19/10/2017 - Anamaria Rinaldi / Fotos: Thiago Moreno / Fonte: iCarros
Não foi preciso mais do que dois dias testando o Fiat Argo para que um curioso viesse perguntar o que estava achando do carro. Bonito por fora, bem ajeitado por dentro e com muitas opções de câmbio e motor, não é difícil mesmo achar alguém interessado em pelo menos uma das combinações do Argo. Confira a seguir o que a configuração Drive 1.3 GSR, de R$ 58.900, tem a oferecer por esse preço.
Leia mais:
Em números: Honda Fit LX ou Fiat Argo HGT?
Avaliação: o que achamos do Argo HGT
Renault Duster está entre os carros mais caros de consertar
Acabamento e espaço interno
Vou começar pelo interior, que é um dos pontos altos do Argo. Com diferentes texturas, cores e materiais, a cabine do Argo dá um show se você já entrou no novo VW Polo. O que mais chamou a atenção de quem teve o primeiro contato com o carro foi o acabamento fosco no centro do painel.
O quadro de instrumentos tem um desenho moderno e oferece fácil visualização, enquanto o volante poderia ser um pouco menor. De qualquer forma, ele possui comandos de áudio, do controlador de velocidade e do computador de bordo. Se você já reparou nos comandos, aliás, notou que no lugar da alavanca de câmbio há botões com as posições. Esteticamente fica até bonito, mas não é muito prático na hora de manobrar. Além de os botões reduzirem um pouco a velocidade com que o condutor consegue trocar entre D e R e vice-versa ao estacionar, às vezes, se você apertar rápido demais a nova posição não é acionada.
Veja ofertas de Argo na sua cidade
Chama a atenção também a tela da central multimídia em uma posição elevada, acima das saídas de ar. Isso torna sua visualização pelo motorista mais fácil durante a condução, não exigindo que ele abaixe a cabeça para ver as informações na tela. Ponto também para o tipo de acabamento na tela, que não reflete a claridade do sol, e para sua boa sensibilidade ao toque. Já a resolução da câmera de ré deveria ser melhor. À noite ou em um ambiente mais escuro é bem difícil distinguir qualquer coisa pelas imagens.
Quanto à posição de dirigir, ela é confortável. Na versão Drive GSR há apoio de braço para o motorista de série, mas ficou faltando ajuste de profundidade no volante. A espuma também poderia ter recebido um pouco mais de atenção da Fiat, mas não que chegue a ser desconfortável passar horas ao volante do Argo.
No banco traseiro, o espaço é bom. São 2,52 m de entre-eixos, mas não superam os 2,56 m do novato Polo - para servir de comparação, já que ambos são rivais diretos. O porta-malas de 300 litros é bom e está ne média desse segmento. Mas uma falha que me incomodou em um carro de R$ 58 mil é o banco traseiro não ser bipartido.
Confira a ficha técnica completa
Equipamentos de série
Depois da supresa positiva no interior, vamos aos itens de série. A versão Drive GSR vem com ar-condicionado, apoia braço para o motorista, banco do motorista com regulagem de altura, banco traseiro rebatível (mas não é bipartido), chave canivete, computador de bordo, direção elétrica progressiva, controle de estabilidade e de tração, isofix, assistente de partida em rampa, controlador de velocidade, trio elétrico, retrovisor com função Tilt Down, rodas de aço aro 14", pneus com baixa resistência à rolagem, monitoramento de pressão dos pneus, Start/Stop, volante multifuncional com regulagem de altura e central multimídia com tela de 7'' sensível ao toque, conexão com Android Auto e Apple CarPlay, Bluetooth, entrada USB e reconhecimento de voz.
São opcionais: Kit Parking (R$ 1.400) com sensor de estacionamento traseiro e câmera de ré com linhas dinâmicas e Kit Stile (R$ 1.900) com faróis de neblina e rodas de liga leve aro 15". Ou seja, o carros das fotos com todos os opcionais sai por R$ 62.200.
Motor, câmbio e desempenho
O Argo Drive testado possui motor 1.3 8V de quatro cilindros, o mesmo que equipa o Uno, capaz de render 109 cv de potência com etanol e 101 com gasolina ou torque de 14,2 kgfm e 13,7 kfgm, respectivamente. Há opção de câmbio manual, mas o modelo avaliado conta com o automatizado GSR de cinco marchas. Não há trocas manuais na alavanca, que foi substituída por botões, mas há borboletas atrás do volante.
