na(s) medida(s)
Se espaço interno é a ordem do dia para você, tanto o hatch da Renault quanto o da Toyota conseguem levar cinco adultos com sobra de espaço para pernas e cabeças. Além disso, o terceiro passageiro no banco de trás não se aperta.
Na ponta do lápis, o Sandero é maior, com 4,1 m de comprimento, enquanto o Etios tem 3,8 m. De entre-eixos, o primeiro tem 2,6 m, contra 2,5 m do segundo. Como o espaço da cabine é semelhante em ambos, ponto para a Toyota, que soube aproveitar melhor as dimensões que tinha em mãos. Porém, quem pagou o pato foi o porta-malas: enquanto o Renault leva 320 litros, o Toyota carrega 270 litros. Os dois possuem 1,5 m de altura e 1,7 m de largura.
Patinho feio do coração de ouro encara o belo cisne do canto rouco
Desde o lançamento, o visual do Toyota Etios não caiu nas graças do público. Chamar de feio é exagero, mas o modelo passou longe de ter linhas angulosas ou perfis fluídos, optando pela neutralidade - e está pagando por isso. É nesse “calcanhar de Aquiles” do rival que o Sandero faz a festa. A nova geração deixou para trás a cara de carro de entrada e agora oferece linhas mais requintadas. Dos dois, é o que salta mais aos olhos.
Por dentro, a mesma história. A Renault remodelou o painel e, mesmo que de maneira menos extrema que o exterior, amadureceu. O Etios recebeu um leve “tapa” no painel, com o uso de preto brilhante no console para a linha 2014, mas permaneceu com os instrumentos centrais, que tornam a leitura mais difícil do que no rival.
O acabamento dos dois abusa dos plásticos rígidos, mas a montagem dos painéis da Toyota passa mais confiança que os da Renault. Com um pouco mais de força de vontade, é possível deslocar os puxadores de porta do Sandero.
Até agora, o placar é um sonoro 2x0 para o Renault, que trabalhou duro para vencer em requinte e em equipamentos. Porém, a marca francesa passou em branco na renovação dos motores e demais conjuntos mecânicos, como direção e suspensão.
O Sandero utiliza o mesmo bloco 1.6 8V da geração anterior em conjunto com o mesmo câmbio e a mesma assistência hidráulica para manobras. Com comando simples de cabeçote, contradizendo a lógica, o pico de torque do propulsor ocorre a elevados 4.250 rpm. O motor é ágil na cidade, mas fica áspero em rotações mais altas e não aceita bem o funcionamento abaixo de 1.500 rpm, dando trancos nesse regime. O resultado é um trabalho contínuo de trocas de marcha, que não é facilitada pela alavanca de engates longos, pesados e imprecisos.
Se a Renault optou pela solução mais simples de motorização, a Toyota foi por uma trilha completamente oposta: o pequeno 1.5 tem 16V e comando duplo de válvulas com variação na admissão. Apenas um exemplo da preocupação da marca com a mecânica é o sistema de escape, todo em aço inoxidável para evitar corrosões precipitadas e com coletor integrado ao bloco. O nível de tecnologia empregada no pequeno Etios é o mesmo encontrado no Corolla.
Com tudo isso, o hatch é capaz de entregar seu pico de torque a 3.100 rpm e, mais importante, responde bem e de maneira linear em qualquer regime. É possível fazer retomadas partindo dos 1.000 rpm sem engasgos e sem ruídos. O sistema de direção elétrica do modelo também é superior ao do rival: além de economizar combustível por não ter uma bomba hidráulica ligada ao motor, também é progressiva. As balizas exigem pouco esforço e o volante ganha firmeza conforme a velocidade aumenta, transmitindo mais segurança.
A calibragem da suspensão do Sandero ficou mais firme, o que melhorou o comportamento dinâmico do carro nas mudanças de direção. Porém, a solução faz com que os buracos sejam transferidos com mais intensidade para a cabine. Não é incômodo, mas é perceptível. Já o Etios apresenta a mesma qualidade dinâmica em curvas do rival sem sacrificar o conforto em vias mal cuidadas. Ponto para a calibração melhor acertada do hatch da Toyota.
Em suma, o Sandero cai bem aos olhos e ao bolso, enquanto o Etios é mais prazeroso e confortável ao dirigir e conta com uma mecânica mais moderna. O Renault agrada onde se vê, o Toyota onde não se vê.
Veredicto de Thiago Moreno: Racionalmente, a opção pelo Etios se justifica apenas para aqueles que apreciam um conjunto mecânico refinado. Se o dinheiro fosse meu, era o carro que levaria para a garagem. Mas é inegável a vitória do Sandero, que entrega um visual mais acertado e um maior nível de equipamentos a um preço similar, apesar de ter uma mecânica inferior à do rival.
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