Peugeot 2008 Griffe se moderniza com câmbio de seis marchas
SUV perde um pouco em potência, mas ganha em dirigibilidade e no consumo rodoviário. Vale o investimento?
09/10/2017 - Anamaria Rinaldi / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
Já era hora de os modelos Peugeot e Citroën abandonarem o câmbio automático de quatro marchas por um mais moderno. Pois foi agora em 2017 que chegou ao mercado do automático de seis velocidades. Mas junto com a nova transmissão, houve também alterações no motor. E aí, ficou melhor? O iCarros testou o SUV 2008 atualizado na versão mais equipada Griffe, oferecida por R$ 85.190. A opção de entrada manual sai por R$ 72.990, mas a automática mais em conta custa R$ 78.590.
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Ficha técnica e desempenho
Vamos começar pelo que interessa, o conjunto mecânico que sofreu alterações. O motor segue o 1.6 16V flex com comando variável de válvulas, mas que teve a potência máxima reduzida de 122 cv para 118 cv com etanol. Com gasolina seguem os 115 cv. A redução deve ter ocorrido em função da alteração na curva de torque para entregar mais força em rotações mais baixas.
Tanto que o torque máximo também mudou de 16,4 (e) kgfm e 15,5 kgfm (g) para 16,1 kgfm com ambos os combustíveis, com pico a 4.750 rpm com etanol e 4.000 rpm com gasolina - antes era 4.000 rpm independente do que estivesse no tanque. O câmbio como já foi dito passou então a oferecer seis marchas, com opção de trocas manuais movendo a alavanca para a esquerda. Não há borboletas, o que ajudaria na dirigibilidade.
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E o desempenho? O 2008 não oferece uma arrancada violenta. Na verdade ele é até um pouco lento para sair da imobilidade, mas depois ele vai sem problemas e ganha velocidade com bastante destreza para um SUV. É um carro para quem gosta de respostas mais suaves, não para os apressadinhos que querem sair primeiro nos semáforos. Para quem teve curiosidade, seu peso é de 1.248 kg.
O novo câmbio caiu muito bem ao 2008, deixando-o mais suave nas trocas de marcha e mais ágil no trânsito. A 50 km/h ele já está na quarta marcha, o que não acontecia no modelo anterior, quando a quarta era a última marcha disponível. E se você sente a melhoria na cidade, na estrada então a diferença é enorme. O carro está bem mais silencioso e oferece melhores respostas nas retomadas de velocidade - sem trancos. A 120 km/h o motor trabalha em torno de 2.500 rpm em sexta marcha. E ainda há os modos "Eco" e "S", dependendo da condução a ser adotada.
A direção elétrica é bem direta e a suspensão filtra bem o piso, oferecendo um ajuste mais voltado para o conforto. Seria um pouco melhor se a regulagem não permitisse que o carro pulasse tanto ao passar por uma ondulação no asfalto. No geral, a dirigibilidade agrada bastante e por vezes você pensa estar mais em um hatch do que em um SUV - o 2008 contorna curvas sem problemas. Pontos também para o ótimo isolamento acústico.
Confira a opinião dos donos: nota 9,1
Consumo
Houve ganho também no consumo na estrada. O 2008, segundo dados do Inmetro, roda 7,5 km/l na cidade com etanol e 10,7 km/l com gasolina. Quase não mudou com o combustível vegetal e, com gasolina, até piorou um pouco. Já em uso rodoviário, são 9,2 km/l com etanol e 13 km/l com gasolina - antes eram 8,6 km/l e 12,2 km/l, respectivamente. A longo prazo vai fazer diferença se você pega estrada regularmente.
Durante a avaliação do iCarros, tivemos as sequintes médias com gasolina no tanque: 5,3 km/l rodando em congestionamentos, 7 km/l em uso urbano com o trânsito normal das grandes cidades em um final de semana e 13 km/l em uso rodoviário. Nada mal.
Acabamento e espaço interno
O acabamento na versão Griffe é elegante, com peças foscas, o que dá um toque de esportividade sem ser exagerado. A cabine é bastante agradável e causa uma boa impressão para quem entra no 2008 pela primeira vez. Além disso, o painel com o porta-luvas recuado cria uma maior sensação de amplitude.
