06/06/2016 - Anamaria Rinaldi / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
O mercado brasileiro vive algumas fases. No ano passado tivemos uma avalanche de lançamentos para o segmento de SUV’s compactos. Agora, vivemos a era das picapes médias, começando com a nova geração da Toyota Hilux em novembro passado, depois passando pela reestilização da Ford Ranger em abril e culminando com o facelift da Chevrolet S10 em maio. Por enquanto, a Hilux domina, mas ela foi a primeira a se renovar. No acumulado de vendas de janeiro a abril, a picape da Toyota soma 11.272 unidades emplacadas, frente às 6.246 unidades da S10 e às 3.819 unidades da Ranger, segundo dados da Fenabrave (associação de revendedores). Agora que todas estão mudadas, quem está um passo à frente? Confira o veredito do iCarros entre S10 e Hilux nas versões topo de linha com cabine dupla e motor diesel. Lembrando que a Chevrolet S10 High Country custa R$ 167.490 e a Toyota Hilux SRX sai por R$ 188.120.
Visual deixou ambas bem mais bonitas
O novo visual da S10 agradou nas ruas de São Paulo, atraindo curiosos que apontavam para a frente agora exibindo a atual identidade da marca – essa nova dianteira estreou por aqui no Cobalt no final do ano passado. Os faróis parecem ser o item mais atraente desse novo “look”. Já a Hilux também mudou bastante na nova geração, a oitava, recebendo grade, faróis, para-choques, para-malas e lanternas traseiras renovadas. O resultado também parece ter agradado o público, embora a Hilux – talvez por já estar há mais tempo no mercado com o novo visual – tenha atraído (um pouco) menos de atenção. Essa nova geração também está maior, com 7 cm a mais no comprimento e 2 cm na largura. As medidas ficam então 5,33 m de comprimento, 1,85 m de largura, 1,81 m de altura e 3,08 m de entre-eixos, frente a 5,40 m, 1,87 m, 1,83 m e 3,09 m, respectivamente, da rival da Chevrolet.
Veja a ficha técnica completa da Hilux
Veja a ficha técnica completa da S10
Equipamentos de série
Apesar da mudança estética, o destaque da reestilização na S10 fica por conta da tecnologia embarcada na picape, que briga para se manter à frente das rivais. Falando então dos equipamentos, a versão topo de linha da S10 vem com direção elétrica, ar-condicionado automático, controle de estabilidade, assistente de partida em rampa, sensores crepuscular e de chuva, alerta de saída de faixa, alerta de colisão frontal, bancos revestidos de couro com ajustes elétricos, faróis de neblina, rodas de liga leve aro 18”, capota marítima, piloto automático, espelho interno eletrocrômico (antiofuscante), câmera de ré, sensor de estacionamento dianteiro e traseiro, partida por controle remoto, rebatimento elétrico dos retrovisores, luzes diurnas de LED, rack de teto com barras transversais, santantônio, estribos laterais , central multimídia com tela de oito polegadas sensível ao toque, USB, Bluetooth, GPS, espelhamento da tela de celulares compatível com Android Auto e Apple CarPlay e sistema OnStar (serviços como concierge, navegação e emergência).
A Hilux, por sua vez, vem com direção hidráulica, ar-condicionado digital, partida por botão, controlador de velocidade, protetor de caçamba, bancos revestidos de couro, central multimídia com tela sensível ao toque, USB, Bluetooth, GPS e TV digital, câmera de ré, retrovisores externos com rebatimento elétrico, sensor crepuscular, luzes diurnas de LED, faróis de neblina, sete airbags (frontais, laterais, de cortina e de joelho para o motorista), rodas de liga leve aro 18”, sistema isofix para cadeiras infantis, bloqueio do diferencial traseiro, controle de tração e de estabilidade, assistente de reboque, assistente de partida em rampa e de descida, alarme e tampa traseira com chave.
No balanço geral, a S10 leva vantagem pelo pacote mais recheado, com destaque para a direção elétrica, o sensor de estacionamento traseiro (afinal é um carro com mais de 5 m) e a central multimídia mais moderna. Sendo uma picape, ela ainda ganha pontos por vir com capota marítima, estribos e santantônio de fábrica.
