Fiat Palio Fire: preço não é tudo

•  

Palio Fire: vale pagar pelo carro mais barato do País?

1/15

Modelo de entrada custa R$ 24.490

2/15

Porém, equipado como o das fotos, preço passa dos R$ 30 mil

3/15

Visual do Palio Fire é praticamente o mesmo desde 2003

4/15

Projeto da primeira geração remete a 1996

5/15

6/15

Plásticos e arremates não são os pontos altos da cabine

7/15

Posição de dirigir é elevada

8/15

Instrumentos foram herdados do Uno e há até um útil "econometro"

9/15

Ângulo de abertura das portas é grande

10/15

Espaço interno é bom para até quatro passageiros

11/15

Porta-malas de 290 litros está dentro da média para a categoria

12/15

Rodas de liga leve são opcionais

13/15

Motor 1.0 Fire é antigo, mas manutenção é simples

14/15

Selo do InMetro certifica que o Palio Fire é um dos mais econômicos de sua categoria

15/15

Desde o início de 2014, quando ABS e airbags passaram a ser itens obrigatórios, o então carro mais barato do Brasil, o Fiat Mille, perdeu seu reinado por ter saído de linha. Em seu lugar assumiu um ligeiramente renovado Palio Fire. Oferecido a R$ 24.490, desbancou até o Chery QQ como veículo de passeio mais acessível do País. Porém, os números não contam toda a história.

Barato, só que não

Primeiramente, o valor cobrado pela Fiat vale para a carroceria de duas portas sem nenhum opcional. Ou seja, sem ar-condicionado, travas elétricas ou direção hidráulica. Quer todos esses itens e as portas traseiras? Aí o preço já passa dos R$ 30 mil. O carro das fotos, completo inclusive com rodas de liga leve e rádio com entrada USB custa R$ 31.793. Um Uno Vivace com a mesma configuração custa R$ 33.477.

Além de “pelado”, o Palio Fire tem outros fatores jogando contra. O principal é a idade de seu projeto. O visual é do Palio de terceira geração (de 2003), enquanto sua carroceria ainda é a da primeira, de 1996. Além disso, a cabine é espartana, com plásticos rígidos e alinhamento incorreto em algumas partes. É o preço a se pagar pelo valor baixo.

Ainda há outros itens que devem ser considerados antes de se ir diretamente atrás do carro mais barato do Brasil. Um deles é o índice de reparabilidade do CESVI (Centro de Experimentação e Segurança Viária). O instituto simula uma colisão em baixas velocidades e calcula o valor do reparo pelo preço e quantidade de peças danificadas e a mão de obra necessária. Segundo o índice, o modelo mais em conta na categoria hatch compacto é o Volkswagen up!, com um total de 11 pontos (quanto menor, melhor). O Palio Fire tem 46 pontos, ficando acima até de seu sucessor, o Palio Attractive 1.0, que obteve 44 pontos.

Quanto ao seguro, é preciso lembrar que Palio Fire usa uma plataforma de 18 anos de idade e que o modelo foi vendido em grandes quantidades. Isso resulta num maior potencial para furtos e roubos para a reutilização ilegal de peças. A apólice, calculada para um homem, de 27 anos, solteiro, residente na zona Norte de São Paulo (SP) e que usa o carro como transporte para o trabalho, custa R$ 2.859,75 na Porto Seguro. Com o mesmo perfil, o comprador pagaria R$ 1.295,64 no seguro de um Volkswagen up!

Sem conclusões precipitadas

O motor que empurra o Palio é o 1.0 Fire flex de 75 cv com etanol e 73 cv com gasolina, potência abaixo da média em relação à maioria dos atuais propulsores com a mesma capacidade cúbica. O modelo tem 1,4 m de altura, 1,6 m de largura e 3,8 m de comprimento, com 2,4 m de entreeixos. O porta-malas de 290 litros está de acordo com os padrões da categoria.

Porém, não é possível avaliar um carro apenas na ponta do lápis. Lembrando-se sempre que se trata de um modelo de entrada, o Palio Fire faz muito e cobra pouco. A cabine é arejada e leva bem até quatro adultos, enquanto as portas têm grande ângulo de abertura, facilitando a entrada e saída dos passageiros. Apesar do painel alto, herdado da primeira geração e que agregou os instrumentos do Uno, o Palio possui uma posição elevada para guiar, enquanto as medidas externas acanhadas facilitam as manobras.

Outro ponto positivo é o acerto de suspensão. A Fiat leva em consideração que um carro de entrada não precisa ser performático, tão logo os amortecedores são mais macios e o Palio passa pela buraqueira de nossas vias sem drama. Claro que, levada a situações de limite de aderência, a carroceria vai adernar nas mudanças de direção, mas não passa insegurança para o motorista, apenas não se trata de um esportivo. O mesmo vale para as trocas de marcha, pois os engates são imprecisos, mas, se feitos com calma, são suaves.

Segundo a medição do InMetro, o Palio Fire Economy consome 8,8 km/l de etanol e 12,3 km/l de gasolina em uso urbano, o que lhe conferiu a classificação “A”, colocando-o entre os mais econômicos de sua categoria. O “econometro” no painel ajuda, pois indica se o motorista está dirigindo eficientemente ou não. Com o tempo, vira um joguete de sempre tentar manter o medidor na área verde, que indica menor consumo.

Quanto vale o show?

Claro que o Palio Fire tem seus defeitos, mas o que esperar do carro mais barato do País? Considerando seu preço, o modelo faz muito com pouco: é prático, econômico, confortável e fácil de dirigir.  A dica é, se possível, ficar com o mínimo de opcionais. Um modelo de duas portas equipado apenas com ar-condicionado custa R$ 26.944 e é a maneira mais barata de se rodar com o mínimo de conforto caso não se queira ir atrás de um modelo usado.

Como o projeto é antigo, já foi revisado diversas vezes, minimizando o risco de defeitos inesperados. E já que ainda usa muitas peças do modelo original, o mercado de reposição é farto. Além disso, a Fiat possui uma rede de concessionários grande e bem distribuída no território nacional, o que deve garantir ao comprador anos de uso sem grandes problemas de manutenção.