04/07/2016 - Texto e fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
Ao apresentar a SVO (Special Vehicles Operations), o grupo Jaguar Land Rover entrou no seleto mundo das marcas que possuem uma divisão específica para fazer carros especiais. É o caso do primeiro produto Range Rover SVR que você vê nas fotos. Com um motor V8 vindo diretamente do F-Type, o esportivo puro-sangue da Jaguar, esse Range Rover tem tudo para dar certo. Por quê? Porque apesar de cobrar caro (R$ 595 mil), entrega três experiências num único veículo.
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Ficha técnica de dar medo
Mas um medo bom, claro. O 5.0 V8 a gasolina sobrealimentado por compressor que pulsa sob o capô do SVR entrega 550 cv de potência e 69,3 kgfm de torque. A única opção de câmbio é o automático de oito velocidades com opção de troca manual pela alavanca ou por borboletas atrás do volante. A força é distribuída para as quatro rodas de maneira automática pelo sistema Terrain Response da Land Rover. Mesmo pesando 2.335 kg, o SVR consegue acelerar de 0 a 100 km/h em 4,7 segundos, número suficiente para envergonhar muitos esportivos, com velocidade máxima de 260 km/h. Nada mal, ainda mais se considerando que não é exatamente um cupê leve e ligeiro.
O porém vem em consumo. Ande com muita empolgação e sua média cairá para risíveis 2,5 km/l, algo que não se via desde a época em que os V8 usavam carburador. Pilote tranquilamente em vias expressas e a média pode passar de 7 km/l. Num uso típico e se deixando cair em tentação algumas vezes, 4,5 km/l é o número que se deve esperar.
Baseado no Range Rover Sport, a lista de itens de série é de carro de luxo. Ar-condicionado automático de três zonas, todos os controles de segurança, mais airbags que uns três carros populares juntos, bancos de couro com regulagens elétricas e memória, teto-solar panorâmico com abertura elétrica, piloto automático adaptativo, assistente de baliza, suspensão adaptativa, tampa do porta-malas com abertura e fechamento elétricos e tela central multimídia. E isso não cobre nem metade dos equipamentos de fábrica.
O tamanho é praticamente o mesmo de Range Rover Sport convencional. São 4,9 m de comprimento, 2 m de largura, 1,8 m de altura e 2,9 m de entre-eixos. O porta-malas acomoda até 489 litros e o tanque, 105 litros. O SUV usa rodas aro 21, mas a carroceria é tão grande que as rodas parecem menores.
Carro 1: o SUV tradicional Land Rover
Olhando por fora, são pequenos detalhes que entregam a vocação esportiva do Range Rover SVR. A maioria está nos para-choques maiores e nos apêndices aerodinâmicos extras do SUV. São tão minimalistas que, para ser ver o emblema da divisão SVO, é preciso abrir as duas portas laterais. Por fora, as linhas retas e sóbrias, com a impressão de que o teto está flutuando, ainda são as mesmas do Range Rover Sport.
Por dentro, tudo padrão Land Rover. Couro nos revestimentos desde o assoalho até o painel, montagem perfeita e materiais de boa qualidade. Estão lá o sistema Terrain Response, que trata de manter a capacidade do SVR no fora-de-estrada como qualquer Land Rover e alguns comandos familiares, como o controle da altura do carro, ideal para evitar que o carro raspe em valetas ou entale em garagens muito baixas.
Carro 2: um calmo utilitário familiar
Se você não buscar saber o que são aqueles botões extras no console central, será difícil diferenciar o SVR dos demais Range Rover Sport. A suspensão adaptativa filtra os buracos sem que os ocupantes notem. É como se alguém tivesse recapeado a rua de sua casa sem aviso. Os cuidados da Land Rover se mostram em todos os lugares, como no porta-objetos escondido nas portas, ou nas janelas com vidros duplos para melhorar o isolamento acústico, ou ainda nos sensores de presença dos bancos que avisam qual dos passageiros não está de cinto.
Praticamente, tudo no SVR é automático. Faróis, janelas, teto-solar, rebatimento dos espelhos e limpador do para-brisa. Se o motorista quiser, não precisa se preocupar com nada disso. Espaço? Cinco adultos que vão se acomodar sem aperto, fora a fila de amigos que vão esperar a vez para dar uma volta. Aí você encontra o botão que deixa o escape mais barulhento. Aí o lado família do SVR vai embora.
Carro 3: o esportivo que desafia a física
Os mais atentos vão perceber que há uma função extra no seletor do Terrain Response. É o modo Dynamic. É a maneira mais rápida de garantir que o seu consumo de combustível vire uma piada. Nele, os mostradores do painel ficam vermelhos, a resposta do acelerador se torna extremamente arisca e as trocas de marcha são feitas em rotações mais elevadas com literais pancadas nas costas do motorista.
Use o modo manual de trocas e um indicador de marchas aparece entre o velocímetro e o conta-giros. Quando se está perto do limite de rotações, começa a piscar. A cada troca manual, o escape – que já fica mais ruidoso no modo Dynamic – dá estouros, pipoca, coisa de carro de corrida mesmo. De longe, o ronco do V8 no SVR é a característica mais marcante, seguida de perto pela maneira com a qual o SUV quebra algumas leis da física.
Alto, largo e bem pesado, o SVR acelera em linha reta tão rápido quanto alguns carros feitos com a performance como objetivo final, não baseados num SUV 4x4 familiar de luxo. Quer ter uma ideia? Se você tiver preguiça de acionar o lampejador de farol alto na alavanca de seta, afunde o pé firmemente no acelerador. O peso vai todo para a traseira, o carro “senta” no eixo posterior e a frente levanta. Mesmo apenas com o farol baixo, é certeza que o carro da frente irá te ver.
Claro que em curvas é possível perceber que a carroceria rola nas mudanças de direção, mas quando se lembra que são quase duas toneladas e meia de SUV indo de um lado para o outro, não é possível não se perguntar qual é a bruxaria que a divisão SVO da Land Rover fez com esse Range Rover. Mas não é feitiçaria, é tecnologia. A suspensão adaptativa dá conta de perceber a movimentação de massa, o ângulo de esterço do volante, a carga no acelerador, a marcha engatada e a distribuição de força entre as rodas para resolver qual é a carga necessária para minimizar os efeitos do peso. Barras estabilizadoras e freios, claro, são maiores e específicos do SVR.
O que diz o público-alvo?
Com um preço beirando os R$ 600 mil, o orçamento limita bem as opções de compradores do SVR. Mas é um público específico, geralmente profissionais liberais, casados e que gostam de velocidade, mas também precisam levar a família. Para ver o ponto de vista de um comprador, o iCarros convidou o empresário Sylvio de Barros para dar uma volta no modelo. Barros já participou como piloto no Rally dos Sertões e na Porsche Cup.
Para o empresário, a força e o barulho do SVR saltam aos olhos: “Sem dúvida, o torque chama a atenção. E o barulho do escape está na medida para combinar com a emoção das aceleradas”. Com experiência nas pistas, Sylvio de Barros ainda dá um toque para os possíveis compradores: “foi bom ter a carteira de piloto e experiência das pistas para levar o carro aos seus limites de estabilidade. Definitivamente, não é um carro para desavisados”.
Entre os pontos negativos (sim, eles existem), o empresário destaca o peso do Range Rover SVR: “Pelo porte, percebe-se que os sistemas de assistência de estabilidade e suspensão trabalham bastante para manter o carro alinhado, principalmente em curvas de alta velocidade”. Sylvio deixa um recado para quem tem interesse em comprar um SVR: “para quem curte alto desempenho em família, este é o carro”.
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