Já conhecido na linha da Peugeot, o volante menor com o quadro de instrumentos elevado faz com que o motorista naturalmente adote uma posição mais alta de dirigir. Até a tela da central multimídia - que oferece espelhamento de smartphones via Android Auto e Apple CarPlay - fica mais alta. Ela é sensível ao toque, ganhando agora botões de toque no lugar do giratório anterior para o volume. Não é tão prático, mas visualmente ficou mais bonito.
O quadro de instrumentos possui uma tela digital, com ótima visualização. Além disso, chama a atenção o freio de estacionamento com alavanca que lembra o comando de um avião. Isso sem falar no teto panorâmico, que abre e fecha a cortina eletricamente acionando um botão ao lado do freio de estacionamento.
No banco traseiro, a sensação de espaço é bem menor do que para quem vai na frente. Com 2,54 m de entre-eixos, na verdade, não há muito espaço para as pernas. Para comparar, o Honda HR-V tem 2,61 m de entre-eixos. O porta-malas leva 355 litros, o que não é muito para esse segmento. De novo usando o modelo da Honda como referência, ele oferece 437 litros. Incomodou também o fato de a tampa do porta-malas ser pesada - tente abrir ou fechar com as mãos ocupadas.
Equipamentos de série
A versão Griffe cobra caro, mas traz tudo que se espera de um carro de quase R$ 80 mil. Pena que ela fique devendo controle de estabilidade, de série apenas na configuração turbo THP, assim como o sensor de estacionamento dianteiro.
Entre os itens de fábrica estão: ar-condicionado digital dual zone, direção elétrica, teto panorâmico, rodas de liga leve de 16 polegadas, trio elétrico, barras de teto prateadas, seis airbags (frontais, laterais de de cortina), luz diurna de LED, faróis e lanternas traseiras de neblina, câmera de ré, sensor de estacionamento traseiro, isofix, acendimento automático dos faróis, sensor de chuva, controlador e limitador de velocidade, modo Eco, computador de bordo, chave canivete, alarme, pneus com baixa resistência ao rolamento, volante revestido de couro com regulagem de altura e profundidade, porta-luvas refrigerado e central multimídia com tela sensível ao toque de 7", conexão Android Auto e Apple CarPlay, comandos no volante, Bluetooth, streaming de áudio e entrada USB.
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Pós-venda
A Peugeot oferece três anos de garantia, com revisões cobrando R$ 6.600 até os 60 mil km. Não é barato. Só a primeira de 10 km sai por R$ 930, enquanto a segunda custa R$ 1.200. Não é à toa que a empresa lançou um serviço de pós-venda com mais garantias para o cliente.
Ela garante, por exemplo, que nas revisões agendadas o carro será entregue em até 24h ou o cliente não precisará pagar, além de fornecer veículo reserva em atendimentos que durem mais de quatro dias e a certeza de pagar apenas o combinado no orçamento (se passar, a marca garante pagar a diferença).
Aí você pensou também em desvalorização. Bom, de acordo com o Selo Maior Valor de Revenda, criado pela Agência AutoInforme, o 2008 foi o 10º SUV com menor depreciação em 2016, considerando modelos de todos os tamanhos. Com desvalorização de 12,2% após um ano de uso, ele ficou atrás de HR-V (-4,5%) e Renegade (-6,4%), mas venceu outros rivais como Renault Duster (-14%), Lifan X60 (-16,1%), Ford EcoSport (-16,4%) e Chevrolet Tracker (-16,7%).
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Conclusão
O 2008 é um ótimo carro, muito prazeroso de dirigir, bem equipado e econômico. Ele peca em espaço interno e porta-malas, mas se você não tem uma família grande, ele pode ser uma boa opção. E apesar de seu grande potencial, o 2008 é apenas o 10º SUV mais vendido no Brasil, bem distante dos líderes do segmento. Bonitinho por dentro e por fora, ele é um carro incompreendido. E daí a ofensiva da Peugeot em oferecer um atendimento diferenciado no pós-venda para seus clientes (leia acima).
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