Desempenho e consumo
O conjunto mecânico da S10 não mudou, mantendo o 2.8 turbodiesel de 200 cv e 51 kgfm, com câmbio automático de seis marchas. Isso é bom, já que essa dupla entregava – e continua entregando – bom desempenho desde baixas rotações. E isso para um modelo de 2.101 kg. O câmbio trabalha bem, é suave e não vacila mesmo em reduções. Não há borboletas, permitindo fazer trocas manuais somente na alavanca - merece a menção que nenhuma picape média traz borboletas, presentes como opcional apenas na intermediária Fiat Toro. De qualquer forma, houve, sim, melhorias. A suspensão da S10 está perceptivelmente mais firme, o que melhorou demais a sua dirigibilidade, especialmente com a caçamba vazia. O conforto a bordo em pisos irregulares ou em buracos e valetas nem se compara ao “pula-pula” do modelo anterior.
Leia a opinião de donos de Hilux
Leia a opinião de donos de S10
Outra mudança bem-vinda é a direção agora com assistência elétrica. Para um veículo desse porte, ela ajuda muito e torna as manobras bem mais fáceis – lembrando que a versão High Country é vendida apenas com cabine dupla e tração 4x4. O consumo também não foi nada mal, registrando média de 7 km/l na cidade. O Inmetro não divulgou os dados para essa versão no modelo 2017, mas a LT CD faz 8,4 km/l em uso urbano.
A Hilux também conta com um 2.8 turbodiesel, mas que rende 177 cv de potência e 45,9 kgfm de torque, com transmissão automática de seis marchas. Ao volante, a Hilux é mais fraca, muito em função dos números inferiores de desempenho já que os pesos são parecidos – a Toyota pesa 2.090 kg contra os 2.101 kg da Chevrolet. E mesmo entregando o torque máximo em uma faixa de giros menor – 1.600 rpm frente a 2.000 rpm da rival – ela parece arrancar com mais dificuldade.
O lado positivo é que a picape possui os modos de condução Eco e Power Mode, que privilegiam o consumo e o desempenho, respectivamente. Numa ultrapassagem, por exemplo, vale a pena acionar o Power Mode apertando o botão no console central. A diferença de resposta é nítida. Falando em consumo, aliás, a picape registrou média de 6 km/l na cidade. Pelo Inmetro, a média é de 9 km/l. A Hilux só perdeu esse quesito porque qualquer pisada mais forte no pedal do acelerador eleva quase que instantaneamente o consumo médio no computador de bordo. A transmissão trabalha bem, sem trancos, mas também só permite trocas manuais na alavanca – e o trilho hoje em dia parece algo bem antiquado.
Quanto à dirigibilidade, a direção hidráulica não ajuda na hora de manobrar e a suspensão ficou muito mais macia que a concorrente após a renovação da S10. Isso se reflete em “pulos” frequentes ao passar por ondulações na pista e maior inclinação da carroceria em curvas.
Acabamento e espaço interno
A cabine da S10 remete mesmo a um modelo de luxo, como é a proposta dessa configuração. O acabamento é muito bom e a escolha dos materiais agrada. Há ainda um emblema com a inscrição “High Country” na porta que dá um charme extra. O espaço no banco traseiro é amplo e o assoalho é plano, acomodando bem três adultos atrás. E a caçamba? Ela tem capacidade de carga de 1.049 kg, mas a tampa sem amortecedor exige que as mãos estejam livres para abri-la. A picape da Toyota, por sua vez, leva 1.000 kg na caçamba, que tem travamento da porta pela chave.
Veja todas as versões e preços da Hilux
Veja todas as versões e preços da S10
Acredito que o maior problema na Hilux está em seu interior. O espaço no banco traseiro é bom e o assoalho quase plano permite que três adultos viajem bem atrás. Mas o acabamento é inferior com o uso de plásticos muito duros, o relógio digital é polêmico e divide opiniões (é do tipo “ame ou odeie”) e os comandos touchscreen da central multimídia não são muito sensíveis ao toque. Entre apertar o botão e o comando acontecer existem alguns segundos que os consumidores dessa era digital percebem nitidamente – e se incomodam. Além disso, a tela não fica exatamente integrada ao painel, parecendo um pouco um tablet acoplado ao carro.
Escolha de Anamaria Rinaldi – Ao andar com as duas picapes na sequência, fica a sensação de que a Hilux está agora um degrau atrás das rivais já modernizadas. E ainda cobra mais por isso. Custando R$ 20 mil a menos e mais recheada de série, a S10 leva esse comparativo. A Toyota precisará se mexer se quiser manter a liderança de vendas no segmento que ainda detém no acumulado do ano.
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