20/10/2015 - Anamaria Rinaldi / Fotos: Gabriel Aguiar e Anamaria Rinaldi / Fonte: iCarros
Enquanto o Brasil ainda engatinha no segmento de veículos elétricos, o Renault ZOE é comercializado na Europa desde 2012, sendo o primeiro carro 100% elétrico da marca. Ele é fabricado em Flins, na França, dividindo a linha de produção com o compacto Clio – com quem guarda algumas semelhanças visuais.
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O ZOE chegou ao mercado europeu com preço de popular (em torno de 13 mil euros na França graças aos incentivos fiscais), mas hoje custa a partir de 21.900 euros (R$ 95.595) em seu país de origem, enquanto um Clio por lá parte de 13.500 euros (R$ 58.928). Isso torna os modelos elétricos uma realidade ainda mais distante para nós brasileiros devido à falta de incentivos fiscais e de infraestrutura de recarga. A Renault informou que já comercializou cerca de 80 veículos elétricos no País para empresas e governos e está apta a atender a uma demanda maior, se houver. Mas ela não fala em preços e pode-se imaginar que um modelo como o ZOE não chegaria por menos de R$ 100 mil às lojas brasileiras. E basta rodar alguns dias com um carro elétrico para entender que as dificuldades por aqui vão além do preço do carro.
Primeiro, existem apenas dois pontos de recarga em shoppings centers da capital paulista: são duas vagas no Shopping Pátio Paulista (zona sul) e mais duas no Shopping VillaLobos (zona oeste). Diante disso, é preciso calcular quanto você irá rodar para ter certeza de que não ficará parado até chegar lá.
Regeneração funciona
A grande vantagem é que o ZOE oferece algumas soluções para poupar energia, como sistema de pré-climatização (permite ligar o ar-condicionado ou o aquecimento enquanto o carro está carregando, evitando assim gastar energia depois com a climatização da cabine), modo Eco (altera respostas de aceleração, torque e potência, além de reduzir a potência do ar-condicionado, oferecendo economia de ao menos 10%, segundo a Renault) e gráficos exibidos na tela da central multimídia que ajudam o condutor a dirigir de modo econômico.
Além disso, os freios regeneram energia para as baterias. Isso acontece ao frear e quando o freio-motor entra em ação ao tirar o pé do acelerador. Dessa forma, se você perde dois quilômetros de autonomia em uma arrancada, consegue recuperar em seguida com a regeneração. Ou seja, se o percurso entre sua casa e o trabalho for de até 10 km, pode rodar uma semana até precisar recarregar o veículo. A autonomia declarada do ZOE é de 210 quilômetros, mas dificilmente você conseguirá rodar tudo isso sem colocá-lo em uma tomada.
A recarga residencial leva cerca de oito horas, enquanto nos pontos de recarga rápida é possível completar 80% da bateria em 30 minutos, de acordo com a fabricante. A voltagem de 110V ou 220V é indiferente; o que interfere é a potência da rede elétrica. Na vida real, o iCarros recarregou apenas 21% da bateria em 1h30 em um dos pontos da capital paulista. Com 53% de carga, a previsão era de 3h40 para atingir os 100%. Um aspecto importante é que, uma vez conectado ao veículo, o cabo fica travado, evitando que crianças ou curiosos puxem e interrompam o carregamento. Ele só é liberado ao pressionar um botão na chave do carro.
Como anda?
O ZOE anda muito bem, com respostas rápidas ao pedal do acelerador, mesmo com o modo ECO acionado. Ele é movido por um motor elétrico de 88 cv e 22,4 kgfm, com câmbio automático de apenas duas marchas, uma à frente e a ré. Você só lembra que está em um veículo elétrico pela ausência de barulho vindo do propulsor a combustão. E com o Eco desligado, a diferença é perceptível. Não que o ZOE se torne um esportivo, mas ele não te deixa na mão em arrancadas ou ao fazer uma ultrapassagem.
O bom desempenho está relacionado ao porte pequeno do ZOE, que pesa 1.468 kg e tem 4,08 m de comprimento – é pouco mais que um Sandero (4,06 m). Segundo a fabricante, ele vai de 0 a 100 km/h em 13,5 segundos e atinge a velocidade máxima de 135 km/h. Se o desempenho merece só elogios, a suspensão é um pouco rígida demais e parece não estar adaptada às ruas brasileiras, incomodando em alguns tipos de piso.
Espaço interno
E a vida a bordo? É muito boa! O ZOE é vendido lá fora em três versões de acabamento, sendo a intermediária Zen a testada pelo iCarros. O quadro de instrumentos é todo digital com três configurações possíveis para personalizá-lo e sua cor muda de acordo com o estilo de condução. Além disso, a tela da central multimídia é sensível ao toque, com GPS integrado e gráfico que mostra quando os freios estão regenerando energia para as baterias. A chave é do tipo cartão, como no Fluence, e a partida é feita por um botão. O painel exibe bom acabamento com detalhes em branco espalhados pela cabine, mesclando ares modernos com um toque de requinte. E para completar os mimos, há odorizador de ambiente, ionizador (limpa o ar dentro da cabine) e sistema que avalia a qualidade do ar no exterior do veículo.
A posição de dirigir é elevada, mas boa, com ajustes de altura e profundidade no volante. Os comandos estão acessíveis e os botões de áudio ficam em uma alavanca na coluna de direção. Há ainda direção elétrica, sensor de estacionamento traseiro, assistente de partida em rampa e ar-condicionado automático. O espaço no banco traseiro é amplo, mas a bateria posicionada embaixo do piso faz com que os passageiros atrás fiquem mais altos e com menos espaço para a cabeça. Já as pernas vão bem acomodadas graças ao assoalho quase plano. E há cintos de segurança de três pontos para todos os ocupantes. O porta-malas é espaçoso e leva 388 litros.
Por fora, chama a atenção o estilo ousado do ZOE, com um enorme logotipo na frente que na verdade esconde o bocal de recarga. Atrás, as maçanetas das portas traseiras ficam camufladas na coluna, uma solução elegante e discreta. No final, o ZOE é um ótimo carro e seria uma opção ideal para uso no dia a dia – já que sua restrição de autonomia impede grandes viagens e que ele seja o único carro da família. Ele atraiu muitos olhares nas ruas e conquistou interessados durante a avaliação do iCarros, que chegaram a perguntar como comprar um. Contudo, o ZOE só seria viável no Brasil se houvessem pontos de recarga nas ruas e nos prédios e se ele custasse na faixa de R$ 50 mil.
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