22/03/2016 - Anamaria Rinaldi / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
A última novidade no segmento de utilitários esportivos no mercado brasileiro, o T5, tem passaporte chinês por enquanto, mas, a partir do ano que vem, ganha cidadania brasileira, se tornando o primeiro modelos nacional da JAC Motors, pois será feito em Camaçari (BA) em regime de CKD (montado aqui com peças importadas).
As primeiras unidades nacionalizadas já deverão sair de fábrica com câmbio automático do tipo CVT (continuamente variável). Mas enquanto isso não acontece, o T5 é oferecido apenas com transmissão manual. São três versões com preços entre R$ 59.990 e R$ 69.990. O iCarros avaliou a configuração topo de linha, colocada lado a lado com o veterano Renault Duster. Com preços entre R$ 65.500 e R$ 87.250, a versão cedida pela fabricante para esta avaliação foi a Dynamique 2.0 manual de R$ 81.800.
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Como andam?
O T5 é equipado com motor 1.5 16V flex que rende 127 cv de potência e 15,7 kgmf de torque a 4.000 rpm, com câmbio manual de cinco marchas. Este é o único conjunto mecânico oferecido por enquanto. Infelizmente, ele não empolga muito, com respostas lentas em baixas rotações. Em uma subida, por exemplo, é preciso um pouco de paciência. O SUV “acorda” mesmo só a partir das 2.500 rpm. Pesando 1.210 kg, ele acelera de 0 a 100 km/h em 10,8 segundos e atinge a velocidade máxima de 194 km/h. Seu consumo em uso urbano teve média de 6,5 km/l durante a avaliação do iCarros. Os dados do Inmetro apontam 6,8 km/l na cidade e 9,6 km/l na estrada, sempre com etanol.
Já o Duster tem as opções 1.6 16V (com transmissão manual de cinco velocidades) e 2.0 16V (câmbio manual de seis ou automático de quatro marchas). O SUV avaliado é o 2.0 que desenvolve 148 cv e 20,9 kgfm a 4.000 rpm com etanol, acoplado à transmissão manual de seis marchas. Claro que ele entrega um desempenho superior que o rival em função do bloco maior, mesmo pesando 66 kg a mais, com 1.276 kg. Mas o SUV da Renault também bebe mais por isso, registrando média de 5 km/l com etanol na cidade durante o teste – ressaltando que ele traz indicador de trocas de marcha no painel e gráficos que ajudam a conduzir de forma mais econômica na central multimídia. Segundo o Inmetro, o SUV faz 6,7 km/l na cidade e 7,8 km/l na estrada, ambos os números com etanol.
A vantagem é que seu torque maior oferece mais agilidade, perceptível ao volante. Ele cumpre a aceleração da imobilidade até os 100 km/h em 10,4 segundos, com máxima de 186 km/h. Para comparação, o 1.6 rende 115 cv e 15,9 kgfm, com 0-100 km/h em 12,7 segundos e máxima de 164 km/h – ou seja, o Duster só supera o JAC com o propulsor mais potente.
A direção é ponto garantido do T5, que conta com assistência elétrica, enquanto o Duster ainda traz direção hidráulica. Ela é um pouco leve demais no JAC, é verdade, mas acaba agradando mais que o peso da do rival. O Renault, contudo, tem engates mais precisos no câmbio manual. Apesar de terem ajustes bem diferentes (macia no T5 e mais firme do Duster), eu deixo a suspensão como empate, já que ambos filtram muito bem o piso, sem incomodar os passageiros dentro da cabine mesmo ao encarar buracos ou valetas. Nos dois modelos, a suspensão dianteira é independente McPherson enquanto a traseira é semi-independente.
Veja a ficha técnica completa do T5
Veja a ficha técnica completa do Duster
Leia a opinião de donos de Duster
Interior e espaço interno
Antes de falar do interior, vou gastar algumas linhas para destacar que, por fora, o JAC T5 ficou muito bonito, chamando a atenção nas ruas. Não foram poucos os que viraram o pescoço para conferir mais detalhes da novidade. O Duster, por sua vez, ficou mais moderno com a reestilização, lançada em março do ano passado. Mas o que os aproxima é que ambos passam uma imagem de robustez, medindo os mesmos 4,32 m de comprimento. Nas demais medidas, o Renault é maior: 1,82 m de largura, 1,68 m de altura e 2,67 m de entre-eixos, contra 1,76 m, 1,62 m e 2,56 m, respectivamente, do JAC.
Por dentro, o Duster peca na ergonomia. A lista de reclamações inclui os comandos dos retrovisores externos embaixo da alavanca do freio de mão, os botões dos vidros na porta longe do alcance do motorista, a tela da central multimídia muito baixa dificultando ver o mapa do GPS e os comandos do rádio em uma alavanca atrás do volante, um pouco desconfortável perto dos botões no volante do T5. O Duster ainda possui um botão particularmente mal posicionado na minha opinião: o Eco, que fica junto ao porta-copos em uma área sem iluminação. Por isso, não tente acertá-lo sem acender a luz de leitura à noite.
A posição de dirigir é mais alta no Renault que no JAC e os dois deixam a desejar por não terem ajuste de profundidade no volante. A regulagem em altura, aliás, é bastante dura em ambos os modelos, sendo um pouco pior no Duster, já que o volante “cai” no colo ao soltar a trava. Quanto ao acabamento, a briga é dura. O Duster emprega materiais melhores com parte em preto brilhante, mas o T5 tem desenho mais moderno e detalhes em prata fosco. No banco traseiro, o Renault é mais espaçoso, mas os apoios de braço nas portas “espremem” os ocupantes, dificultando levar três pessoas. Sem falar no puxador, que tem uma empunhadura péssima. Por fim, o porta-malas acomoda 600 litros no T5, contra os 475 litros do Duster.
Equipamentos de série
O T5 topo de linha e o Duster Dynamique saem de fábrica com ar-condicionado (digital no JAC), computador de bordo, trio elétrico (nas quatro portas), sensor de estacionamento traseiro, volante revestido de couro, rodas de liga leve aro 16", alarme, faróis de neblina, banco do motorista com ajuste de altura e central multimídia com Bluetooth e tela colorida sensível ao toque (de 7” no Duster e de 8” no T5).
O Duster acrescenta a essa lista apenas GPS, enquanto o T5 traz a mais controle de estabilidade e de tração, assistente de partida em rampa, monitoramente da pressão dos pneus, luzes diurnas de LED, retrovisor interno antiofuscante, acendimento automático dos faróis, sistema isofix para cadeiras infantis, rack de teto, entrada USB, função de espelhamento do celular compatível com Mirror Link (só Android), bancos revestidos de couro e câmera de ré – estes dois últimos são oferecidos como opcionais no Renault.
Escolha de Anamaria Rinaldi – Apesar do desempenho superior, o Duster Dynamique 2.0 não faz valer os R$ 11.800 que cobra a mais. Por isso, o JAC vence este comparativo por oferecer uma boa lista de equipamentos – bem mais completa que o rival – com bons resultados nos demais quesitos. Além disso, ele conta com seis anos de garantia sem limite de quilometragem, contra os três anos ou 100 mil quilômetros do Renault, o que pode fazer diferença se você pretende revender o carro após alguns tempo.
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