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Ford Fusion Hybrid: um sedã grande que faz 17 km/l

Cara, opção híbrida do sedã opera pequenos milagres de consumo, mas isso consegue se justificar?

08/02/2018 - Texto e fotos: Thiago Morneo / Fonte: iCarros

Você leu corretamente. Durante a semana em que o iCarros avaliou o Ford Fusion Titanium Hybrid, o sedã de grande porte cravou média de 17 km/l usando gasolina e enfrentando o congestionado trânsito da capital paulista. Agora, como um sedã grande e luxuoso com mais de 1.600 kg consegue ter o consumo melhor que o de muitos carros 1.0? O segredo está na eletrificação. Veja como anda esse Fusion “milagreiro” de R$ 160.900.

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Equipamentos de série

Apesar de ser o híbrido da linha, este Fusion baseia sua lista de equipamentos nos modelos Titanium convencionais. Traz de série direção elétrica, oito airbags, controle de cruzeiro adaptativo, sistema de detecção de pedestres, assistente de mudança de faixa, cintos traseiros laterais infláveis, teto solar elétrico, faróis de LED, chave presencial, bancos de couro com regulagem elétrica e memória e central multimídia SYNC 3 com tela sensível ao toque, conectividade via Bluetooth e USB, além do espelhamento de smartphones por meio de aplicativos como Android Auto e Apple CarPlay.

Confira a ficha técnica completa do Ford 

Ele continua oferecendo duas pequenas telas digitais nas laterais do velocímetro para informações do veículo. Mas, no caso do Hybrid, há funções extras para monitoramento do sistema híbrido, incluindo gráficos de uso dos motores a gasolina e do elétrico e um esquema de folhas que aparecem em maior quantidade conforme se conduz de maneira mais eficiente.

Ficha técnica

As medidas do Fusion Hybrid não mudam na comparação com as outras versões do sedã. Assim, ele mede 4,87 m de comprimento, 1,91 m de largura, 1,48 m de altura e tem 2,85 m de entre-eixos. Porém, apesar do acréscimo do motor elétrico, o carro pesa 1.670 kg, sendo mais leve que o Fusion Titanium AWD, que tem 1.718 kg. O porta-malas, onde fica o conjunto de baterias, é comprometido por isso, abrigando cerca de 390 litros contra os 514 litros das demais configurações.

Enquanto os demais Fusion usam motores 2.5 flex ou 2.0 turbo de ciclo Otto, o híbrido usa um 2.0 aspirado de ciclo Atkinson, mais eficiente. Sozinho, seu motor a combustão gera 143 cv de potência e 17,8 kgfm de torque rodando somente com gasolina. A Ford não divulga a potência isolada do propulsor elétrico, mas, juntos, são capazes de entregar 190 cv no total.

Compare o Ford Fusion com seus rivais

Mais que combinar um motor a combustão com um elétrico, o Fusion híbrido tem algumas alterações importantes para procurar o máximo de eficiência. O compressor do ar-condicionado, por exemplo, é elétrico, não dependendo do motor a gasolina estar ligado para refrigerar a cabine. Como o Hybrid não é do tipo que pode ser carregado nas tomadas, os freios utilizam um sistema de recuperação de energia cinética para ajudar a recarregar as baterias.

O câmbio é do tipo CVT, com relações continuamente variáveis, que é mais eficiente que o automático de seis velocidades dos demais Fusion. Porém, para ser mais eficiente, também faz a vez de motor de partida. Assim, são poucos os periféricos que podem roubar energia do motor.

Carro híbrido: o que é e como funciona?

Chama-se de veículo híbrido qualquer modelo que combine dois ou mais tipos de propulsão. Nos carros, a combinação mais comum é a de um motor a gasolina trabalhando em conjunto com um elétrico.

Nesse tipo de carro, o motor elétrico pode auxiliar o de combustão ou atuar sozinho para movimentar o veículo. Para recarregar suas baterias, o sistema elétrico pode usar a força gerada pelo motor a combustão ou a energia perdida em frenagens e desacelerações. Para isso, nessas situações, inverte-se a polaridade do motor elétrico, que passa a atuar como um gerador para as baterias.

Quais são os tipo de carros híbridos?

Híbrido Paralelo – Modelos que podem usar tanto o motor a combustão quanto o elétrico para movimentar o carro
Híbrido em Série – Modelos em que o motor a combustão serve apenas como gerador para carregar as baterias do elétrico, que é o único encarregado de movimentar o veículo
“Mild Hybrid” – É o termo usado em eletrificações mais simples. O motor a combustão continua sendo encarregado de movimentar o veículo, mas recebe ajuda de motores elétricos de menor capacidade
Híbrido Plug-in – Pode ser tanto um híbrido paralelo quanto em série, mas tem com o diferencial de poder recarregar as baterias do motor elétrico por meio de tomada, exigindo menos uso do motor a combustão.

