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MINI Cooper x Audi A3: quando Davi vira Golias

Com quatro portas, MINI Cooper cresce, mas esse Davi anabolizado consegue derrubar o Golias da Audi em seu segmento?

21/09/2015 - Texto e fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros

Desde 2000, quando a BMW comprou a marca MINI e renovou um clássico com 40 anos de estrada, os pequenos e divertidos modelos entraram numa dieta de engorda e, a cada nova geração, o carro cresce mais. Na atual, apresentada em 2014, abriu espaço para algo inédito no hatch: a introdução de uma configuração quatro portas. Mas com o preço passando dos R$ 100 mil, esse Davi britânico entrou no território de um Golias germânico. E dos bravos: o Audi A3 Sportback. Por isso, o iCarros avaliou o MINI Cooper 1.5 com o Audi A3 Sportback 1.8 para responder se tamanho é realmente documento entre os hatches premium.

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Com 4 m de comprimento, 1,8 m de largura, 1,4 m de altura e 2,6 m de entre-eixos, o MINI deixou de ser “mini” há umas duas gerações. Os 1.220 kg de peso corroboram isso. De pequeno urbano divertido, o Cooper 1.5 tenta disfarçar a maturidade obtida (e uns quilinhos a mais) sob a batuta da BMW com um visual marcante e soluções inusitadas para tarefas corriqueiras.

O teto reto com grandes faróis redondos e pintura em dois tons ainda estão lá e, visto isoladamente, o MINI ainda parece o pequeno hatch de sempre. Mérito do design do carro que disfarça bem as proporções. Por dentro, botões de estilo aeronáutico comando luzes internas, controle de tração e até mesmo a partida. Há três modos de condução disponíveis: Green (mais econômico), Normal (intermediário) e Sport (que privilegia o desempenho).

Entre os itens de série, o carro traz direção com assistência elétrica, ar-condicionado automático de duas zonas, start/stop, assistente de partida em rampas, rádio com conectividade via USB e Bluetooth (sem streaming de áudio, porém), mas os bancos são de tecido e possuem regulagens manuais.

Um dos botões que ficam acima do espelho interno troca a cor da iluminação interna, enquanto há dois para-sóis disponíveis para o motorista: um convencional e outro fixado na lateral. O console de instrumentos se movimenta junto com a regulagem de direção e achar uma posição confortável é rápido. Como se vê, todos os aspectos em que a MINI pôde fazer de maneira diferente, ela o fez. Fica claro que o carro é para se dirigir e se divertir.

Falando em diversão e pensamento diferenciado para a direção, o Cooper hatch de quatro portas conta com bloco de três cilindros com 1,5 litro de capacidade cúbica e sobrealimentação por turbo. O conjunto desenvolve 136 cv de potência e 23,5 kgfm de torque. Com um câmbio automático de seis velocidades, a MINI informa a aceleração de 0 a 100 km/h para o Cooper em 8,2 segundos, com máxima de 207 km/h. Os dados da montadora dão conta de que o consumo urbano oficial é de 10,6 km/h e o rodoviário de 12,2 km/l.

No mundo real, foi difícil fazer com que o Cooper passasse da marca dos 7,5 km/l. Não porque é gastão, mas porque o ronco encorpado e descompassado do tricilíndrico instiga o motorista a andar mais forte. Com suspensão independente nas quatro rodas e uma direção de respostas rápidas, o carro tem conjunto para acompanhar a velocidade sem assustar, pelo contrário, fazer curvas com mais ímpeto não só é fácil, como “incentivado” pela leveza do carro nas mãos do motorista. O único revés é que o carro fica firme e leva todas as imperfeições do solo para dentro da cabine. Culpa do asfalto, não da suspensão.

E o espaço traseiro? Por incrível que pareça, comporta dois adultos sem problemas, com sobras para pernas e cabeça. Porém, está mais para banco traseiro de hatch compacto convencional. Três viajam apertados. No entanto, para comportar duas portas de cada lado, todas ficaram menores e, no caso das traseiras, são tão curtas que o acesso fica complicado. Uma vez lá dentro há mais espaço do que a carroceria sugere.

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Enquanto um VW Golf 1.4 básico custa R$ 75.080, seu “primo rico” Audi A3, que compartilha a mesma plataforma MQB da Volkswagen e o mesmo conjunto motriz, não sai por menos de R$ 97.190. Na versão Ambition 1.8 do A3 pagam-se R$ 142.190. Enquanto a briga em família se resolve com um acabamento extra aqui, uma solução engenhosa acolá e um precinho mais camarada no meio do caminho, na vida real, o que o hatch da Audi pode oferecer?