Na prática, o motor é bastante esperto, mas esbarra na transmissão. O Argo Drive 1.3 é bem interessante com o câmbio manual e um tanto chato com o GSR. Explico: é preciso aliviar o pedal do acelerador ao fazer as trocas (mais ou menos em 2.500 rpm) para evitar os trancos, ainda mais presentes da primeira para a segunda marcha. Isso é prática comum em qualquer câmbio automatizado. Mas além disso, no Argo, há Start/Stop. Ao ligar, é preciso esperar uns segundos antes de acelerar, se não... tranco.
Em uma ladeira íngreme ou andando bem lentamente no trânsito, o GSR se complica em alguns momentos. No primeiro caso, ele tende a manter uma marcha menor para elevar os giros e encarar a subida, mas tenha a certeza de que isso será acompanhado de um tranco na redução. E de um ruído alto do motor até acabar a ladeira.
No segundo caso, se você não conseguir atingir os 2.500 rpm para chegar à segunda marcha, ele irá manter a primeira engatada e você vai sendo jogado para a frente e para trás no banco enquanto isso. Aí você pensou que pode colocar a segunda marcha nas borboletas, certo? Não, "manobra não consentida".
Quando então você se acostuma com o GSR e aprende a dirigir em função dele, tudo fica melhor. E em uma via expressa como as Marginais em São Paulo, ele deslancha sem problemas. Pise, alivie nas trocas e pé embaixo de novo. Além disso, há a função "Creeping", que coloca o carro ligeiramente em movimento ao soltar o pedal do freio. Basta tirar o pé e o carro se movimenta - devagar - tanto para a frente quanto para trás se a ré estiver engatada.
E o Argo GSR possui ainda assistente de partida em rampa, eliminando o problema comum em câmbios automatizados que descem um pouco ao sair em ladeiras. Mais praticidade e segurança. A direção elétrica não é tão direta, mas não chega a incomodar.
Além do acabamento interno, o outro ponto alto do Argo provavelmente é a suspensão. Ela tem um ajuste perfeito entre maciez e rigidez para oferecer boa estabilidade nas curvas ao mesmo tempo em que filtra bem as imperfeições do piso. O curso só poderia ser um pouco maior, já que ondulações mais aparentes ou lombadas mais baixas - em que você não reduzirá tanto a velocidade - podem causar aquele característico barulho da suspensão batendo. Vale lembrar que, na versão mais esportiva HGT, o acerto da suspensão é mais firme.
Quanto ao consumo, os dados do Inmetro apontam 8,9 km/l na cidade com etanol 10 km/l na estrada com o mesmo combustível e, com gasolina, 12,7 km/l na cidade e 14,4 km/l na estrada. Na prática, rodando em congestionamentos o computador de bordo ficou na média de 6,3 km/l com etanol. Com o trânsito fluindo na cidade, chegou a 7,5 km/l durante a avaliação do iCarros.
Vai financiar? Saiba quanto saem as parcelas
Pós-vendas e manutenção
O Argo possui três anos de garantia de fábrica e revisões com preço fixo que somam R$ 3.060 até os 60 mil km. As três primeiras cobram R$ 260 (10 mil km), R$ 476 (20 mil km) e R$ 424 (30 mil km). A revisão programada mais cara nesse período é a da 40 mil km, tabelada em R$ 820.
Conclusão
A versão GSR não foi a primeira do Argo que dirigi. E a relação com o hatch da Fiat é sempre muito boa, mas com o GSR confesso que foi um pouquinho menos prazerosa do que as demais. O interior é o ponto alto, enquanto o câmbio é o ponto baixo. Mas no dia a dia é um carro prático e que não vai te deixar na mão nas viagens com a turma no final de semana. E se ele não começou tão bem sua trajetória no mercado brasileiro, aos poucos, está conquistando seu espaço.
Acompanhe as novidades do mundo automotivo pelo iCarros no:
Facebook (facebook.com/iCarros)
Instagram (instagram.com/icarros_oficial)
YouTube (youtube.com/icarros)
Veja o resultado na hora e compare os preços e benefícios sem sair de casa.
cotar seguro