Com dois motores é fácil

No Fusion Hybrid, praticamente nada está pendurado no motor a combustão para roubar potência. O motor de arranque é o câmbio e o compressor do ar-condicionado é elétrico, assim como a direção. Com isso, é muito difícil notar o sistema start/stop funcionando e o motor a gasolina pode ficar mais tempo desligado parado no farol.

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A grande questão é como essa grande farofa de tecnologias se traduz na condução. Tendo andado também no Fusion 2.0 Turbo Titanium AWD, posso dizer que você tem que ser muito bom para notar a diferença da versão mais completa para o híbrido. O conforto é o mesmo, assim como o ótimo acabamento e o espaço interno “sobrando” para todos. Tirando o ressalto no porta-malas para acomodar as baterias, quem vê o Fusion Hybrid mal nota diferenças.

Andando, porém, elas aparecem. Primeiro pelo extremo silêncio de operação quando apenas o motor elétrico está empurrando o carro. Depois, quando o motor a combustão entra em ação, algum ruído aparece. Mas só. Como Hybrid é até mais leve que o Fusion Titanium AWD (de 1.718 kg), a dinâmica basicamente não muda.

O que muda é o jeito com o qual você dirige, pois a condução vira praticamente uma brincadeira de “quanto tempo consigo rodar só no elétrico?”. Sabendo dosar o pé, bastante. E nem precisa ser extremamente cauteloso na aceleração. Mesmo em arrancadas, o motor a gasolina só entra após usar muita pressão no acelerador ou o se o sistema perceber que as baterias estão com pouca carga.

Como boa parte dos carros híbridos, essa versão do Fusion recarrega as baterias quando você não está acelerando. Então qualquer descida ou trecho embalado vira um momento de regenerar energia, o que dá mais carga e permite usar o motor elétrico mais tempo.

É apenas em um terceiro momento que toda essa empolgação de rodar “sem poluir” acaba e passa-se a conduzir sem essa preocupação de priorizar a elétrica. Só que aí a sua mente já mudou. O estranho e engraçado não é mais rodar com motor elétrico, mas sim ouvir o motor a combustão em funcionamento. Tanto é que tive que dar umas voltas em meu velho Gurgel BR800 para notar que não era o motor a combustão do Fusion que era barulhento, eu que tinha me desacostumando com um “ronco” de motor.

Mas e aí, depois que você volta a conduzir o Fusion Hybrid como um veículo normal, o que acontece? Pouco. Principalmente usando apenas o motor elétrico, o carro não faz barulho e te leva para onde quiser ir. O motor a combustão acrescenta pouco ruído, mas ele é o único que diferencia o uso de um ou outro motor, ou ambos.

Sim, porque os dois podem trabalhar juntos. Então se você acha que essa salada de tecnologias prejudica o desempenho, experimente o Fusion Hybrid com 100% de acelerador (não importa se partindo do zero ou já em movimento) e perceba que ele vai cantar pneu sem muito compromisso. Mesmo andando com cinco pessoas no carro, não percebi falta de fôlego.

Quando apenas o motor elétrico não dava conta, o 2.0 turbo entrava. E o inverso acontecia principalmente em retomadas, pois o elétrico somava torque instantâneo ao carro e mantinha uma boa aceleração até o turbo do motor a gasolina operar idealmente.

E o resultado desse monte de testes? Foram 17 km/l de consumo médio urbano após o fim da avaliação. Mais que o declarado pelo Inmetro, que diz que o modelo deveria ter consumo de 16,8 km/l na cidade. Na verdade cheguei a ver até 23,5 km/l de consumo médio no computador de bordo usando vias expressas e sem trânsito. Mas vocês acreditariam? Provavelmente não, por isso optei por ficar com a média de dias que peguei congestionamentos mais travados.

Conclusão

A grande questão é: por que pagar mais de R$ 160 mil no Fusion Hybrid? Quem tem esse dinheiro não está tão preocupado com um bom consumo. De fato, gastar dinheiro abastecendo não é o principal problema. Mas que tal ter todo o conforto de um sedã de luxo e, na capital paulista, não precisar se preocupar com o rodízio municipal? Ou ainda: ter desconto de IPVA se você for de São Paulo. Ok, mas se você não está em São Paulo (SP), que tal rodar 300 km no trânsito e usar menos da metade do tanque? O Fusion Hybrid não é só consumo e “consciência ecológica”, ele também traz a comodidade de ter que parar para abastecer menos vezes.

 

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