O A3 é um carro minimalista (menos no preço, claro). Uma olhada rápida sobre a lataria não vai contar a história completa. O modelo tem 4,3 m de comprimento, 1,4 m de altura, 1,8 m de largura e 2,6 m de entre-eixos. Apesar das medidas, o Audi salta à vista como um carro baixo e largo, deixando sua silhueta mais discreta e elegante, mas não é dada a exageros. Por dentro, a história se repete: de tão minimalista que é o design, até mesmo a tela multimídia se esconde ao apertar de um botão para mostrar as linhas retas e sóbrias do painel.

Na filosofia da casa das quatro argolas, a engenharia fala mais alto e o A3 não faz nada para se gabar, apenas para ser mais eficiente e inteligente. Quer um exemplo? Pegue o subwoofer montado no estepe para usar a peça como caixa de ressonância, ou ainda o sistema de alimentação do motor, que utiliza injeções direta e indireta e sobrealimentação por turbo e compressor mecânico. A injeção direta e o compressor são mais eficientes em baixos regimes, enquanto a turbina e a injeção convencional melhoram o desempenho em rotações mais elevadas. Mas há um espaço entre 3.000 rpm e 4.000 rpm em que tudo isso roda junto e o motorista nem percebe.

Quanto você acha que um hatch 1.8 turbinado pesando 1.355 kg deveria consumir de gasolina? 7 km/l, 8 km/l? A Audi informa que em ciclo urbano o consumo é de 9,6 km/l e de 14 km/l na estrada. Na vida real, o consumo ficou em 10 km/l sendo que na maior parte do tempo, o A3 enfrentou trânsito intenso e esteve com o ar-condicionado ligado o tempo todo. Em trecho rodoviário, mantendo 100 km/h, o computador de bordo apontava mais que 20 km/l de consumo instantâneo. Mérito desta marca fica por conta do sistema que liga e desliga o carro nas paradas. 

Os principais itens de série do Audi são praticamente os mesmos, apenas com a adição da tela central multimídia com conectividade via Bluetooth - com streaming de áudio, mas sem entrada USB. - e GPS. Até mesmo os bancos também são de tecido, mas o Audi tem regulagens elétricas para o motorista, ao menos. O eficiente motor é capaz de entregar nominalmente 180 cv de potência e 25,5 kgfm de torque. O câmbio é exclusivamente um de dupla embreagem com sete marchas.

Tanto nos bancos da frente como nos de trás, o espaço é farto e encontrar uma boa posição para dirigir é rápido, pois o volante também conta com ajustes de altura e profundidade. No banco traseiro, três adultos se acomodam bem, apenas com uma leve intrusão do túnel central, mas a abertura das portas é de quase 90 graus em relação ao carro e facilita o acesso.

Guiando, a suspensão independente nas quatro rodas filtra bem as imperfeições do solo e é confortável ao ponto de isolar o motorista do que está acontecendo do lado de fora. Mole? Longe disso: o carro responde bem às mudanças de direção e curvas feitas com um pouco mais de ímpeto passam despercebidas. A sobriedade também não ficou de fora da dinâmica do carro.

Escolha de Thiago Moreno entre MINI Cooper 1.5 Hatch e Audi A3 Sportback

“Vocês vão mesmo comparar dois carros com mais de R$ 30 mil de diferença?”. Sim, vamos. Além de similares nas medidas, agora com quatro portas o MINI adentra o concorrido espaço dos hatches premium, onde o Audi é uma opção popular. A dúvida não é se ambos devem ser comparados, mas se a diferença de preço compensa a compra do A3. O Cooper anabolizado com quatro portas provou que consegue ser mais sério sem perder a diversão que sempre caracterizou o carro, enquanto o A3 mostra que a sobriedade germânica pode oferecer ainda mais.

Enquanto o Davi pós-crossfit leva em prazer ao volante por sua dinâmica mais conectada ao motorista, peca em usabilidade com acesso mais difícil ao banco traseiro e o porta-malas menor, de 278 litros. Já o Golias é mesmo: moderno, eficiente, engenhoso e com espaço de sobra no porta-malas de 380 litros. Apesar de ser tão rápido quanto o rival nas acelerações, se não mais, a sobriedade germânica se torna frieza e o A3 é ligeiro sem empolgar.

Nesse comparativo, parece mais que pegamos dois carros que servem ao mesmo proprietário, apenas em momentos diferentes da vida. Se a emoção fala alto e você vai levar caronas ocasionalmente, o MINI é o seu número. Se você já passou dessa fase e quer um carro que continue sendo rápido, leve tudo o que você precise com mais conforto e menos incômodos, o Audi é a sua - e a minha - pedida.

 

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